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Teatro de bonecos perde Mestra Dadi, aos 82 anos

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Maria Ieda da Silva Medeiros, a Mestra Dadi, foi uma das primeiras mulheres a se destacar e abrir caminhos no sempre masculino território do teatro de bonecos “calungos”. Pioneira no Rio Grande do Norte e também no Brasil, Dona Dadi faleceu na última terça-feira, aos 82 anos. Ela permanece no estado como a maior referência feminina na arte da criação e manipulação de João Redondo – como são mais conhecidos  esses bonecos em território potiguar. Os bonecos de Dadi podem ser vistos em exposição permanente no acervo do Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão, Ribeira. 
Os bonecos de Dadi podem ser vistos em exposição permanente no Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão, na Ribeira
Dadi se afirmava como uma “filha legítima de Jaçanã”. Ela se mudou aos 16 anos para Carnaúba dos Dantas por ser a terra de seu pai. A paixão pelos bonecos vem desde criança, como contou ela em 2019 à TRIBUNA DO NORTE. “Mamãe fazia boneca de pano e eu fazia as minhas também. Me deu na cabeça de fazer uns bonecos pra botar pra brincar, aí eu fiz. Eu adoro brincar com aqueles bonecos. Faço de madeira, de pano, de todo o jeito”, declarou. 
A calungueira entrou cedo nessa área dominada pelos homens e demarcou território com obstinação e muito senso de humor. Mestra Dadi também se tornou conhecida pelos bonecos diferenciados que elaborou, indo além dos habituais bonecos de luvas e criando marionetes de fios e de vara em bonecos de grande porte.
A potiguar foi homenageada em 2020 no 2º Seminário de Teatro de Animação, em Joinville, Santa Catarina. Há alguns anos a UFRN lançou um vídeo e editou o livro de poesia “Flor de Mucambo”. Já o “Dadi Teatro de Bonecos, Memória, Brinquedos e Brincadeiras”, publicado pela Gráfica Manibu no festival Agosto da Alegria, da FJA, foi resultado da dissertação de Graça Cavalcanti, estudiosa do tema. 
Nem tudo foi boneco na vida de Dona Dadi. Ela já sustentou a casa e os filhos fazendo carvão nas serras, e também integrou a direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Carnaúba dos Dantas. Em 2019, já fora do circuito calungueiro e instalada na Casa do Idoso de Carnaúba dos Dantas, ela lembrou das muitas brincadeiras de bonecos que fez para animar crianças e adultos, e de que esse foi um trabalho que só fez por amor. “Eu tinha prazer de apresentar meu trabalho, porque a pessoa que não trabalha por amor, não presta”. 
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