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Suspeito de matar policial se apresenta

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Roberta Trindade, Valdir Julião, Ciro Marques – repórteres

O relógio marcava 18h20 quando Rodolfo Barbosa de Lemos se apresentou juntamente com a mãe à Delegacia Especializada em Homicídios (Dehom), no bairro de Candelária. De acordo com o delegado Odilon Teodósio durante toda a madrugada desta quinta-feira (29), Rodolfo estará sendo ouvido. Com o depoimento do acusado de ter ajudado a matar Luciano, a Polícia espera concluir o inquérito  que apura a autoria do crime que chocou a cidade

Familiares, amigos e colegas de trabalho compareceram ao sepultamento do policial José Luciano de Oliveira, que foi marcado de emoçãoDepois de 21 horas de buscas a polícia conseguiu localizar Paulo Aveolino da Silva e um outro rapaz, identificado como “Rodolfo”, dentro da casa de um casal de idosos, na Terceira Travessa Todos os Santos, em Felipe Camarão. Paulo foi morto pelos policiais e “Rodolfo” conseguiu fugir.

A dupla é acusada de tráfico de drogas na região e de ter matado o policial civil José Luciano de Oliveira, 34, durante uma investigação na região, na tarde de terça-feira (27). Após uma denúncia, por volta das 12h40 de ontem, os policiais seguiram para o local. Quando Paulo percebeu a chegada da Polícia se armou com um revólver calibre 38, da marca Rossi, municiado com três projéteis para atirar nos policiais, mas acabou morto dentro de um dos cômodos da casa, com três tiros que atingiram tórax e braço. “Rodolfo” conseguiu fugir pelo telhado.

Porcina Custódio, 75, estava sozinha em casa, no final da manhã, quando os dois rapazes entraram na residência de número 17, pedindo água. Em seguida, José Luís Filho, 75, marido de dona Porcina chegou em casa e se deparou com a dupla. “Eu não conhecia eles. Disseram que estavam sem coragem de sair e ficaram aqui”.

Já Porcina disse que conhecia os garotos do bairro. “Eles não me ameaçaram. A polícia chegou e o  rapaz se armou para atirar. Foi  morto”.

Fuga

Policiais de diversas delegacias da cidade iniciaram uma caçada incessante na tentativa de localizar o criminoso. Várias viaturas da Polícia Civil e também da Militar percorreram os bairros de Felipe Camarão, bairro Nordeste e Igapó.

Segundo o delegado Natanion de Freitas, os dois rapazes presos pela polícia na terça-feira, José Weberson Clemente, o Binho, 18 e José Uildo Aovelino da Silva, 21, o Ildo disseram em depoimento que todos atiraram em Luciano porque sabiam que se tratava de um policial. “Os dois contaram que Rodolfo avisou os outros rapazes que aquele da moto era polícia e, a partir daí começaram a atirar”.

Ainda de acordo com o delegado, Binho também atirou contra Luciano. “Ele afirmou que efetuou disparos de espingarda calibre 12. E disse que os outros teriam utilizado pistolas e revólveres”.

Durante toda a tarde equipes de policiais se dividiram pelos bairros para prender “Rodolfo”. A Polícia fez uma varredura em toda a região, principalmente no mangue do Rio Potengi. Os policiais tinham a informação que “Rodolfo”, depois de fugir pelo telhado teria roubado uma bicicleta de um adolescente e seguido para o mangue.

O helicóptero Potiguar I da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social foi acionado. Sobrevoou toda a região, além das margens do rio, a antiga favela do Fio e os bairros de Felipe Camarão e  bairro Nordeste.

No final da tarde, nas proximidades da comunidade Beira Rio, um rapaz foi detido como suspeito de ter participado da morte do policial. Após a prisão foi conduzido para a 14ª Delegacia de Polícia de Felipe Camarão. Viaturas da Delegacia Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) fecharam a rua principal de Felipe Camarão. Muitos curiosos se aglomeraram nas calçadas para observar a ação da Polícia.

Moreno, magro e com uma tatuagem, as características remetiam o rapaz ao criminoso que os policiais procuravam.  Uma testemunha foi até à Delegacia para fazer o reconhecimento do suspeito, mas o acusado não era “Rodolfo”.

