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Tendência é de alta para combustíveis

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Isaac Lira – Repórter

O presidente da  Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda, afirmou ontem, durante audiência pública realizada na Assembléia Legislativa, que, em vez de redução, a tendência a curto prazo é o aumento nos preços da gasolina e do álcool nas bombas. O motivo seria a alta do álcool anidro, que é 25% da composição da gasolina tipo C. “Os preços vão continuar subindo. O álcool já está sendo comercializado por R$ 2,55 hoje. Até que o período de entressafra acabe, ficará dessa maneira. Talvez em maio já tenhamos queda nos preços, mas até lá a tendência é de aumento em todo o país”, disse. A previsão de aumento contraria a expectativa de consumidores que têm se mobilizado no Rio Grande do Norte na tentativa de impulsionar a queda dos valores.

Paulo Miranda, da Fecombustíveis: Os preços vão continuar subindoOs representantes dos revendedores informaram durante a audiência pública, que teve como tema o cenário de preços atual no estado, que já existe um reajuste ainda não repassado para o Rio Grande do Norte., por conta da mobilização popular. A BR Distribuidora, uma das que operam no estado, não confirmou a informação, preferindo não se pronunciar. O Sindicato dos Postos do RN informou, através da Assessoria, que o atual preço – R$ 2,85, em média – será mantido, a não ser que novos reajustes sejam repassados pelos distribuidores. Nesse caso, a tendência é um novo aumento nas bombas. Nesse momento, é possível dizer que tudo depende das oscilações do preço do álcool anidro.

Com uma produção insuficiente para a atual necessidade do Brasil, o álcool foi considerado por revendedores e distribuidores como o grande vilão na tendência de alta nos combustíveis. Como o país está em período de entressafra, e o consumo de combustível aumentou 11% em 2010, o álcool tem sofrido sucessivos reajustes. Essa oscilação promete ir parar direto no bolso do consumidor. “Como a produção é insuficiente e é obrigatório misturar 25% de álcool na gasolina tipo C, temos dois efeitos colaterais: um é o aumento no preço e o outro a possibilidade de faltar gasolina no  país. Hoje em Minas Gerais eu já tenho 12 postos sem o produto, por conta da escassez”, relatou Paulo Miranda.

A Fecombustíveis considera a diminuição no valor cobrado pelo litro da gasolina no Rio Grande do Norte – percebido nos últimos dias pela população e confirmado em pesquisa do Procon – o resultado da “intimidação” dos movimentos sociais e órgãos públicos sobre os revendedores de combustíveis. Para ele, os donos de postos “cortaram na própria carne, diminuindo o lucro bruto que já é baixo” para conseguir chegar ao atual preço.

O pesquisador da UFRN, Samuel Gabbay, também falou sobre a tendência de aumento no preço do combustível, mas numa perspectiva diferente. Para Gabbay, além dos impostos e dos problemas com o álcool anidro, a alta margem de lucro dos postos incide de forma determinante nessa equação. “A margem de lucro elevada que se pratica no RN só perde para Acre e Roraima, estados que têm altos custos logísticos”, aponta o pesquisador.

Preços mais baixos estão  na ZN

O Procon Estadual finalizou a pesquisa de preços iniciada na última terça-feira e constatou a diminuição do preço da gasolina e do álcool em Natal. Segundo o levantamento do órgão, o preço do litro de gasolina em Natal varia entre R$ 2,72 e R$ 2,88. A diminuição é constatada pelo Procon após a intensa campanha popular nas redes sociais da internet contra o reajuste. A pesquisa verificou os preços de 53 postos de combustíveis.

De acordo com o levantamento, há 10 faixas de preço em toda a cidade. A maior parte dos postos de combustíveis – 24 dos 53 –  vende o litro de gasolina a R$ 2,85, o preço médio na cidade atualmente. No geral, os preços da zonas Sul, Leste e Oeste estão mais altos que os preços da Zona Norte. É do outro lado do rio que está a gasolina mais barata de Natal – no Posto Carrefour – vendida a R$ 2,72. Um exemplos semelhante é o Posto Potengi II, na avenida Industrial Francisco da Mota, na Zona Oeste, com R$ 2,73.

Segundo Araken Farias, diretor do Procon, apesar da vitória aparente, ainda há distorções no preço dos combustíveis em Natal. O diesel e o Gás Natural continuam com os mesmos índices de aumento, apesar de o álcool anidro, considerado pelos donos de postos o grande vilão do aumento, não ter incidência sobre o valor desses dois combustíveis. “É estranho o reajuste no diesel e no gás natural”, diz Araken.

Álcool volta a ser apontado como vilão

Segundo o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda, o aumento da alíquota de ICMS e a influência da alta no preço do álcool anidro, que significa 25% da composição da gasolina tipo C, são os responsáveis pelo aumento do preço. Outras variáveis, como o frete, por exemplo, não sofreram alteração. A partir disso é possível fazer um cálculo médio de como funcionou o aumento experimentado no início do mês.

O representante da BR Distribuidora, Samuel Lopes, fixou o valor da gasolina ao sair da distribuidora em R$ 2,44. Essa é uma média, tendo em vista que as condições de pagamento de cada posto e a quantidade comprada pode interferir no preço para mais ou para menos. Esse valor foi praticado a partir do dia 06 de abril, segundo declarou na última audiência pública. Antes disso, o preço era R$ 2,26.

Em outras palavras, a supervalorização do álcool significou R$ 0,18 a mais no preço. O aumento do ICMS de 25% para 27% majora, segundo o Procon, em R$ 0,05 no preço do combustível. O total é de R$ 0,23 a mais.

Tomando como base essas informações, é possível dizer que, quando o combustível saiu de R$ 2,65 para R$ 2,99 nas bombas de gasolina, apenas R$ 0,23 dos R$ 0,34 a mais eram devidos ao aumento do álcool anidro e ao ICMS. Há uma diferença de R$ 0,11 que não pode ser atribuída a essas duas variáveis.

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