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Tem batuque na música de câmara

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Yuno Silva – repórter

Há uma relação musical entre isqueiros, garrafas pet e personagens da mitologia tupiniquim como Curupira, Saci e a Mula-sem-cabeça, e ela atende pelo nome de Percumpá, grupo que aposta em apresentações performáticas e na execução de repertório erudito de câmara, direcionado especialmente para instrumentos de percussão. Formado em 2011 por alunos da Escola de Música da UFRN, o Percumpá faz show gratuito nesta sexta-feira, às 19h30, no auditório da EMUFRN, e dá a partida para a série de concertos programados para este ano.
Professor da Unicamp-SP, o maestro Cleber Campos desenvolve pesquisa sobre música e tecnologia, e em Natal desde 2009, fundou o Percumpá com grupo de alunos de música.
O nome do grupo brinca com  a onomatopeia e surge com a intenção de mostrar a versatilidade harmônica e melódica de um grupo de instrumentos de predominância rítmica. Logo de início, nas duas primeiras músicas, o público será convidado a compartilhar momentos inusitados: com as luzes apagadas, oito percussionistas ‘tocam’ 16 isqueiros em “Vous Avez du feu?” (Alguém tem fogo?) do compositor francês Emmanuel Séjourné, obra seguida por “Enlaces” do brasileiro Jônatas Manzolli, quando o grupo assume baquetas fosforescentes e arranca sons de uma artilharia composta por 18 tambores.

“Vamos executar obras exclusivas para instrumentos de percussão, criadas da década de 1950 para cá, de compositores dos Estados Unidos Europa e Brasil”, adianta o professor Cleber da Silveira Campos, regente e coordenador do grupo. Além dos tradicionais tambores, o palco será ocupado por marimbas, ton-tons, congas, caixas, bombo, bells, vibrafones, xilofones, carrilhão, tímpanos, entre outros. Misturados a esse arsenal percussivo, os doze instrumentistas do Percumpá também ‘tocarão’ panelas, bacias, placa de zinco, latas e água(!).

“Esses objetos conferem uma atmosfera especial em algumas interpretações, e um bom exemplo dessa presença será visto em ‘Mitos Brasileiros’ (Ney Rosauro), quando teremos que emular o som de um riacho ou de trovões por exemplo”, adiantou Cleber Campos.

O professor de percussão e bateria ressaltou que a apresentação desta noite também servirá para estrear novos instrumentos importados da Holanda. Segundo ele, a Escola de Música da UFRN estava negociando com o Ministério da Educação e Receita Federal  incentivos quanto à cobrança de impostos desde setembro do ano passado. “Recebemos esse material, top de linha, há cerca de duas semanas”, comemorou.

Grupo surgiu de uma tese de doutorado

O Percumpá é formado por Aldo Aires da Silva, Daniel Dias de Lima, Eliel de Oliveira Espíndola, Felipe Eduardo Barbosa, Ivanilson Duarte Santana, Jonathas Ferreira da Silva Lima, Leonardo Pereira Santos da Silva, Magno Altieri Chaves de Sousa, Maíra Soares Cabral e Mário Alencar de Freitas, mais participação especial de Kleber da Silva Moreira e Pedro Henrique Machado. O grupo já acumula apresentações em eventos acadêmicos e musicais como o 4º Dia Percussivo e o Festival Paraíba Percussiva, em João Pessoa, e o 5º Encontro Internacional de Percussão realizado em Tatuí (SP).

Como músico, Cleber ainda integra o duo paulista Páticumpá, formado com o também professor universitário César Traldi, hoje docente em Uberlândia. Juntos já se apresentaram em países como Cuba, Alemanha, Portugal, Espanha, Croácia e Eslovênia.

MÚSICA E TECNOLOGIA

Graduado na Unicamp (SP), onde também concluiu o Mestrado, Cleber Campos está em Natal desde 2009 e explicou que o Percumpá surgiu a partir de sua pesquisa para o Doutorado, que investiga a relação entre música e tecnologia. Atualmente o projeto se enquadra no perfil de grupo de pesquisa e projeto de extensão.

“Não deixa de ser um laboratório para minha pesquisa”, frisa o professor. Seu trabalho acadêmico, desenvolvido no Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora – NICS/Unicamp, busca a interação entre música e máquina: “Os instrumentos interferem em sistemas de luz e equipamentos tecnológicos, com a diferença de que a reação não é apenas o resultado de um estímulo – há inteligência artificial envolvida nesse processo, fato que amplia a interação entre homem e máquina.”

Campos lembrou que o perfil interdisciplinar do projeto abrange músicos e profissionais de outras áreas como engenharia e neurociência.

Serviço

I Concerto Percussivo, com o grupo Percumpá. Hoje, às 19h30, no auditório da Escola de Música da UFRN. Entrada gratuita.

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