Temer informou ainda que as colocações do presidente da França, Emannuel Macron, questionando o compromisso de Bolsonaro com o Acordo de Paris, não foram tratadas na reunião do G20. “Apenas o presidente da França falou disso [fora da reunião], fazendo uma relação com os possíveis acordos [do Mercosul] com a União Europeia, mas não houve uma palavra aqui sobre isso” , disse. “Não creio que haveria modificação da posição brasileira [no Acordo de Paris]”, enfatizou.
Em entrevistas, o presidente francês, Emmanuel Macron, condicionou o avanço do acordo entre a a União Europeia e Mercosul ao apoio do governo brasileiro ao Acordo Climático de Paris. O presidente eleito Jair Bolsonaro respondeu hoje que não fará acordos internacionais na área de meio ambiente que prejudiquem o agronegócio. Entretanto, ele ponderou que a posição não é definitiva.
Sobre a polêmica, Temer avaliou que a nova gestão não deve ir neste caminho.“Eu tenho convicção, a partir de conversas com o novo governo, que essas questões são levantadas e depois equacionadas. Eu não vejo nenhuma atitude do novo governo detrimentosa para o meio ambiente. Tenho impressão de que teses sobre meio ambiente terão apoio”, afirmou em entrevista aos jornalistas.
O presidente aproveitou para lembrar que quase dobrou as áreas de reservas e parques ambientais em seu governo, destacando a ampliação da Chapada dos Veadeiros e a criação da reserva marinha “do tamanho de uma França.” Ele lamentou que o desmatamento tenha crescido “no período eleitoral”.
“Veja que conseguimos reduzir o desmatamento em 2017, mas neste ano, no período eleitoral, houve aumento”, disse.
Previdência e Indulto
Temer evitou responder às críticas feitas por Bolsonaro à proposta de reforma da Previdência enviada pelo governo à Câmara. “Não vi essa declaração [de que a reforma “mata idosos” e é “agressiva com o trabalhador”]. “O que eu vejo é que ninguém leu a nossa proposta de reforma, que é de uma suavidade extraordinária; leva 20 anos para fazer a transição para a nova idade mínima”, disse. “Protegemos o trabalhador que aposenta com salário mínimo, o trabalhador rural e quem depende de benefícios. Onde há problema é no fim dos privilégios, nos salários iguais para setor público e privado. Quem quiser maior aposentadoria, se aposentar com mais de R$ 30 mil, que pague a complementação, semelhante a uma capitalização”, afirmou.
Automação do trabalho
Michel Temer afirmou ainda que os efeitos da automação sobre os empregos foi uma das preocupações centrais nas discussões dos líderes mundiais no G20.
A perda de empregos em razão da automação e da introdução de novas tecnologias é um tema antigo, mas tem ganhado mais atenção recentemente. Embora haja divergências quanto ao número de postos perdidos e se há apenas extinção de postos ou substituição com a criação de novos setores, dados de estudos de organismos internacionais, como o Fórum Econômico Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), vêm mostrando que inovações têm gerado como consequência o fechamento de vagas em diversos segmentos, como nas plantas produtivas de indústrias ou nas vendas e serviços.
Segundo Temer, uma das estratégias para lidar com esse desafio é o aprofundamento das relações políticas e comerciais entre as nações. “A tese prevalecente nesta cúpula foi a do multilateralismo, e não isolacionismo. O mundo vive tensões tendo em vista que alguns sustentam algum isolacionismo. A mensagem é para abertura integral como temos feito em nosso país e a concorrência de todos para o bem-estar de todos os povos”, disse.
O presidente citou medidas adotadas por sua gestão no tema. Uma delas foi a reforma trabalhista, que segundo ele, flexibilizou as regras para buscar “aprimorar as relações trabalhistas, sem perda de direitos”. Outra foi a reforma do ensino médio, que teve como propósito garantir que as pessoas “se adequassem às novas tecnologias” e estivessem “mais apuradas para ter empregos nesta área”.
Outra iniciativa mencionada pelo presidente foi o Programa Internet para Todos, que se apoia em um satélite para provimento de conexão a áreas e instituições sem conexão hoje, como escolas. “O satélite que está permitindo que a gente leve a banda larga a todo Brasil”, comentou Temer.