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Teatro articulado

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Yuno Silva
Repórter

O segmento teatral natalense, ambiente onde eclodiu a Rede Potiguar de Teatro, está organizado e puxando ‘brasa para a própria sardinha’ – uma brasa, diga-se de passagem, acesa por eles mesmos. Articulada e com um discurso afinado, a RPT, que abarca grupos e artistas avulsos, promoveu um encontro inédito no início desta semana com o prefeito Carlos Eduardo: o chefe do executivo municipal esteve reunido com cerca de 60 artistas no Barracão dos Clowns, em Nova Descoberta, na segunda-feira (17), para debater pautas como a necessidade de políticas públicas continuadas para o teatro e o futuro de equipamentos vinculados à administração municipal que interagem diretamente com o setor.
Artistas da Rede Potiguar de Teatro se reuniram com o prefeito Carlos Eduardo para elencar problemas e apresentar possibilidades
Durante a reunião, a Rede entregou uma “Carta Aberta” ao prefeito onde reforça a importância do edital Natal em Cena; e ações de fomento voltadas para montagem, criação, pesquisa, formação, circulação e manutenção de produções locais. Os artistas também estão preocupados com o Teatro Sandoval Wanderley e a Escola Municipal de Teatro, ambos fechados; e o Espaço Cultural Jesiel Figueiredo, na zona Norte, que está praticamente inativo.

A atriz Ivonete Albano, diretora da Escola Municipal de Teatro Carlos Nereu de Souza, que funciona no Centro Municipal de Artes Integradas (CMAI), antiga área de lazer do Conjunto Panatis, revela que o “não funcionamento” da escola envolve uma série de questões. Ela informou ao VIVER que o prédio está interditado, precisando de reparos urgentes na estrutura física e nos sistemas elétrico e hidráulico. “Também precisamos instalar câmeras de segurança para evitar assaltos”, destacou Ivonete, adiantando que “neste momento” a equipe trabalha no levantamento de custos.

Rede Potiguar de Teatro entregou carta ao prefeito durante reunião no Barracão dos Clowns“Paralelo a isso, discutimos possibilidades para contratação temporária de pessoal, pois, por enquanto, não há previsão de novos concursos públicos”, disse. A diretora da Escola de Teatro lembra que o processo de contratação “é demorado, envolve Controladoria do Município e Ministério Público”, e este ano ainda tem o agravante do período eleitoral que veda contratações após o mês de julho.

“Acho muito difícil reabrirmos a escola agora em 2014, e enquanto não tivermos, no mínimo, uma estrutura adequada não temos nem como receber vistoria do MEC”.

Lenilton Teixeira, diretor de teatro e adjunto da Fundação Capitania das Artes, destacou que o registro da Escola de Teatro junto ao Ministério da Educação deixou de ser renovado na gestão anterior. Ele recorda que a Escola foi reconhecida oficialmente, pela Câmara Municipal, como parte da estrutura da Prefeitura em 2004, e que até 2009 o registro temporário vinha sendo renovado. “Teremos que recomeçar praticamente do zero, a Escola precisa de, pelo menos, 12 professores para funcionar”.

Voltada para atender alunos que já concluíram o ensino médio, o foco do curso de 2 anos e meio está voltado para a formação de ator e atriz. “O prefeito Carlos Eduardo falou da intenção de abrir concurso, mas como isso pode não ser tão rápido queremos ver se o MP libera, como fez com a escola de balé aqui da Funcarte, contratações temporárias”.

Opções para o Sandoval

Fechado há quase seis anos, e interditado pelos Bombeiros há cinco, o Teatro Sandoval Wanderley, no Alecrim, poderá receber investimento municipal para voltar a funcionar. “É uma informação nova (a do investimento com recursos próprios da Prefeitura), pois, até então, estávamos buscando outras vias de financiamento via Brasília e Ministério da Cultura”, disse Quitéria Kelly, atriz e diretora do Sandoval. “E como há esse projeto de se construir um novo teatro na zona Norte, o TSW passaria a servir como laboratório, sala de ensaio e espaço para pequenos espetáculos”, acredita. 

Segundo Lenilton Teixeira, do ponto de vista técnico, “o Sandoval não tem condições de abrigar uma escola”: “Para o TSW ser sede da Escola de Teatro precisaria de uma reforma maior ainda, o que inviabiliza o projeto”.

Quanto ao Espaço Cultura Jesiel Figueiredo, localizado ao lado do Ginásio Nélio Dias na zona Norte, Lenilton adianta que está aberto apenas para caminhadas. “O lugar tem dois anfiteatros, está limpo, mas precisa de manutenção, principalmente nos sistemas elétrico e hidráulico”.

O próximo passo da Rede Potiguar de Teatro será, na semana que vem, uma reunião da comissão da RPT com gestores municipais para definir agenda e prazos.

Fernando Yamamoto, diretor de teatro no grupo Clowns de ShakespeareBate papo – Fernando Yamamoto
Diretor de teatro, membro da RPT e diretor do Departamento de Programas, Projetos e Eventos da Funcarte

Qual a primeira coisa você destacaria sobre o encontro?

O ineditismo do acontecimento: pela primeira vez um prefeito vai até a sede de um grupo de teatro para conversar com os artistas. Vejo isso como um enorme avanço: o gestor municipal, juntamente com dois secretários (Dácio Galvão e Raniere Barbosa da Semsur) e o chefe do Gabinete Civil (Sávio Hackradt) visitando o Barracão.

Alguma definição prática a curto prazo?
Definimos que será criada uma comissão mista, formada por representantes do teatro e do poder público, para elaboração de uma agenda comum que possa traçar avanços para o setor.

O edital “Natal em Cena”, que substituiu o Auto do Natal e viabilizou duas montagens inéditas em 2013, será continuado e/ou ampliado? Alguma mudança em vista?
No encontro, o prefeito Carlos Eduardo anunciou a manutenção e a ampliação do edital. Algumas mudanças ainda estão em análise, mas outras podemos antecipar como o aumento dos recursos investidos e a maior responsabilidade dos grupos, que passarão a responder pelo aluguel de equipamentos de som e luz, segurança, etc. Outra coisa é que em 2014, em vez de dois, teremos quatro grupos selecionados e quatro arenas (palcos), uma em cada região da cidade. Também não haverá mais categorias para inscrição, fato que traz maior liberdade temática.

E quanto aos equipamentos fechados, como o Teatro Sandoval Wanderley e a Escola Municipal de Teatro, alguma novidade?

A Prefeitura anunciou não só a reforma do TSW para o segundo semestre, com recursos próprios, como a intenção de construir até o final da gestão um novo teatro municipal na zona Norte – que também abrigará a escola. A RPT aproveitou para reforçar a importância da criação de mecanismos que garantam o fomento da criação e manutenção das atividades dos grupos e artistas durante o ano, e não apenas a criação de espaços.

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