A importância da mobilidade urbana no desenvolvimento econômico foi o tema central na edição da última quarta-feira (2) da Live TN Business. Comandada pelo consultor Flávio Oliveira, a transmissão contou com a participação do especialista em Planejamento de Transportes, Carlos Batinga.
O especialista entende a mobilidade urbana como a facilidade que se promove para o deslocamento das pessoas e dos bens, com foco no desenvolvimento econômico e social das cidades, o que é uma prova, para ele, da relevância dessa área.
Conforme Carlos Batinga, o transporte coletivo é o eixo básico da locomoção nas cidades, destacando que não há exemplos no mundo em que o transporte individual motorizado tenha sido escolhido como alternativa de melhorar a forma como os deslocamentos ocorrem. “O Brasil, que é um país eminentemente urbano, com quase 85% da população vivendo nas cidades. Por isso, o problema da mobilidade urbana não é apenas da Prefeitura, é um problema nacional. Então, temos que investir e considerar esse eixo como indispensável para o desenvolvimento das cidades”, destacou Carlos Batinga.
Dada essa necessidade e importância do transporte coletivo, a qualidade deve ser indispensável para o seu funcionamento efetivo. Para isso, o especialista sugeriu a participação do poder público. Antes de citar o exemplo de como fazer isso, ele destacou que o transporte público é gerido em escala municipal, o que promove uma dificuldade na gestão, porque nem tudo que interfere nos custos do serviço podem ser controlados pelo poder público local. O problema, segundo Batinga, é que não tenha existido uma política pública nacional para essa área.
Dificuldades à parte, o que ele sugere para melhorar o cenário é o exemplo do que é feito com o serviço de limpeza das cidades. Nesses casos, parte do imposto cobrado sobre os imóveis é utilizado para pagar os prestadores de serviços que recolhem o lixo. Se a taxa arrecadada não for suficiente para custear o serviço, o poder público age para pagar a diferença. Batinga propõe algo semelhante com os sistemas de ônibus.
“Imagine se as pessoas de baixa renda tivessem de arcar com todos os seus custos de saúde, era impraticável funcionar. O transporte tem que entrar nesse rol também, de ser essencial, de você trabalhar qualidade e pagar essa qualidade”, frisou Carlos Batinga.
Para ele, falta mais participação de quem usuário no debate do transporte público. “O usuário tem pouco participado disso”, frisou o especialista. Com isso, as cidades vão ficando cada vez mais com mais engarrafamentos. “Nós não podemos ter um transporte de qualidade pago apenas por quem usa”, essa foi a frase mais utilizada por Batinga durante a live. Como se fosse o norte para que quem cobra melhorias no transporte público passasse a entender o problema dessa forma.
Durante a live, Carlos Batinga e Flávio Oliveira falaram sobre como a pandemia do novo coronavírus afetou o setor de transporte público. Para o especialista, a pandemia escancarou o problema que é o setor de transporte público. Reformular contratos e propostas de licitação é um dos primeiros passos que precisam ser dados para que o transporte público nas cidades brasileiras consiga mostrar uma melhora para os usuários, defendeu Carlos Batinga.
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