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“Temos um projeto para modificar o CAIC para cidade olímpica”

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Felipe Gurgel
repórter de Esportes

Com quase um ano à frente da Secretaria Estadual de Esporte e do Lazer, Joacy Bastos vem trabalhando para melhorar o cenário do esporte de rendimento no Rio Grande do Norte. Paralelo a isso, surgiu uma novidade, que vai ser lançada na próxima quarta-feira, no Iate Clube de Natal, que consiste em uma parceria do Governo Federal com as Forças Armadas, para que elas desenvolvam projetos esportivos com crianças de baixa renda, em comunidades carentes. Alguns já estão sendo desenvolvidos em Macaíba e Parnamirim. A meta é ampliar. E, para isso, investimentos precisam ser feitos.
Joacy Bastos, secretário Estadual de Esporte e do Lazer
Nesta entrevista exclusiva à reportagem da TRIBUNA DO NORTE, o secretário revela como vai ser essa parceria e os projetos futuros da Seel, como transformar o Caic em uma cidade olímpica e a interiorização do esporte no Rio Grande do Norte. 

Como surgiu essa parceira com as Forças Armadas?

Devido ao fim do projeto Segundo Tempo por motivos de corrupção, que o Governo Federal realizava, para manter os nossos jovens ocupados, tivemos que buscar outras soluções. E vimos que as Forças Armadas, em menor escala, desenvolviam uma ação nos mesmos moldes, que era tirar das ruas as crianças e adolescentes. Então, estreitamos nossa ligação com o Exército, Marinha e Aeronáutica, para tentarmos avançar nessa questão. Na próxima quarta-feira, vamos ter a visita, aqui em Natal, do vice-almirante Bernardo Pierantoni Gamboa, que é o presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil, que vai fazer realizar uma palestra  sobre o Esporte Militar no Brasil e também revelar algumas surpresas para a nossa cidade. Foi com ele que já conseguiu algumas coisas para o nosso Estado.

O que foi conseguido?

Ganhei duas pistas de atletismo de ponta, sintéticas, que custam R$ 1 milhão, cada. Uma vai para o centro da Marinha. A única contribuição do Estado vai ser o transporte. Serão três carretas para transportá-las do interior da Bahia, onde são fabricadas. Vamos investir apenas R$ 70 mil. O custo-benefício é incomparável. O atletismo do Rio Grande do Norte é o esporte de maior destaque no país e só temos uma pista. Agora, vamos ter duas. Temos sete atletas espalhados em centros de excelências, treinando para as Olimpíadas de 2016, que serão disputadas aqui no Brasil.

Essa parceria com as Forças Armadas é a solução em médio prazo?

Apenas uma das soluções. Mas, nesse momento, estou preocupado é com as crianças, que cada vez mais cedo, estão se entregando ao crack. Então, quanto mais atividades elas estão fazendo, menos tempo para o traficante vão ter. E é aí que as Forças Armadas vão entrar. Elas abrindo seus portões para esses jovens das classes menos favorecidas poderem praticar um esporte, já estão ajudando nosso país de uma maneira efetiva. E os resultados são quase que imediatos. Não é preciso ir muito longe não. A menina que venceu a prova dos 100 metros no último Pan Americano, é do projeto do Morro da Mangueira. Uma área de grande risco. Os jovens precisam é de oportunidades.

As Forças Armadas estão preparadas para receber esse tipo de projeto?

O vice-almirante Gamboa, vem quarta-feira a Natal, anunciar aos comandantes militares sediados no Rio Grande do Norte e das Forças Auxiliares, que, o Ministério da Defesa vai, estrategicamente, cobrir as unidades militares com um complexo esportivo. Vão ser construídas piscinas, pistas de atletismo e ginásios esportivos. Mas, não serão apenas para as crianças e adolescentes. Toda a comunidade vai ter acesso, mas, tem que ter a autorização das Forças Armadas.

Como tornar isso atrativo para as crianças?

Primeiro, para participar desse projeto das Forças Armadas, as crianças precisam estar em sala de aula e com boas notas. Isso já é um estímulo para elas estudarem. Segundo, temos que saber falar a linguagem deles. Não adiantar prender seus filhos até os 16, 17 anos, com medo das drogas. Assim, elas vão acabar sendo pessoas revoltadas. Toda criança quer brincar. Então, que se dê estudo e também lazer, esporte. Tive na Colômbia em 2011, participando de uma competição e tive a oportunidade de conversar com o Ministro dos Esportes de lá. A cidade de Bogotá tem oito milhões de habitantes e dois milhões de crianças cadastradas nos projetos de esporte do Governo Federal colombiano. O ministro me disse que só assim para evitar o declínio dos jovens no país. Investindo no esporte.

Como trazer esses resultados para o Rio Grande do Norte?

Uma possibilidade é esse envolvimento das Forças Armadas, abrindo suas praças esportivas para esse projeto Forças no Esporte. Agora, não é só isso não. É preciso trabalhar. A Marinha começou cedendo um apenas um terreno, sem nada, para as crianças mais necessitadas de Macaíba e Parnamirim, brincarem.

O Caic poderia ser um desses locais para o desenvolvimento do esporte com os jovens?

Com certeza. Mas, você já viu a situação do Caic atualmente? A secretaria estadual de educação, que é a responsável pelo local, deveria fazer alguma coisa. Ou então, o Ministério Público. Estamos lutando para que aquele espaço seja repassado para a secretaria estadual de esporte e lazer. Infelizmente, eu não tenho nenhum domínio sobre o Caic e a secretaria de educação não apresenta nenhum projeto para o local. Apenas Magnólia Figueiredo que desenvolve um projeto de atletismo no local, com o apoio da Caixa Econômica Federal.

