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Surpresa no Mistério da Feiurinha

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Por Luiz Carlos Merten

Já virou um código entre Xuxa Meneghel e Tizuka Yamasaki, nos filmes que fizeram juntas. Quando Xuxa reclama de alguma coisa, ou manifesta preocupação com o resultado de uma cena, a diretora em geral responde que dará um jeito na montagem. Desta vez, não houve nada disso. “‘Xuxa e O Mistério da Feiurinha’ foi muito cuidado. Tizuka deu conta de tudo. Roteiro, fotografia, direção de arte, figurinos, ela sempre é muito cuidadosa, mas dessa vez se superou. Nós nos superamos e não foi preciso salvar nada na montagem.” A dublê de atriz e apresentadora está feliz da vida, não apenas com o filme que estreia amanhã em 216 salas ou com seu especial de fim de ano na Globo – que vai ao ar hoje à meia-noite.

O ano foi bom para Xuxa. Ela trabalhou bastante, recebeu um prêmio especial em Gramado e, como mãe, tranquiliza-se dos momentos de angústia, que viveu por conta da aflição com a estreia da filha Sasha no cinema. É ela quem faz a Feiurinha. Faz ‘muito bem’, garante a mãe orgulhosa, mas Xuxa também anuncia que não pretende passar por isso novamente. “Sasha não vai mais entrar em nenhum filme meu. Se ela resolver mais tarde continuar no cinema, vai ser uma decisão dela, a sua carreira.” Tanta coisa acontecendo, mas existem mais motivos de alegria para Xuxa, que conversa pelo telefone da casa de sua mãe, em Orlando, nos EUA, onde passa o Natal. Ela lançou um CD e DVD, que “está estourando”. Melhor que tudo – pela primeira vez, sua fundação inicia o ano com orçamento garantido. Xuxa tem despendido a verba do próprio bolso, mas para 2010 esta será uma preocupação a menos.

Ela fez um show no Rio que arrecadou R$ 1,2 milhão. A este total parcial, somaram-se R$ 250 mil de contribuições. Falta só um pouquinho para completar o orçamento de R$ 1,5 milhão.

O repórter não se furta a elogiar a beleza de Xuxa. “O Mistério da Feiurinha” talvez seja o filme em que ela está mais bonita. “Ah, não acho. Minhas bochechas estão caídas”, ela observa, crítica. A beleza vem do conjunto. Xuxa está exuberante. Deixou o jeito tatibitate de garotinha e assume que é uma mulher madura. A personagem ajuda. A própria Xuxa sabe disso, porque quando se pergunta qual é o segredo, sua resposta é: “Acho que é o próprio papel. Nunca havia feito um filme como este, baseado numa história tão sólida (de Pedro Bandeira). Em geral, entrava num filme sem saber muito bem aonde a personagem poderia me levar ou onde eu poderia levá-la. No caso de Feiurinha, eu conhecia muito a história, sabia os diálogos de todos os personagens. Por exemplo, na estreia no Rio, eu disse a Tizuka que estava faltando uma fala, relativa ao talismã que Feiurinha recebe do pai. Ela nem tinha percebido. Disse que tinha de estar lá, porque já era a cópia definitiva dos cinemas, mas não estava.” Foram três anos sonhando com o projeto e dois de preparação, depois de “Xuxa em Sonho de Menina”, que atraiu um público inferior ao habitual (300 mil espectadores). “Pedro (Bandeira) criou uma história fantástica que assimila elementos de contos de fadas tradicionais, mas num formato nosso. É o mais bacana. Não estamos adaptando Hans Christian Anderson nem outro autor estrangeiro.” Na trama de “O Mistério da Feiurinha”, todas as heroínas de contos de fadas casaram-se e estão vivendo felizes para sempre. Mas essa felicidade é ameaçada quando a Feiurinha some. E, se ela some, é todo o universo mágico dos contos de fadas que pode desaparecer. As princesas caem no mundo real em busca de Feiurinha. Seus maridos – esses príncipes fora de forma, barrigudos – permanecem no mundo encantado, porque adoram uma pelada (opa, o futebol).

O filme faz algumas mudanças em relação ao original. A maior delas refere-se justamente à personagem de Xuxa. No livro, ela é Branca de Neve, mas no cinema virou Cinderela. “Eu não ia conseguir fazer a Branca, não tinha tipo físico.”

O que Sasha trouxe para sua personagem. “Ela não conhecia o universo do cinema e isso favoreceu sua entrega ao papel. Sasha tem uma fragilidade, por estar nesse meio estranho, não sei bem se é a palavra, mas ela tem uma pureza que é a essência de Feiurinha.” A própria Sasha reclamava de certas características da jovem heroína. “Ela estava sempre com o dedo da boca, era insegura, afinal, é uma personagem criada por estranhos, e por bruxas, ainda por cima. Sasha tem sua personalidade e achou que Feiurinha não deveria deixar que abusassem tanto dela. Foi um ganho.”

Às vezes, Xuxa ficava insegura quanto à atuação da filha. Tizuka Yamasaki, que também é mãe, compreendia sua insegurança e a acalmava. “Relaxa, ela tem só 11 anos, está fazendo direito.” E, no final, Tizuka estava certa. O próprio Pedro Bandeira, que já viu o filme duas vezes – numa pré-estreia para distribuidores e convidados, a bordo de um cruzeiro marítimo, e depois em outra, no Rio -, gostou. “E dá para saber que ele não estava só querendo ser elegante”.

Uma parte da imprensa tentou armar para o escritor, levando-o a falar mal da escolha de Sasha, como se fosse armação de marketing de Xuxa, mas ele já disse 1001 vezes que a sua Feiurinha era muito próxima do que a garota é. Bandeira também adorou outra inovação. A sogra das princesas, a rainha-mãe da família Encantado, é uma rara referência no livro. No filme, virou Hebe Camargo, com direito a figurino especial e fala. “Por que não pensei isso antes?”, ele próprio foi perguntar a Xuxa. Até o merchandising foi bem integrado à trama. O navio do cruzeiro é o que aparece no começo, mas havia o problema do Bob’s. “Disse para a Tizuka qual era minha ideia, mas vi que ela não estava prestando atenção. Quando filma, Tizuka se concentra tanto no que faz que vai parar noutra galáxia. Achei que ela não havia gostado. Mas falei para um assistente, que me disse que levasse a proposta a Tizuka. Quando lhe falei de novo, ela reclamou: “Caraca, por que não me disse antes? “ No filme, Cinderela vai deixando batatas fritas do Bob’s, que formam uma trilha como a da clássica história de João e Maria. “Merchandising é sempre complicado, mas uma produção dessas é cara. Pode-se satisfazer o patrocinador sem agredir o público”, Xuxa avalia.

O filme termina com uma fala de Cinderela que tem a cara de Xuxa. Ela defende a importância da magia na vida das pessoas e deixa a pergunta no ar – vocês (dirigindo-se ao público) acreditam em magia? Nas sessões realizadas até agora, a plateia grita, aplaude e sapateia: “Sim, nós acreditamos!” É o melhor e mais cuidado filme de Xuxa em anos e a grande diferença é que tem essa boa história. Uma experiência inédita para a estrela. “Meus filmes sempre dialogaram com os baixinhos, mas havia o preconceito dos adultos. Agora, muita gente me diz que quer ver o filme porque o livro do Pedro foi importante na vida dessas pessoas. Mães, pais, professoras, todo mundo querendo ver a Feiurinha na tela.”

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