Por Anna Ruth Dantas
Ao analisar o ensino do Inglês, Sérgio Barreto fala com empolgação. Não para menos, afinal, foi ele o criador do método da escola Wise-up, que hoje é a maior rede da América Latina. Sérgio Barreto desmistifica a tese de que para aprender bem o idioma é preciso morar em um país cuja língua nativa seja o Inglês. E para romper esse estereótipo usa seu próprio exemplo. Ele se tornou fluente em Inglês no Brasil e só foi para os Estados Unidos para fazer mestrado. O principal apelo da escola de Inglês é ensinar o idioma em 18 meses. Sérgio Barreto admite que desde o início muitas escolas buscaram ensinar rápido, um método que era considerado uma ótima ideia com um péssimo resultado. Chegar a fórmula de ensinar em pouco tempo a fluência em Inglês só foi possível a partir da década de 90, com o uso de programas de computador. “Quando a gente acelera processo de aprendizagem estou dizendo que irei separar o que é importante para você ser fluente no idioma. Por exemplo, você aprende em Português o pretérito mais que perfeito.
Com que frequência você usa ele? Muito baixa”, explica Sérgio Barreto, que esteve em Natal visitando as unidades de Wise-up. Foi a partir dessa análise que os pesquisadores de linguística conseguiram identificar aquilo que gera e mantém a fluência. “Hoje em dia a gente tem percepção de como as coisas podem ser ditas em linguagem oral que é perfeitamente aceitável. Se redesenhou o conceito de fluência. A gente criou o método a partir disso. Otimizamos o processo de aprendizagem porque sabemos o que é mais importante para você se tornar fluente”, destacou Sérgio Barreto. Ele observa que a propaganda de ensinar Inglês em 18 meses tem um apelo mercadológico, mas é possível alcançar a meta a partir do auxílio da tecnologia.
O convidado de hoje do 3 por 4, é ator e professor por formação, mas foi no ensino do Inglês que ele se destacou e rompeu as fronteiras do país a partir da criação de um método que une a necessidade de aprender um novo idioma com o desejo da rapidez do tempo no alcance do objetivo. Com vocês, Sérgio Barreto.
O que é fundamental para aprender Inglês?
A gente pode ter duas questões. O primeiro ponto de vista é da perspectiva do aluno. Essa questão é muito importante. Hoje em dia dizer que é necessário aprender Inglês é quase chover no molhado. Todo mundo sabe que é necessário por questões profissionais e culturais. Só que essa necessidade em si ela pode agir contra ou a favor de você. Essa necessidade pode ser, na verdade, um grande elemento traumático ou algo que pode se tornar uma pressão muito grande. Pode até comprometer o seu processo de aprendizagem. Uma das coisas que eu levo mais em consideração com os meus alunos quando eles dizem que precisam aprender Inglês eu sempre digo para eles buscarem algo que gostam de fazer em Inglês. É importante você ter algo que seja seu. Além do curso, você tem que transformar em algo pessoal. Eu estive em Fortaleza e estava falando para adolescentes. Estava dando aula para um garoto de 14 anos que falava muito bem e perguntei como ele havia aprendido Inglês. Ele disse que amava videogame. Você pode até questionar se videogame é bom ou é ruim, mas é algo que ele faz em Inglês. Ele compra um jogo, compra outro e gosta de se divertir. E isso vai criando uma relação em você com o idioma. Tem gente que tem isso com música, com jogos, com filmes, com literatura, com negócios. importante você descobrir algo que você goste de fazer em Inglês. Tem gente que gosta de cozinhar e fica abrindo sites, blogs. Tem gente que gosta de pesquisar na Internet. Então essa criação do link pessoal é algo muito importante para o sucesso. Caso contrário você fica só com a pressão externa e não tem o que a gente chama de força interna que leve você.
Há um jargão que diz “você até pode estudar Inglês, mas só aprende mesmo se for estudar em um país de língua nativa”. Você concorda com isso?
Não. Eu entendo de onde ela vem, mas não concordo. Eu estudei Inglês no Brasil e só fui para os Estados Unidos fazer mestrado. Eu ganhei uma bolsa, fiz um concurso e nunca tinha pisado nos Estados Unidos. Eu tive que fazer prova de proficiência para fazer o mestrado e fui para os Estados Unidos. Mas sei de onde vem o conceito, que é aquilo de que morar no país leva você a ter experiência de idioma. Ela dá uma reformulada, dá um impacto diferenciado. Mesmo assim usar o Inglês fora da sala de aula, ou falar Inglês em viagens já uma reformulada no Inglês que se apresentou. Eu entendo que as pessoas dizem que você só consegue falar quando vai lá para fora (do país). Quando você vai lá para fora tem algo que acontece, é verdade. Tem uma simbiose da necessidade que é quase real de que você precisa comer, comprar, é o caráter imperioso da necessidade e isso dá uma movimentada no uso do Inglês. Mas dizer que só aprende lá fora isso eu não acredito.
