Rubens Lemos Filho
O Brasil ganhou Olimpíada somente em 2016, gol de pênalti do mais antipático entre os insuportáveis, Neymar. Foi a glória das emoções tóxicas e dois anos depois a Bélgica botou o Brasil na roda e fora da Copa do Mundo. Dando olé.
O melhor time olímpico brasileiro foi o de 1988. Era uma convenção de bons de bola, hábeis e goleadores. Seu capitão e líder, o vascaíno Geovani, teve desempenho antológico, o que facilitou sua venda no ano seguinte ao Bologna(Itália).
Romário desabrochava aos 22 anos e logo depois de Seul, foi negociado com o PSV da Holanda. Bebeto empolgava com seus toques de efeito e deslocamentos constantes.
Assistia a Olimpíada no futebol às 6 horas da matina, pouco antes de sair para a aula. Contra a Argentina, aquela que derrubaria Lazaroni e seus comparsas, o Brasil fez uma partida tranquila, ritmada e Geovani marcou o gol da vitória(ele adorava triturar Hermanos), chutando da intermediária e matando o goleiro Islas, hoje uma espécie de cuidador disfarçado de auxiliar técnico de Diego Maradona. Islas é um sujeito decente e solidário.
A campanha, de tão boa, me fez recuperar os jogos em DVD, copiados de fita VHS(quem era vivo no tempo dela?), assistindo a cada um mais de três vezes, pelo menos. O Brasil estreou goleando a Nigéria, algo impensável hoje (4×0), venceu a Iugoslávia por 2×1 e a Austrália de 3×0.
A partida mais complicada selou o destino do Brasil. Contra a Alemanha Ocidental(o Muro da vergonha em Berlim) seria derrubado somente no ano seguinte, Geovani, Bebeto e Romário botaram os brucutus na roda, como se estivessem numa pelada em pleno calçamento de rua. Trivelas, passes de curva, lançamentos e cadência. A Alemanha corria e o Brasil usava o tempo com criatividade.
Logo na primeira jogada, Geovani enganou um zagueiro, driblou outros dois e bateu quase da linha de fundo, com efeito. A bola triscou a trave e saiu pela linha de fundo. O Brasil perdeu outras chances até que a Alemanha fez 1×0, fechando-se em retranca Panzer, nome de sua assombrosa divisão na Segunda Guerra Mundial.
Em jogada do fraco Careca do Cruzeiro, Romário cabeceou e empatou quando restavam menos de 10 minutos para terminar. Taffarel defendeu um pênalti de Klinsmann, um dos principais atacantes da história do futebol. Houve prorrogação em 0x0 e Taffarel, o Ungido, pegou mais três pênaltis que colocaram o Brasil na decisão.
Acontece que o destino é caprichoso e traquino. Geovani levou o segundo cartão amarelo e não disputou a finalíssima contra a União Soviética. Entrou Neto, atual dublê de comentarista. Neto nada jogou e o Brasil perdeu de 2×1.
Nenhuma seleção, de lá para cá, demonstrou tanta habilidade e brasileirismo. O time-base: Taffarel; Luis Carlos Winck, Aloísio, André Cruz e Jorginho; Ademir, Andrade e Geovani; Bebeto, Romário e João Paulo. Todos, na galeria das injustiças boleiras.
Humildade
Luiz
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