É uma das manchetes de ontem do jornal O Estado de S. Paulo: “Jucá diz que foro deve ser ‘suruba para todo mundo’”. Li e reli, confesso, espantado. Era a primeira vez nos meus 80 anos que eu lia a palavra suruba em capa de jornal. Mais espantando ainda quando percebi que o Jucá citado é o senador Romero Jucá, líder do Governo no Senado. O ilustre político de Roraima falou assim, ao vivo, vibrante e didático, para o Estadão: “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo. Suruba é suruba, não uma suruba selecionada”.
Para se entender melhor essa história, transcrevo o trecho inicial da reportagem de O Estadão:
“Líderes da base e da oposição no Congresso ameaçam aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para retirar o foro privilegiado de magistrados e integrantes do Ministério Público caso o Supremo Tribunal Federal (STF) leve adiante a proposta de restringir o foro de políticos somente para crimes cometidos no exercício do mando eletivo”.
Aí entra Jucá:
“Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Não é uma suruba selecionada. Aí é todo mundo”, afirmou o líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), ao ‘Broadcast Político’, sistema de notícias em tempo real do ‘Grupo Estado’”.
A matéria acrescenta:
– A afirmação de Jucá – investigado na Lava Jato – foi uma reação à proposta do STF de restringir o alcance da prerrogativa dos políticos ao mandato em exercício. “Uma regra para todo mundo (a restrição do foro privilegiado) para mim não tem problema”, disse o senador (…) Jucá ressaltou que o Supremo ainda vai decidir se caberia à própria Corte a interpretação do foro ou apenas por meio de uma mudança na Constituição pelo Legislativo. “Não é coisa de curto prazo, para amanhã”, disse Jucá.
Há surubas para todos os paladares, todo mundo sabe. Corri para os dicionários. Eles dividem a palavra em adjetivo e substantivo, como ensina Antônio Houaiss. Suruba, adjetivo, para Houaiss significa “muito bom, excelente, capaz (‘um trabalhador’). Suruba, substantivo, pode ser “namoro escandaloso, porrete grande, cacete (‘deu-lhe com uma suruba na cabeça’), sexo grupal, surubada, bacanal, orgia, suingue”.
Tem outros significados, você vasculhando pela internet: “Circunstância em que há bagunça, confusão”. Ou este: “Relacionamento caracterizado pelo grande número de escândalos”. Seria esta a suruba de Jucá? O Brasil, quem sabe, pode ser uma grande suruba! Vale lembrar que a palavra vem do Tupi (‘Suru’ba”), nossos ancestrais, maioria nordestinos surubaiando por estas praias daqui, ainda hoje batizadas pela criativa crônica social e os ditos turismólogos de “paradisíacas”, adões e evas. Sem suruba. Os Potiguares são da mesma nação Tupi. Nós. Mestre Cascudo ensina:
– Da grande gente Tupi tivemos apenas, na hora da conquista e arrastando vida dolorosa subsequentemente, os Potiguares, vivendo no Litoral, ao longo das orlas marítimas, nas praias sombreadas de cajuais, cujo fruto lhes marcava o ano.
Inverno quase normal
Divulgado o relatório da II Reunião de Analise e Previsao Climática para o Nordeste, realizada segunda feira e ontem na sede da Emparn. Os meteorologistas preveem o inverno próximo da normalidade, quer dizer, ao redor da média histórica. Já mestre Ambrósio, meu consultor de nuvens, acha que teremos um inverno normal, acima da tal média histórica.
O meteorologista Gilmar Bristot, gerente de Meteorologia da Emparn, após a reunião, afirmou “que as chuvas serão mais intensas nas regiões do Alto Oeste e do Vale do Assu, já no Seridó, Agreste e no Litoral as precipitações deverão ser mais escassas”.
Os meteorologistas afirmam ainda que nos próximos três meses, março, abril e maio, a média das chuvas será em torno de 500 milímetros. Como em Campo Grande já choveu 371 milímetros (sem incluir a pluviometragem de ontem), Umarizal 368, Mossoró 350 e Paraná 322, em menos de dois meses, mantendo-se essa pancada, eles poderão chegar aos 900, 1000 milímetros. Bem mais do que a média histórica. Invernão.
As chuvas Segundo o boletim da Emparn, as melhores chuvas de ontem (de segunda-feira para o amanhecer de terça) no Rio Grande do Norte foram no Oeste:
Campo Grande, 75 milímetros, alto do Rodrigues, 32, Paraná, 26, Caraúbas e Luís Gomes, 22, Assu, 19, Paraú, 18, Major Sales e São Rafael, 17, São Miguel, 15, Ipanguaçu e Riacho de Santana, 13, Tenente Ananias, 10, Barauna, 9,8. No Seridó: Jardim de Piranhas, 15, São Vicente, 10. Em Angicos (Sertão do Cabugi), cujo padroeiro é São José, 8,7 milímetros.
No Ceará Choveu, ontem, em 90 municípios do Ceará, pegando todas as regiões do Estado. As maiores chuvas foram na região do Cariri. No município de Milagres, 96 milímetros, em Juazeiro do Norte (terra de Padim Ciço), 73, em Barro, ao lado, 71.
A Funceme anunciará hoje como serão as chuvas de março, abril e maio.
De Lisboa
Final da tarde de ontem recebi um imeio do empresário Antônio Gentil, sertanejo de Campo Grande, onde realiza uma exemplar obra na área cultural, e que passa férias em sua mansarda de Lisboa. Gentil acompanha lá as chuvas que molham Campo Grande, se emocionando diante das fotos que lhe são enviadas a todo instante. Ele escreveu:
– Caro Woden, estou de frente ao estuário do Rio Tejo, aqui no meu pequeno teto lisboeta, mas nada se compara com as imagens do meu chão sertanejo. Com as primeiras chuvas que fazem brotar o novo cheiro vindo da terra que era seca, o pau branco da caatinga ficando verde. As flores brilham, são lindas e perfumadas mesmo nesse bioma tão esquecido.
– Que lindas imagens da bica jorrando, a correnteza do rio, de beira à beira, o pôr de sol sobre as águas, as barragens de Chico Neco e Pepeta sangrando. Que presente a natureza nos dá.
Do vendedor, vitrinista e seu admirador, Antônio Gentil”.