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Tempos medonhos

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Vicente Serejo

tempos modernos

Vivemos tempos medonhos, Senhor Redator. E tempos nascidos da intolerância que há de ser um sinal da danação do mundo. De vez em quando, na história humana, há tempos assim. Os homens, quando poderosos, são teimosos. Tentam controlar a liberdade como se, não tê-la, fosse algo possível. Ser livre incomoda e mais incômodo é ter a consciência de ser imprescindível o sentimento individual e coletivo de libertação, com ou sem constituições. 

Lembro uma aula do professor Américo de Oliveira Costa ainda na velha Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza, na Fundação José Augusto. Em razão do conceito de liberdade de expressão, falou longamente sobre a Revolução Francesa. Como se fosse uma semeadura que até hoje viceja forte nos anos maduros. Contou o sonho de Robespierre, Danton e Marah, este médico e jornalista, a soprar a chama que iluminou os revolucionários de 1789.

O professor Américo – quem conheceu sabe muito bem – tinha na França sua segunda pátria. Para ele, como para os grandes historiadores do seu tempo, a Bastilha era muito mais do que os muros do negror e seus prisioneiros. Era um símbolo terrível da intolerância que aprisionava os sonhos, ainda que de alguns poucos, quando era uma ostentação insuportável sonhar com a liberdade naquela Paris sob o luxo de Versalhes na loucura de Henrique XVI.

Até hoje, de vez em quando, até por capricho dos demônios, o poder cai nas mãos diabólicas de alguém que resolve governar a alma e não o destino das nações. No desejo de dominação, acaba sempre tentando sufocar a liberdade, convencido, por suposto, claro, que acabará entorpecida e adormecendo. Não nota que a liberdade nunca dorme. Na sua vigília mantém acesa a chama sagrada que aquece o mais belo sonho do ser humano que é ser livre.

Não é novidade para quem conhece um pouco da História. Professor Américo nunca deixava de lembrar que a Revolução Francesa foi a derrubada da monarquia, tão louvada de vaidade, a extorquir os comerciantes. Não derrubou o capital, muito menos pretendeu por no alto do poder os comunistas que, sequer, existiam naquela França de 1789. Foi o sonho da liberdade, igualdade e fraternidade, um sonho que, duzentos anos depois, ainda fracassa.

Não será a danação do mundo, cuspindo intolerância ou vociferando contra todos, que impedirá o sonho duas vezes secular. Uma vez, numa ruazinha de Lisboa, anos oitenta, vi numa pequena placa um aviso que dizia mais ou menos assim: “Aqui, na calada da noite, uns poucos homens sonharam com a liberdade”. Sonho virou realidade na madrugada de 25 de Abril de 1974 quando a liberdade, renascida, tremulou outra vez no vermelho dos cravos.

ZILA – Hoje, quinta-feira, 14 deste novembro da Senhora da Apresentação, 9h da amanhã, a mesa sobre ‘O Arado’, de Zila Mamede. Com todo brilho de Tarcísio Gurgel e Diva Cunha.

LUTA – O que desejam os bolsonaristas do Congresso Nacional contra Lula? Apenado ele já é. Inelegível por ficha suja, também. Processos na Justiça tem seis. Proibir até seu ir e vir?

TÁTICA –  A polarização Bolsonaro x Lula está nas ruas. Por interesse dos dois, certos de que assim serão os dois polos da política nacional. Só o eleitor pode decidir. Mais ninguém.

ALIÁS – Só as ruas poderão dizer da capacidade de Lula de liderar a oposição na campanha municipal de 2020 e, por decorrência, a sucessão presidencial de 2022. É seu teste de fogo.

ARSENAL – Não se pode negar a capacidade de sua militância, mas resta saber se levará o sentimento lulista com a intensidade de antes. A classe média demonstra que quer mudança. 

ED – A professora Eulália Barros será oradora em nome das ex-alunas da Escola Doméstica na sessão de homenagem da Assembléia Legislativa, às 9h da manhã. Na próxima segunda.

ALIÁS – É nos jardins da Escola Doméstica que Henrique Castriciano fundou que a Liga de Ensino, também criada por ele, lhe cava, pouco a pouco, e a cada dia, a sua nova sepultura. 

LÂMINA – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, irônico sobre a ameaça da AL chamar a polícia: “No arbítrio era o governo que surrava o povo. Agora é o Legislativo”. .  

BURACO – A crise orçamentária da Prefeitura de Mossoró, tamponada até agora para evitar desgaste, já ultrapassou a marca dos R$ 43 milhões. E mesmo mantendo a sua folha em dia. O governo, a partir da herança, já estaria num galope grande, acima de um bilhão de reais.

ALIÁS – A herança maldita que o Instituto de Previdência do Estado carrega nas costas vem desde tempo de antanhos. Os dados dos arquivos revelam que há cerca de 40 mil servidores aposentados, mas recebendo sem que o órgão nunca tenha recebido as parcelas do governo.

NATAL – A previdência da Prefeitura de Natal não anda menos desgranada na capilaridade dos efeitos danosos. A gestão anterior garfou cerca de R$ 32 milhões dos contracheques dos servidores e não recolheu. E ninguém respondeu pela feia pedalada diante dos olhos do MP. 

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