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Tempo dos elefantes

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woden madruga 
No meio da semana, terça-feira, 16, lua avançando no quarto crescente, caiu na minha bacia das almas carta do mestre Florentino Vereda que permanece atento, olhos e ouvidos abertos, para as coisas que vão acontecendo no mundo. O mote principal tem a ver com uma manada de elefantes vagando sem rumo pela China. Vejamos como esta história é contada:
“Meu caro Woden:
Ontem, fim de tarde, o sol se recolhendo para o merecido descanso, toca o telefone e a Jéssyka atende. Era o Professor Axel Geburt, preocupado com a falta de notícias nossas, já que lá fora só se sabe do Brasil pela imprensa internacional, toda ela manipulada pela Globo. Quando lhe disseram que uma manada de elefantes (‘elephas maximus’) vagava sem rumo pela China, lembrou-se imediatamente do Rio Grande do Norte que, embora sem rumo há muitos anos, ainda não havia ultrapassado suas fronteiras.  Mas logo viu que estava enganado. Conversando com colegas da seleta comunidade de cientistas espalhados pelo mundo afora – de Oxford a Jucurutu – procurou saber deles as possíveis explicações para tão inusitado fenômeno. Várias foram as hipóteses, nenhuma conclusiva. Suspeita-se que o poeta peripatético Volonté segue a caravana, já que não tem sido visto no Beco da Lama. Mas não há confirmação, pois as imagens de satélites não indicam presença humana entre eles.
Uns dizem que teria a ver com a teimosia de Donald Trump em não se conformar com o resultado das urnas que, segundo ele, foram fraudadas pelos afrodescendentes, todos petistas. Se o voto fosse eletrônico ele teria vencido. Foi golpe. Como se sabe, nos Estados Unidos o elefante simboliza o Partido Republicano. O próprio Trump, tentando personificar a imagem do partido que escolheu e tenta comprar, resolveu alongar os beiços para fazer uma tromba, mas ainda não conseguiu, embora tenha procurado um famoso cirurgião plástico brasileiro, que se recusou a atendê-lo ao saber que, juntamente com Rodolph Giuliani, ele enfrenta vários processos na justiça americana.
Suspeita-se que a caravana de proboscídeos seria uma estratégia do ex-presidente para pressionar o Partido Comunista Chinês a anular a eleição de Xi Jin Ping a ungi-lo presidente da China, pois são pequenas as chances de voltar ao cercadinho da Casa Branca. E, no comando da maior economia do mundo, poderia combater o comunista Joe Biden. Na vizinha Coréia do Norte o ditador Kim-Jong-Um virou a mira dos seus mísseis, do território americano para a tropa dos paquidermes republicanos, antes que Trump entre triunfalmente em Pequim e de lá, montado neles, continue a marcha até Pyongyang.
Há também a dúvida se não teriam os elefantes – saudosos dos seus pastos originais – fugido dos decadentes circos brasileiros, onde trabalham como escravos em troca de um pouco de alimento dividido com leões e macacos. Alguns foram vistos descansando em vagas de cadeirantes, coisa de brasileiros. Outro, embriagado num depósito de grãos que sobraram da fermentação de bebidas, chorando e cantando “eu não sou cachorro não”, com inveja dos “pétchis” das madames. Afinal, até onde se sabe, ainda não se viu alguém desfilando nos shoppings com elefantes presos em coleiras, sem falar no custo de um banho no seu bichinho (?) de estimação. Lavajatos; nem pensar. Esta é, hoje, uma palavra tóxica nos meios políticos de Pidorama.
Relendo “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, imagina-se que o problema seja mais sério. Na Austrália, por exemplo, os moradores de cidades do leste sofrem com uma invasão de ratos (‘mus músculus’). Calma! Não são partidários de Ratinho Júnior em busca da reeleição do seu ídolo ao governo do Paraná. A presença dos camundongos se transformou numa verdadeira praga. Eles estão por todos os lados, nas áreas urbana e rural.
Considerando-se que as duas características mais marcantes dos elefantes são a memória e o medo dos roedores, pode ser essa a explicação. Lembrando-se da peste negra – que se originou de ratos a bordo de caravelas – os paquidermes estariam se dirigindo a Wuhan, em busca de vacina que lhes protejam dos camundongos, desconfiando do parentesco deles com os morcegos.
Eu, que não sou biólogo nem crio animais de estimação – além de Jéssyka -, suponho que os bichos por fim se rebelaram, notando que o homem está destruindo a natureza de que eles dependem para a sobrevivência, já que não há indícios de que Elon Musk pretende levar para Marte qualquer um deles, a não ser os gatos e cachorros dos astronautas.
O Professor Geburt perguntou pelo amigo “Careca”. Ficou feliz ao saber que ele foi morar no campo, com sua cara-metade e está se entendendo muito bem com a fauna local. Já aprendeu a língua dos saguis e conversa com eles quando Alex não atende seus telefonemas. Por enquanto os símios ainda não estão dividindo o Old Parr nem o Cointreau. Preferem as saborosas batidinhas e caju que Cristina prepara. Os passarinhos, porém, já cantam a sinfonia pastoral de Beethoven. A única coisa de que reclamam é dos cigarros. Nem as cigarras toleram.
Se algum dia aparecerem elefantes na sua fazenda em Lagoa de Velhos, não se espante. Pior seria se fosse o leão do imposto de renda.
Um abraço
Florentino Vereda”
Poesia 
O natalense Pedro Lucas Bezerra, com doutorado em Literatura Comparada (UFRN), estreia na poesia com o livro “trem fantasma”, publicado pela Editora Quelônio, de São Paulo, agora em abril. Orelha assinada pela professora Maria Luíza Chacon. São 84 poemas, alguns deles passeando por ruas, becos, ladeiras, viadutos e praias de Natal.  A Ribeira está no roteiro. Li o livro, gostei, reli: 
“O céu da Ribeira/ às quatro da manhã pode ser/ para nós/ a procissão de luzes das catedrais portuguesas/ a nota final de uma música esquecida” (…)
Mais adiante está dito no poema “Comentário natalense a Huidobro”:
“Os quatro maiores poetas do Rio Grande do Norte/ na verdade são três:/ Blackout e Volonté”. 
 
UFRN 
Sexta-feira que vem, dia 25, noite de lua cheia, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte completa 63 anos de fundação.  Começou estadual, decreto assinado pelo governador Dinarte Mariz, no Palácio Potengi, 25 de junho de 1958. Instalada em solenidade realizada no dia 21 de março de 1959 no Teatro Alberto Maranhão, orador oficial: Luís da Câmara Cascudo. Foi federalizada em 18 de dezembro de 1960, governo do presidente Juscelino Kubistchek. 
O primeiro reitor foi o médico e professor Onofre Lopes , inspirador e condutor da obra. 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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