O governo Temer começou com um núcleo político questionável e a equipe econômica com a qual Lula sonhou para salvar a claudicante gestão Dilma. O núcleo político foi se esfarinhando: caíram Henrique Alves, Jucá e Geddel. Do que sobrou dele, Padilha, abatido por sucessivas crises de hipertensão, praticamente afastou-se, em boa hora, de Brasília, e, agora, o presidente tem apenas Moreira Franco. Se isso é bom ou ruim, não sou eu que irei dizer.
Quanto à equipe econômica, ela ainda é o único trunfo que sustenta o apoio do PIB ao governo. Mas, agora, Temer corre o risco de, por pressões políticas, perder também Meirelles, o “pau do circo”, segundo Delfim Netto.
E o que faz o presidente para conter essas pressões? Anuncia que vai “conversar mais” com Armínio Fraga, o candidato dos tucanos para o cargo, alimentando ainda mais a nova crise. É Temer conspirando contra Temer.
Desprezo
Outra prova do título aí à esquerda é o fato de, após um esforço danado, que mobilizou todo o governo e os presidentes da Câmara e do Senado no último fim de semana para tentar conter a crise política, o presidente, no dia seguinte, ter rotulado aquele escândalo de tráfico de influência em seu governo de “fatozinho”.
Túnel do tempo
Por resistir à tentativa da ditadura de cercear — como quer hoje Renan Calheiros — a magistratura brasileira, Alencar Furtado foi arrancado da tribuna, quando, protestando contra o fechamento do Congresso e a criação do senador “biônico”, sentenciou:
— Não! Na cadeira de Rui (Barbosa) não pode sentar-se um picareta da República. Nela, sentam-se um Paulo Brossard, um Marcos Freire e um Teotônio Vilela.
Seguramente, não era o Senado de Renan.
Dupla explosiva
Mesa de dois no almoço da última quarta, no restaurante Tejo de Brasília, chamou a atenção de outros comensais: Aécio Neves e Moreira Franco.
Não parecia ser um encontro de despedidas dos tucanos do governo.
Muito pelo contrário.
Estraga prazeres
O juiz Sérgio Moro deveria ser processado, por “spoiler”.
Antecipou para o povo brasileiro o “grand finale” da Lava-Jato: o seu esperado encontro com figurinhas carimbadas da República.
Que, em vez de Curitiba, aconteceu em Brasília, anteontem.
‘Meu garoto!’
E, nessa sessão com Moro, o senador Lindbergh, depois de espinafrar o juiz, foi abraçado efusiva e demoradamente pelo companheiro Edison Lobão, campeão de citações da Operação Lava-Jato.
Trocas de gentilezas
Chico Santa Rita desligou-se esta semana do grupo que dá assessoria ao presidente Michel Temer na área de comunicação. Sua justificativa: “Conheço Temer desde os anos 80, sei do seu bom caráter e das suas boas intenções. Queria ajudá-lo, mas infelizmente a comunicação governamental está nas mãos de pessoas inexperientes e despreparadas. Capazes até de passarem informações falsas para a imprensa, como fizeram comigo, dizendo ter sido eu derrotado em campanhas eleitorais deste ano. Impossível trabalhar com elas”.
A coluna foi então ouvir o secretário de Imprensa de Temer, Márcio de Freitas: “Não farei comentários, até porque respeito demais a linha reta de vitórias do senhor Chico Santa Rita, sempre correto, ético e honesto. Um verdadeiro príncipe na vida…”.
Desconforto
Requião, que entrou no acordão do Renan para votar a urgência do pacote das dez medidas, chegou ao jantar na casa de Eunício gritando para os colegas que desistiram da manobra: “Vocês são um bando de frouxos!”.
Foi aí que o constrangido Aécio deve ter pensado ali na hora: “O que estou fazendo aqui? Poderia estar no Gero, Fasano, Bar da Praia…”.
Últimas
1 Renan, Temer e Maia vão negar, mas o pacote anticorrupção começou a ser desfigurado no domingo da coletiva no Planalto para negar anistia.
2 Temer demorou para demitir Geddel porque, além de querer segurar o amigo, toda vez que tentava demiti-lo Geddel chorava.
E chorava.