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Terreiros do passado

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Ramon Ribeiro
Repórter

Em Natal existem mais de 300 terreiros de religião de matriz africana, segundo mapeamento do Grupo de Estudos Culturas Populares, da UFRN. Alguns desses espaços têm mais de 50 anos de atividades e grande parte dessas atividades está registrada em documentos, fotos, objetos ritualísticos, tudo guardado pelos próprios responsáveis dos terreiros. Pouquíssimo conhecida, essa memória diz tanto sobre o passado da população negra de Natal quanto da própria história da capital potiguar.

Registro antigo pertence ao acervo do Centro de Caridade São Lázaro, cujo prédio é alvo de processo judicial

Registro antigo pertence ao acervo do Centro de Caridade São Lázaro, cujo prédio é alvo de processo judicial

#SAIBAMAIS#Assim acredita o antropólogo, pesquisador e professor Luiz Assunção, da UFRN. De acordo com ele, há um patrimônio histórico material e imaterial que precisa ser melhor preservado e valorizado. O professor é um dos organizadores do Seminário Internacional África Brasil, que chega a sua segunda edição voltado para o tema “Patrimônio e Religiões Afro-Brasileiras”. O evento será realizado entre os dias 13 e 15 de agosto, no Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA), na UFRN. O seminário é aberto a qualquer pessoa interessada pelo tema. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site.

“O Seminário tem o objetivo de debater a situação do patrimônio das religiões afro-brasileiras de Natal. Queremos discutir sobre como os acervos e arquivos dos terreiros estão sendo preservados e continuados. É importante pensar essa memória, buscar meios de transmiti-la para as próximas gerações”, conta Luiz Assunção.

Documentário Nosso Sagrado, investiga a perseguição e o racismo religioso contra o Candomblé e a Umbanda

Documentário Nosso Sagrado, investiga a perseguição e o racismo religioso contra o Candomblé e a Umbanda


Convidados

O evento terá como conferencistas pesquisadores internacionais e nacionais, bem como mestres dos terreiros da cidade e gestores públicos. Dentre os convidados, está a professora e pesquisadora francesa Stefania Capone (EHESS), autora do livro “A Busca da África no Candomblé” (Pallas, 2004); a doutora em Ciências Sociais Mariana Ramos, que lança no evento o livro “De religião a cultura, de cultura a religião: travessias afro-brasileiras no espaço público”; a antropóloga do IPHAN em Brasília, Maria Paula Fernandes Adinofi, com pesquisa sobre processos de patrimonialização da religião e cultura afro-brasileira na Bahia e Alagoas; e Milena Tavares, Diretora de Patrimônio e Humanidades da Fundação Gregório de Mattos, na Bahia.

Stefania Capone é autora do livro A Busca da África no Candomblé

Stefania Capone é autora do livro A Busca da África no Candomblé

Durante o seminário também será exibido o documentário “Nosso Sagrado”, de Fernando Soisa, Gabriel Barbosa e Jorge Santana. O filme investiga a perseguição e o racismo religioso contra o Candomblé e a Umbanda, que foram criminalizadas na Primeira República e na Era Vargas, período o qual foram apreendidos pela polícia mais de 200 objetos sagrados. Até hoje essas peças encontram-se sob a posse do Museu da Polícia Civil do RJ, inclusive já tendo sido expostas como “Coleção Magia Negra”.

Colaborou: Cinthia Lopes
Editora

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