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TCU identifica 25 obras de saneamento paralisadas no Estado

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Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou 25 contratos de obras de saneamento paralisados no Rio Grande do Norte. São cerca de R$ 496,2 milhões planejados para serem investidos parte em obras contratadas pelo Governo do Estado e parte pelas Prefeituras. Os investimentos mais antigos foram contratados há mais de 10 anos, principalmente os relacionados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), iniciado em 2007.

Os contratos mais antigos das obras de saneamento no estado tem mais de 10 anos e são, em sua maioria, do Pac


Os contratos mais antigos das obras de saneamento no estado tem mais de 10 anos e são, em sua maioria, do Pac

Segundo mostra a planilha do TCU, R$ 110 milhões já foram gastos nestas obras, sem que tenham gerado retorno à sociedade. A maior parte delas – 13, ao todo – é do PAC e paralisaram na metade da execução. Já outras 10 são financiadas pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e duas pela Caixa Econômica Federal.

Focadas no saneamento, as obras visam a melhoria no sistema de abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto, limpeza urbana e redução e reciclagem do lixo. No Rio Grande do Norte, 2,6 milhões de pessoas (76,6% da população) não têm acesso a coleta de esgotos e 773,5 mil (22,1%) sequer receber água potável em casa, segundo o Instituto Trata Brasil.

Entre os motivos principais para a estagnação das obras, a auditoria do TCU, que focou em obras espalhadas em todo país e de diversas áreas, destaca que a maioria  (47%) decorre de problemas técnicos nos projetos base. O abandono do projeto também está entre a causa mais comum, sendo responsável por 23% das paralisações. Problemas judiciais, com órgãos de controle, financeiros e de desapropriação também estão entre os fatores destacados.

A conclusão da auditoria é semelhante a do secretário estadual de infraestrutura (SIN) do Rio Grande do Norte, Gustavo Rosado Coelho. Segundo Coelho, que assumiu a pasta em janeiro deste ano, falta equipe técnica focada na elaboração dos projetos para facilitar as obras e diminuir erros que costumam causar as interrupções. “Essa [falta de equipe técnica] é uma dificuldade que todas as obras têm, o que gera aditivos e problemas”, afirmou. “Quanto mais atrasada a obra, mais difícil de terminar ela vai ficando devido às adequações”, complementou.

Na tentativa de solucionar o problema, o titular da SIN afirmou que o Governo do Estado pretende criar um “escritório de projetos” com a finalidade de qualificar os projetos básicos do Estado. Entretanto, o escritório não vai estar diretamente à disposição da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), responsável pela elaboração de projetos na área de saneamento, porque a estatal já possui uma equipe técnica com a mesma finalidade.

Para a secretária de Obras Estratégicas e Fomento do PPI, Veronica Sánchez, há “incapacidade das empresas”, sejam públicas ou privadas, para acessar recursos públicos e fazer investimentos. A declaração foi feita na Câmara dos Deputados na última semana e relatada pelo jornal Estadão. Na mesma audiência, o secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura, Diogo Mac Cord, disse que apenas 51% dos recursos disponíveis pelo governo federal em 2018 foram acessados pelos Estados e Municípios.

Consequências
Na conclusão da auditoria, o TCU chama atenção para os prejuízos causados pela situação dessas obras. Os auditores afirmam que a estagnação pode causar “prejuízo ao crescimento econômico do país e os empregos que não são gerados”, além dos serviços “que deixam de ser prestados”.

Entre as obras paralisadas, a mais volumosa no Rio Grande do Norte é a ampliação do sistema de abastecimento de água para Mossoró, contratado em 2010 por R$ 120 milhões e prevista para ser concluída em 2012. Sete anos depois da previsão de conclusão, R$ 83,2 milhões foram investidos, mas 31% ainda faltam ser executados.

Brasil
No Brasil, são quase mil contratos de obras de saneamento paralisadas, totalizando R$ 13,5 bilhões contratados. A maior parte – R$ 12,6 bilhões – também é relacionado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e está paralisada no Nordeste.

Marco do saneamento
O protagonismo do debate em torno do saneamento, destacado na última semana na Câmara dos Deputados, retornou com o projeto de marco regulatório para o setor. Segundo o Estadão, o governo também incluiu o tema da universalização do saneamento na carteira de estudos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

A proposta de novo marco para o setor, enviada no início de agosto para o Congresso Nacional, é de abrir as estatais para a iniciativa privada. O texto prevê que municípios privatizem o serviço ou abram licitação para serviços de água e esgoto, iniciando uma concorrência.
Números – Obras de saneamento

25 contratos de obras de saneamento estão paralisados no Rio Grande do Norte

R$ 496,2 milhões é a soma do valor de todas essas obras

Detalhes
13 das obras são financiadas pelo Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC)

Valor: R$ 464,4 milhões

10 são financiadas pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa)

Valor: R$ 31,7 milhões

02 são financiadas pela Caixa Econômica Federal

Valor: R$ 156,9 mil

Obras antigas e paralisadas
PAC

– Ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário de Natal

Responsável: Estado

Início da obra: 2008

Previsão de conclusão: 2011

Estágio: 36% executado

Funasa
– Sistema de Abastecimento de Água de Jardim de Piranhas

Responsável: Estado

Início da obra: 2014

Previsão de conclusão: 2016

Estágio: 31%

Fonte: Tribunal de Contas da União
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