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Tempo de inverno

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Woden Madruga
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Chegando na metade de abril, o volume de chuvas que vem ocorrendo no semiárido nordestino já dá para se afirmar que 2018 será de inverno regular pelos nossos sertões, afastando de vez a assombração de mais de cinco anos seguidos de seca. Falta agora a análise dos meteorologistas levando-se, também em conta que ainda restam três meses de chuva, dependendo da faixa deste Nordeste de geografia e céus diferentes. Sabe-se que a temporada tida de inverno normal é de quatro meses. Por exemplo, se as chuvas começaram a cair em janeiro, o período se estenderá até final de abril, podendo esticar por mais alguns dias de maio. Historicamente há regiões no Norte, como no Piauí e no Ceará, que as primeiras chuvas já caem em dezembro.

Aqui no Rio Grande do Norte já há registros de chuvas ocorridas em janeiro na região Oeste, pegando a “tromba do elefante”, subindo pela Chapada do Apodi. Há municípios onde choveu mais de 400 milímetros, rios descendo com cheias, açudes médios sangrando. No Seridó também se tem notícia de boas chuvas, um pouco menos que no Oeste, mas boas e promissoras. Lembrando o saudoso Oswaldo Lamartine de Faria, que anotou em suas pesquisas que o inverno do Seridó durava coisa de quatro meses e a média das chuvas era em torno de 400 milímetros. Ano normal, ano de fartura. Pelas informações que se tem, já há município seridoense com esse total de chuva. Falta agora que a Secretaria de Agricultura faça e divulgue uma análise dessas chuvas. Do Oeste, do Seridó, como de todo o Estado, incluindo o Vale do Assú e o Agreste, onde o inverno normalmente se estende até junho.

O sertanejo está certo de que 2018 será um ano normal de inverno regular, com chuvas acima da média histórica, pois ele acredita nos mistérios das nuvens e na força dos ventos. Mas é importante uma avaliação técnica desse quadro. Ontem tive uma conversa com o Galego Saldanha, peagadê em sertão, proprietário da Fazenda Amazonas, município paraibano de Belém do Brejo do Cruz, que faz divisa com Patu e Messias Targino, do lado de cá. Aliás, o Galego, divide o seu tempo entre Natal e o sertão da Paraíba, atravessando semana sim semana não o Seridó. Me deu dados das chuvas de lá. Em sua fazendo já choveu este ano (incluindo a chuva de ontem) 590 milímetros. A média histórica de bom inverno na Fazenda Amazonas é de 650 milímetros. Faltam, portanto, apenas 60 milímetros para alcançá-la. Que pode acontecer hoje, 14 de abril, consagrado a Santo Hermenegildo, nome comum por aqueles sertões. Tem até um escritor e poeta, nascido em Acari, que atende por este nome: Humberto Hermenegildo. Tem uns versos dele, que falam assim:

“Na rua passava um riacho / carregava água de rio. // Chove – ele vai, sonho ido / um rio que vai, só um rio. // Na rua passava um riacho / a flor do sonho que espio. // Água no chão, fio de rio / lodo de sonho infantil. ”

Tem muita água no chão por estes sertões. Chão adubado, milho começando a bonecar, muito pasto, gado solto nos cercados já gordo. O Galego Saldanha me deu outro dado importante, ele criador de gado leiteiro: há 60 dias deixou de comprar ração. Suas vacas bem ubradas de satisfazem no pasto e até a produção do leite aumentou. Essa é a cara do Brasil que todos nós- inclusive a Globo – gostaríamos de ver.

Aguardemos, pois, a análise dos meteorologistas, no caminho do inverno generoso.

Onde choveu
O boletim de ontem da Emparn registra chuvas em todas as regiões do Estado, mais de 100 postos acionados. Foi a maior esticada de chuva do ano. As maiores chuvas foram na região Oeste, cerca de uns 50 municípios:  São Rafael, 110 milímetros, Serrinha dos Pintos, 104, Frutuoso Gomes e Viçosa, 100, Riacho de Santana e Dr. Severiano, 89, Lucrécia, 85, Umarizal, 80, Martins, 77, Patu, 70, José da Penha, 65, Rodolfo Fernandes, 60, São Francisco do Oeste, Francisco Dantas, Luís Gomes e Tibau, 58, Rafael Fernandes, 57, Major Sales, 56, Marcelino Vieira, 55, Messias Targino, 53, Gov. Dix-sept Rosado e Baraúna, 52, Venha Ver, 50

Mais: Água Nova, 49, João Dias e Paraná, 45, Tenente Ananias, 44, Alexandria, 43, Olho D’Água dos Borges, 38, Felipe Guerra e São Miguel, 37, Apodi, 36, Severiano Melo, 35, Apodi, 32, Caraúbas, 29, Areia Branca e Pilões, 21, Campo Grande, 20, Grossos, Ipanguaçu e Janduís, 16, Porto do Mangue, 15.

No Seridó  A maior chuva no Seridó foi em Timbaúba dos Batistas, 55 milímetros, seguida de São João do Sabugi, 30, São Fernando, 13, Lagoa Nova, 11, Santana do Matos, 19, Ouro Branco, 5. No Sertão Cabugi: Pedro Avelino, 30. Mais em cima, São Bento do Norte, 80 milímetros, Guamaré, 20, Macau, 17.

No Agreste: Parazinho, 46 milímetros, Bento Fernandes, 40, São Bento do Trairi, 37, Taipu, 29, Coronel Ezequiel, 26, Bento Fernandes, 25, Ielmo Marinho, 24, Campo Redondo, 22, João Câmara, 20, Santo Antônio e Japi e  Monte das Gameleiras, 16, Rui Barbosa, 15.

Região Leste: Pedra Grande, 56 milímetros, São Gonçalo do Amarante, 55, Extremoz, 52, Ceará Mirim, 33, Natal, 30, Canguaretama, 29, Parnamirim e Goianinha, 21, Espírito Santo, 20.

No Ceará 
Muita chuva no Ceará. Choveu em 139 municípios. Chuva passando dos 100 milímetros: Iracema (divisa com a Chapada do Apodi), 112 milímetros, Milhã, 109, Ererê (divisa com RN), 107, Russas, 103. Voltou a chover forte na região do Cariri: Umari, 87 milímetros.

Muita chuva também na Paraíba. A maior foi em Alhandra (Litoral Sul), 76 milímetros.  Em Condado, na região de Patos, 70, em Catolé do Rocha (encostado no RN), 69, João Pessoa, 64, Cajazeiras, encostada no Ceará, 61, Brejo do Cruz, na divisa com Jardim de Piranhas, 60.

Da Prudente 
Imeio que recebo do leitor que se assina Arnóbio de Almeida Rocha:

“Woden: Vi, dias atrás, na Tribuna do Norte, uma página inteira de publicidade do Governo do Estado anunciando obras monumentais, uma delas na Avenida Prudente de Morais.  Moro há 15 anos no Alto da Candelária (Rua Ernesto Nazareth). Como trabalho no bairro de Petrópolis percorro a Prudente de Morais, há anos, todos os dias, e nunca vi nesse trajeto nenhuma obra do Governo do Estado. Você sabe que obra é esta tão alardeada? ”

Sei não, Arnóbio. Seria a Praça Pedro Velho?

Política 
Deu na coluna Painel, da Folha de S. Paulo:

– O Ibope, que faz uma pesquisa nacional por mês para consumo interno, decidiu que manterá Lula em um dos quatro cenários pesquisados até agosto. A partir daí, diz Carlos Montenegro, o nome dele não será mais levado ao eleitor.

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