Como foi que você criou o método Wise-up?
O método é ensinar o Inglês em 18 meses. Ele era considerado uma ótima ideia e um péssimo resultado. Até porque todo mundo gostaria de aprender Inglês mais rápido. Isso (o método Wise-up) fez parte de uma ruptura quase mercadológica de escolas que prometiam ensinar Inglês em um ano, quatro meses. Mas tem uma coisa que foi possível a partir da década de 90 e tem haver com a tecnologia. Quando a gente acelera processo de aprendizagem estou dizendo que irei separar o que é importante para você ser fluente no idioma. Por exemplo, você aprende em Português o pretérito mais que perfeito. Com que frequência você usa ele? Muito baixa. O futuro do presente ainda é incomum. A gente usa a locução verbal vou dançar e não dançarei. A percepção de que há uma parte da língua que gera e mantém fluência ela só foi perceptível na década de 90, por causa dos computadores. Começaram a jogar nos computadores diversos textos que eram usados em Inglês e até transcrições orais. E o computador conseguia fazer algo chamado corpos linguísticos e conseguiu identificar o que era mais frequente. E não só o que era mais frequente e como ele era mais frequente. A partir disso, os pesquisadores de linguística conseguiram identificar aquilo que gera e mantém a fluência. Obviamente que a língua é maior do que a fluência. Língua e fluência são totalmente diferentes. Quando as pessoas perguntam como eu consigo ensinar Inglês mais rápido logo questionam o que eu fiz com a língua. E aí respondo que estou tratando de fluência. Existem palavras mais incidentes. Existem construções mais reincidentes. Existem estruturas gramaticais mais reincidentes. Por exemplo, o verbo ver em Português, a gente não vive sem esse verbo. O verbo ver muda muito. É muita estrutura que aparece. Se você é fluente em Inglês, você consegue passar sem usar o verbo “to get”? São tantas expressões que o verbo “get” é essencial. Você ensina algumas palavras que só tem um sentido. Quando a gente trabalha com o ensino de oito meses é com base no corpos linguístico, que é a identificação do que gera e mantém a fluência. Se você pergunta eu passo mais tempo com o “simple past” (passado imples) ou “past continuous (outro tipo de passado no Inglês)? Claro que é com o simple past. Isso que a gente conseguiu fazer no uso do processo de aprendizagem. Além do corpos linguístico, o conceito de fluência mudou. O que a gente considera uma pessoa fluente no idioma agora não é a mesma coisa de quando aprendi Inglês em 1980. é diferente. Aprendi Inglês através de repetição, estrutura gramaticalmente perfeita, falar da forma como escrevo. Hoje em dia você já tem a gramática que aceita a linguagem falada. Hoje em dia a gente tem percepção de como as coisas podem ser ditas em linguagem oral que é perfeitamente aceitável. Se redesenhou o conceito de fluência. A gente criou o método a partir disso. Otimizamos o processo de aprendizagem porque sabemos o que é mais importante para você se tornar fluente. E principalmente fazendo a aula ter o máximo de interação possível.
Você concorda que ensinar Inglês em 18 meses tem um forte apelo mercadológico?
Sim. Isso é uma das questões sim. Até quando comentei com você que o uso de aprendizagem acelerada começou na década de 60. Eram propostas oportunistas. Na década de 70 não havia ferramentas para otimizar o processo de aprendizagem. Você trabalhava o conceito de linguagem diferente antigamente. Quando se reformula o conceito a partir de uma nova tecnologia. Quando a gente tem uma tecnologia podemos rever muitos dos nossos conceitos. Possibilitou muita coisa.
A Wise-up hoje está presente em muitos países, configurando-se como a maior escola na América Latina, como você garante a qualidade do método em países e em povos tão distintos?
Um dos grandes desafios de quando você cresce é diminuir as distâncias. Não só a distância física, mas a distância emocional. Você precisa trabalhar com distâncias curtas. Nisso nós temos dois elementos. Eu trabalho com pesquisa e desenvolvimento. Nós temos um departamento de criação, ou seja, a gente produz o material. Temos o trabalho de revisão, que é aquele que define os padrões. E temos o departamento de suporte, que faz o controle de qualidade. Com isso a gente tem que trabalhar com um pouco de tecnologia, que é o nosso site, usado para unir todas as escolas através de estudos. É uma forma que temos de unir as pessoas em forma de debate. Isso foi chamado de sala de aula sem parede.