Policial é sepultado em Extremoz

O enterro do agente da Polícia CivilJosé Luciano de Oliveira, morto a tiros no cumprimento do dever, comoveu a família e companheiros de profissão  que compareceram ao cemitério Parque da Passagem, em Extremoz.

O caixão com o corpo do policial chegou às 16 horas e foi sepultado meia hora depois na quadra de número 17 do cemitério Parque da Passagem, situado no km 79 e à margem direita da BR-101, no sentido de quem segue para o litoral ao Norte de Natal.

“É sempre difícil falar sobre a morte de um amigo, especialmente quando há um monte de lembranças boas como as que temos dele”, dizia o 1º vice-presidente do Sinpol-RN, Djair José de Oliveira Junior, na leitura de uma carta que foi entregue à família do policial assassinado e que era lotado na Delegacia Especializada em Narcóticos (Denarc).

Djair Júnior ainda afirmava chorando, que para o policial Luciano “não existia tempo ruim, todas as vezes, que eu particularmente precisei dele, sempre esteve disposto a servir, nunca ouvir dizer não”.

Em um dos trechos da carta, o dirigente sindical afirmava ter sido  José Luciano de Oliveira “um herói anônimo, que pagou com a própria vida o preço caro  para defender a sociedade”, que morreu “fazendo aquilo que ele gostava, e que lhe fazia feliz”.

Antes do caixão baixar à sepultura por volta das 16h30, o delegado de Narcóticos, Odilon Teodósio, homenageou o subordinado morto durante uma investigação policial, tendo afirmado, que 15 minutos antes de ser baleado, José Luciano Oliveira avisou por telefone para ele que não fosse ao local, porque “a situação da área era muito arriscada”.

Odilon Teodósio disse que Oliveira foi “um policial digno do nosso respeito”, como também viu muitas vezes ele dormir numa cadeira ou num banco da Denarc para cumprir o seu dever. “Esse crime não vai ficar impune”, declarou, emocionado, o delegado.

Teodósio disse para os familiares do policial assassinado, os pais, os dois filhos que ele teve com a primeira mulher e para a viúva, que não se podia trazê-lo de volta à vida, mas que, certamente, “ele deu um exemplo para a sociedade”.

Para a presidente do Sinpol, Vilma Marinho, a Polícia Civil do Rio Grande do Norte “foi ferida profundamente” com o assassinato de um profissional “que era um dos melhores” da corporação e um sindicalista exemplar, pois ocupava o cargo de  1º secretário do Sinpol.

Entre as homenagens póstumas  ocorridas no enterro  do policial, houve uma salva de tiros por membros da Delegacia Especializada de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) e o canto do Hino Nacional.

Policial foi morto em serviço em Felipe Camarão

José Luciano foi morto em serviço, checando a informação de que em um beco localizado próximo à travessa Todos os Santos, em Felipe Camarão, estaria funcionando uma boca de fumo – local onde é vendido droga.

O agente estava em uma moto da Denarc, à paisana, e era acompanhado por mais três policiais, que estavam em uma viatura. No entanto, apenas Luciano havia entrado no beco no momento do homicídio. “Já tínhamos passado lá uma vez e Luciano decidiu passar lá também para ver se via algo. Isso é de praxe, uma tentativa de não chamar atenção. Por isso, não foi todo mundo junto”, afirmou um dos policiais que estava na ocorrência junto a Luciano, mas que ficou esperando ele retornar da verificação, ficando a cerca de 200 metros da residência suspeita. “Ele foi e, pouco depois, só ouvimos os tiros. Foram vários. Quando chegamos lá, Luciano ainda respirava, mas não resistiu e morreu a caminho do hospital”, contou. Caso confirmasse que se tratava de uma boca de fumo, a Denarc pretendia fazer uma operação no local no dia seguinte.

O delegado-geral, Elias Nobre, afirmou que os bandidos não sabiam que Luciano era policial civil, até porque ele estava de capacete e não havia como ser reconhecido. O fato dele ter entrado lá sozinho, sem colete a prova da balas, foi um risco calculado da operação. “Não podiam entrar vários policiais no beco de uma só vez, pois isso comprometeria a operação, acabando com o ‘agente surpresa’. Assim como se ele chegasse lá com o colete, seria facilmente reconhecido”, justificou.

* Matéria alterada às 8h32.

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