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Taxa de letalidade triplica no Rio Grande do Norte

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Mariana Ceci
Repórter
Ricardo Araújo
Editor
Impulsionada por eventos como as festas de fim de ano, carnaval e veraneio, a taxa de letalidade da Covid-19 no Rio Grande do Norte mais do que triplicou entre o final de 2020 e o início deste ano. Em novembro, o Estado havia atingido a taxa mais baixa desde o começo da pandemia (0,65), mas o número voltou a crescer a partir de dezembro, como reflexo das aglomerações do período eleitoral, quando saltou para 1,41 – e continua a aumentar desde então. Nessa quarta-feira (10), a taxa de letalidade pela doença no Estado estava em 2,1 conforme o Boletim Epidemiológico Nº 311 da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN). A taxa, porém, pode ser ainda maior.
Rio Grande do Norte registra aumento no número de mortes por covid-19. De novembro até hoje, a taxa de letalidade da doença mais que triplicou, segundo o LAIS
Dados ainda não consolidados do mês de março disponibilizados pelo Laboratório de Inovação e Tecnologia em Saúde vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN) registram uma letalidade de 3,19 no Estado. Esse número ainda deve mudar até o fim do mês com a adição de novos casos confirmados, mas, segundo especialistas, poderá se equiparar à realidade observada no mês de agosto, quando o Estado ainda vivia os piores momentos da doença até então. A Sesap deverá explicar a dinâmica da taxa de letalidade da Covid-19 nesta sexta-feira (12), em coletiva de imprensa.
A letalidade é calculada pelo número de pessoas que morreram dividido pelo total de casos confirmados naquele mês. Segundo o pesquisador e diretor executivo do LAIS, Ricardo Valentim, o dado deve ser analisado em conjunto com outros indicadores, como taxa de ocupação de leitos e número de internações. “Mesmo considerando tudo isso, quando olhamos a nossa letalidade atual, o número de óbitos e internações, já podemos ver que a gravidade da situação é muito alta, principalmente na Região Metropolitana de Natal”, afirma. 
Sozinha, a capital potiguar acumula 38,6% de todos os óbitos registrados no Rio Grande do Norte. Somando os óbitos dos outros 14 municípios que constituem a Região Metropolitana, o número salta para 56,7% do total de mortes já registradas no Estado. Foram 2.142 de um total de 3.777 óbitos acumulados até a terça-feira (9). “Na semana depois do carnaval, foram 92 óbitos só na Região Metropolitana. Esse é um dado gravíssimo e que chama muita atenção. Estamos observando que há aumento da letalidade, sim”, destaca Ricardo Valentim. 
Questionado a respeito da possível relação entre a introdução de novas variantes do Coronavírus ao Rio Grande do Norte e o aumento no número de internações, Valentim destacou que ainda não há evidências científicas que comprovem que as novas cepas possuem maior ou menor impacto neste número.
“O  que os médicos têm relatado é que os sintomas estão mudando. Hoje, estamos vendo pacientes com febre até o 14º dia da doença, coisa que não se via antes. Porém, quando fizemos uma análise no LAIS, esse aumento das internações apresenta uma relação muito mais provável com as aglomerações pré e durante carnaval do que com novas variantes”, sublinha o pesquisador.
Valentim destaca que situação atual da pandemia é crítica no RN
Na prática, o fato impacta diretamente na quantidade de dias de internação dos pacientes, que passam a necessitar dos leitos hospitalares por um período mais longo e, consequentemente, tornando a mobilidade da fila de espera por leitos, menor. Até essa quarta-feira, 487 pessoas já haviam morrido antes de conseguirem a liberação de um leito para serem encaminhadas ao sistema de saúde no Rio Grande do Norte. 
Ocupação
Até a manhã dessa quarta-feira (10), a Central Metropolitana de Regulação liderava as solicitações para pacientes com perfil de leitos críticos. Ao todo, 78 pessoas aguardavam o encaminhamento para algum leito crítico, ao passo que apenas 10 leitos críticos estavam disponíveis na região. Na Central de Regulação Oeste, não havia pacientes com perfil de leito crítico aguardando na lista. No entanto, o número total de leitos críticos disponíveis para a região era de apenas 2.  
Sesap registra 29 novas mortes pela covid-19
O Rio Grande do Norte deverá encerrar o mês de março rompendo a barreira das 4 mil mortes pela Covid-19, segundo especialistas ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE nas últimas semanas. Até essa quarta-feira (10), a Sesap registrou 3.806 mortes – 29 a mais em relação ao dia anterior e 9 óbitos ocorridos entre o meio-dia do dia 9 e o meio-dia da quarta-feira. Os outros 20 ocorreram em dias e meses anteriores, mas somente confirmados agora.
Conforme o Boletim  Epidemiológico Nº 311, a Covid-19 mata mais homens no Rio Grande do Norte: 2.097 (55%). As mortes de mulheres somam 1.708 (44,8%). A maioria das vítimas tem 60 anos ou mais (71,6%) e apresentam comorbidades ou fatores de risco relatados para a doença (53%). Em números absolutos são: 2.727 e 2.016, respectivamente.
Ainda segundo o Boletim, a 7ª Região de Saúde do Rio Grande do Norte, que congrega os municípios de Macaíba, Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e Extremoz, tem a maior taxa de letalidade da doença, com 2,6. Separadas, as cidades apresentam as seguintes taxas: Macaíba (123,8); Natal (166,9); Parnamirim (108,2),  São Gonçalo do Amarante (99,6) e Extremoz (129,4). No Estado, a maior taxa de letalidade é a de Areia Branca: 223,2. Nessa cidade, 62 óbitos foram notificados para a Covid até essa quarta-feira. Os cálculos são feitos por cada grupo de 100 mil habitantes. 
Panorama
O Rio Grande do Norte apresenta um dos números mais altos de ocupação de leitos por pacientes com suspeita ou diagnosticados com a Covid-19. Conforme a Sesap, até essa quarta-feira eram 946 internados. A maioria, em leitos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Do total, 575 estavam no serviço público de atendimento, sendo 281 em leitos clínicos e 294 em leitos críticos. Outros 371 ocupam leitos em hospitais particulares, sendo 163  em leitos clínicos e 208 em leitos críticos. A rede privada de saúde no Rio Grande do Norte apresenta 100% de ocupação de leitos para a Covid-19.
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