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Tereza Maia

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Eulália Barros
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis e pessoas incomparáveis”. 
Fernando Pessoa 
Esse dizer de Fernando Pessoa é inteiramente endereçado a Tereza Maia, se ele tivesse a conhecido e com ela convivido. Tereza, foi uma das pessoas incomparáveis em todos os dias da nossa convivência, em todos os anos do governo Tarcísio Maia, com uma amizade e empatia instantânea e que continuam até hoje.
Uma mulher aparentemente frágil, contendo, no entanto, uma fortaleza no pensar e agir, na condução e educação de sua família, e uma sabedoria na convivência social. Era uma mulher de fala mansa, olhar terno e gestos nobres. Extremamente discreta. Não gostava de ser chamada de 1ª Dama, era simplesmente Tereza. Tinha como marca em seu dia a dia, a atenção e delicadeza a quem lhe procurasse ou a quem a ela se dirigisse.
Dela, recebi não só uma sincera e espontânea amizade, como em muitas outras ocasiões, recebi lições de compreensão e paciência com a difícil convivência humana.
A sua caridade aos mais esquecidos, era compreendê-los em suas dignidades. Na Colônia São Francisco, às quintas feiras, Tereza levava para os seus moradores, doentes hansenianos, não só um lanche, mas muito carinho e alegria. Conversava com cada um daqueles, como se fossem velhos e conhecidos amigos.  Em muitas dessas visitas levamos um sanfoneiro para um “baile” que ela iniciava dançando animadamente e (sem nenhum preconceito), como se eles não tivessem as visíveis e angustiantes mutilações da doença. Para essas quintas feiras, ela não queria publicidade, nem promoção pessoal: “era a mão direita não vendo o que a mão esquerda fazia”. Ajudar às pessoas e entendê-las fazia parte da sua personalidade, que ia de pequenos cuidados a grandes gestos.
A suposta aparência frágil de Tereza, continha, no entanto, uma fortaleza nos seus princípios morais de falar e agir em sua família, como também em sua convivência política e social. De Tereza, nunca ouvi uma crítica destrutiva ou um comentário leviano. Eu privei não só da sua convivência, como da sua confiança, em momentos importantes e marcantes das nossas vidas. Ela me dizia que era muito rica, pois tinha dois rios: o Rio Grande do Norte, o Rio de Janeiro e uma baía, a Bahia de todos os Santos, o seu chão.
Tarcísio e Tereza moraram em Mossoró, em Natal e no Rio de Janeiro, e as suas casas nessas cidades foram sempre pontos de encontro de diferentes ideologias e credos em agradáveis conversas. De Mossoró ela falava com carinho e saudade. As amizades que lá começaram permanecem até hoje. Em Natal, a residência oficial do Governador do Estado, na Avenida Hermes da Fonsêca, foi transformada por ela, com sua simplicidade e bom gosto num lar. No Rio de Janeiro, a sua morada definitiva, era a casa onde ela continuou agregando os amigos e a família.
Para o Dr. Tarcísio, o seu primeiro alumbramento. A ele entregou a sua mocidade e fez com ele o seu caminho. Amou e foi amada.
Tereza foi mãe, exemplo de amor total aos seus filhos: José, Oto e Ana Sílvia, o porto seguro aonde eles ancoravam seus barcos e daí voltavam fortalecidos. Aos netos e bisnetos, a casa da avó, a ternura, o dengo. Às noras e genro, o apoio e a amizade.
Para os amigos o olhar da compreensão e do bem querer. Para todos nós uma mulher do seu tempo. Uma mulher inesquecível.
Nos não a perdemos, ela apenas mudou-se.
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