A Seel tem projetos para o Caic?

Claro que tem. Temos um projeto grandioso para modificar o Caic em Cidade Olímpica do Rio Grande do Norte, visando as Olimpíadas de 2016, que serão aqui no Brasil. A lei federal 12.395, que modifica a Lei Pelé, fala sobre a criação das cidades olímpicas em cidades que tem alguma perspectiva em modalidades que fazem parte dos jogos. E nós temos duas: a ginástica artística e o tae kwon do. Temos duas atletas da ginástica, no centro de treinamento permanente em Curitiba/PR. A Federação Potiguar de Ginástica vai receber da Alemanha equipamentos super modernos. Mas, onde vamos colocá-los? Então, tudo isso poderia ser concentrado no Caic. No projeto da Seel, vamos construir um ginásio apenas para a ginástica artística e outro para as lutas de artes marciais, já que o Rio Grande do Norte vai receber um centro de excelência do Tae Kwon Do. Isso vai custar cerca de R$ 1,6 milhão.

Faltam recursos para realizar esse projeto?

O que falta, na verdade, é a governadora Rosalba Ciarlini entender e compreender que é necessário repassar o domínio do Caic para a secretaria de esportes. O projeto contempla mais coisas. Recuperar a piscina, que hoje é apenas foco de mosquito da dengue. Melhorar a pista de atletismo, aumentando mais duas raias. Fazer dois ginásios cobertos, cabines de imprensa, banheiros limpos. Além disso, construir o museu do esporte do Rio Grande do Norte. Fazer a Pousada do Atleta ali, para 490 lugares, em parceira com o Senac, arrendado por eles e o Barreira Roxa, que é aonde vai entrar dinheiro nesta fundação, que vai se chamar Cidade Olímpica. Temos tudo pronto. Porque o importante não é apenas inaugurar com banda de música. O importante é manter essas praças esportivas. O que falta é o Caic vir para as nossas mãos. Esse é o legado que quero deixar para a população do Rio Grande do Norte.

Faltam ginásios em Natal?

É inadmissível um político potiguar chegar no Ministério dos Esportes pedindo verba para a construção de ginásios em Natal. Temos o Sílvio Pedroza, que fica dentro do Colégio Atheneu. O Palácio dos Esportes, na Praça Sete de Setembro. E o ginásio do DED. Sabe qual é o problema? A falta de manutenção. A pessoa não pode ir ao DED depois das seis horas da tarde, porque corre o risco de ser assaltada. Aí, eu lhe pergunto: quem vai querer liberar verba para o Rio Grande do Norte construir ginásios, se não tomamos conta dos que já existem?

O senhor vai fazer um ano à frente da Seel. O que mudou nesse tempo?

Tomei posse como secretário no dia sete de fevereiro de 2011. Quando assumi, chamei todos os funcionários da secretaria e disse: “vim cuidar do erário público”. Procurei saber a situ-ação de cada funcionário. A Seel não tem quadro efetivo. São todos à disposição e cargos comissionados. Fiz um levantamento de pessoal junto à Secretaria de Educação e, aqueles que estavam respondendo por algum processo administrativo, em estado probatório ou suspenso, não puderam retornar. Enxuguei o quadro de pessoal e consegui formar minha equipe. Baixei uma portaria em que os carros deveriam ficar ao fim do expediente e nos finais de semana, no estacionamento da secretaria. Depois, instalei o ponto de freqüência. Muitos ficaram chateados. O problema do servidor público estadual é que eles querem o emprego, mas não querem o trabalho.

Foi difícil implantar essa nova filosofia?

Só para se ter ideia, encontrei pessoas no Comitê Olímpico Brasileiro que se diziam representantes do Rio Grande do Norte. Até cartão com a logomarca da secretaria, com o cargo de sub-coordenador eles tinham. Esse cargo nunca existiu. O único trabalho que eles tinham, era de ir à Seel para usar o telefone para resolver seus problemas. Além disso, costumavam arranjar problemas com os outros funcionários. Mandei cortar o ponto desses.

O orçamento da Seel é reduzido?

É pequeno. Acho que, para 2012, vamos ter um valor de R$ 1,8 milhão, para o ano todo, porque tivemos 50% da nossa verba cortada. Se você passar uma manhã na secretaria, vai ver que não paro de receber ligação de presidente de federação pedido verba para passagens, hospedagem. E se eu não libero, vão para a mídia reclamar. É complicado. Mas, fui convidado para assumir a secretaria, porque tenho livre trânsito em Brasília. Bato de porta em porta para aprovar os projetos. E quando eles são aprovados, executo.

Essa interiorização do esporte está dando resultado?

Claro. Estamos realizando vários fóruns pelos municípios, e, a partir disso, foi criado um fundo, pelos 96 representantes municipais, para gerir recursos. Se um município quiser, por exemplo, bolas, ele não vai pedir diretamente para a secretaria e sim ao presidente do Fórum. O campeonato brasileiro de vôlei juvenil foi realizado em Assú, por decisão do Fórum. O Brasileiro e Mundial de Kite Surf, foi levado para Baía Formosa, em Canguaretama, por decisão do Fórum. A praia da Pipa, em Tibau do Sul, vai receber a Copa Brasil sub-17 e sub-19 de Tênis de Mesa e mais o Campeonato Aberto de Masters da modalidade. São 500 atletas E é o Fórum que toma conta de tudo. O futsal está atravessando uma grande fase no interior do Rio Grande do Norte. Estamos avançando nesse quesito.

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