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Tendência de queda da dengue não afasta risco à população

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Débora Ramos
repórter

O surto de dengue registrado na capital potiguar durante o primeiro semestre deste ano está chegando ao fim. É o que apontam os recentes boletins divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que registram sucessivas quedas na curva epidêmica da doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. Segundo o coordenador do programa de combate à dengue em Natal, Alessandre de Medeiros, a queda da incidência da doença vem sendo notada há pelo menos três semanas initerruptas e, caso se prolongue por um período de mais 15 dias, poderá fazer com que a cidade deixe de sofrer os efeitos de uma epidemia. A “boa fase”, porém, não é garantia de que o município não enfrente novos casos ou esteja imune ao surto do sorotipo 4, uma vez que a população natalense  não é familiarizada com essa variação.
A aplicação de larvicidas e inseticidas ajuda a combater a doença
De acordo com o infectologista Kleber Cruz, a diminuição da doença já era esperada com o fim do primeiro semestre. “A dengue é tradicionalmente mais forte nos primeiros meses do ano, portanto, essa queda faz parte do ciclo natural da doença, e não deve ser atribuída ao trabalho de prevenção dos órgãos de enfrentamento”, comentou. Segundo ele, a razão para a perda da força está relacionada à estação chuvosa, que atrapalha o desenvolvimento do mosquito. “Com a chegada de chuvas abundantes, os transmissores não conseguem se reproduzir de maneira adequada, pois os criadouros transbordam e a larva morre”, explicou.

Conforme o último boletim epidemiológico da SMS, com dados coletados até o dia 18 de junho,  o município acumula um total de 5431 casos notificados de dengue, entre os quais 293 foram de forma grave da doença. Este total representa um aumento de 371,4% ante ao mesmo período do ano passado, quando foram notificados 1.152 casos. Atualmente, os bairros com maior incidência são Bom Pastor (com 1.618 casos para cada 100 mil habitantes) e Mãe Luísa (1.449/100.00). Até agora foram notificados 10 óbitos, dos quais um foi confirmado.

“Se as chuvas não se estenderem por muito tempo podemos prever o término da epidemia para o início de agosto, caso contrário, o prazo pode se alongar um pouco mais”, disse  Alessandre de Medeiros, explicando que para que a situação seja considerada normalizada em Natal, a linha da incidência dos casos deve ficar entre a média registrada nos anos anteriores e a projeção feita com base no limite máximo esperado. Atualmente, a curva está posicionada no meio deste dois índices. As medidas empregadas pelo município contra a doença englobam vistoria de residências, aplicação de larvicidas e inseticidas, além de ações educativas.

Agentes voltam ao trabalho, mas ainda há problemas

Apesar dos atuais resultados garantidos, o trabalho de controle da dengue em Natal vem enfrentando dificuldades. Entre elas, a greve dos agentes de endemias, que acabou ontem após quatro dias de paralisação. O movimento, iniciado pelos trabalhadores para reivindicar o pagamento de vales-refeição, do 1/3 de férias e melhores condições de trabalho, foi extinto após negociações com a Prefeitura, que ameaçou cortar o ponto da categoria. “Acabamos com a greve com a garantia de receber o auxílio de alimentação a partir do final do mês. Caso o pagamento não se concretize, iniciaremos nova paralisação já no começo de agosto”, informou o secretário do Sindicato dos Agentes de Endemias (Sindas/RN), Cosmo Mariz.

Além da parada dos agentes de endemias, que não interrompeu totalmente, mas atrasou os trabalhos de prevenção na cidade, o programa de combate à dengue  enfrenta atualmente outro problema: a insatisfação dos trabalhadores que atuam no tratamento focal. Responsáveis pela aplicação dos inseticidas nos imóveis, estes profissionais reivindicam o incremento das gratificações de insalubridade de 20% para 40%, além da presença de um engenheiro agrônomo para orientá-los no manuseio da substância.

De acordo com Cosmo Mariz, o praguicida utilizado pelo grupo de trabalhadores é “muito forte”, o que justifica as exigências. “Os agentes utilizam o inseticida Malathion, que de tão agressivo  já chegou a ser proibido pelo Ministério da Saúde. Por isso, é justo dar maior atenção às pessoas que lidam diretamente com ele”, explicou. O argumento do sindicalista, contudo, é rebatido prontamente pelo coordenador da SMS, que afirma que o manuseio da substancia obedece ao protocolo do Governo Federal.

“Nós agimos de acordo com as normas do MS e não há nenhuma  recomendação que determine a presença de um engenheiro agrônomo nas unidades municipais de controle”, disse, esclarecendo que há, contudo, demanda deste profissional nas unidades estaduais de combate à doença.

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