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Tom Peters: Chegamos à excelência através das pessoas

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Renata Moura – editora de economia

Alguns anos atrás, quando recebeu a edição da revista Fortune, o norte-americano Tom Peters vibrou: Isso é fantástico! disse ele. Normalmente, grandes companhias como o Google estavam no topo do ranking. Mas naquele ano, algo imprevisível aconteceu. A empresa vencedora era uma rede de supermercados regional, de Nova York, chamada Wegmans. “Excelência não está associada ao preço de seu produto. Está associada à prática de pessoas”, observa ele, em um vídeo postado no Youtube  para promover seu livro mais recente: “The Little BIG Things:163 Ways to Pursue Excellence” (As pequenas grandes coisas: 163 maneiras de se conseguir a excelência). É sobre essa busca que ele irá falar amanhã em Natal, em palestra no Fórum Internacional de Gestão, Estratégia e Inovação – promovido pelo K&M Group em parceria com a TRIBUNA DO NORTE, no Teatro Riachuelo. É também sobre esse assunto que ele discorre na entrevista a seguir, concedida na tarde de ontem, já em solo potiguar, após 20 horas de viagem. Embora confesse “odiar o termo”, Peters é considerado um dos maiores gurus mundiais da administração. Ele é engenheiro, com MBA pela Universidade de Stanford. No currículo também constam passagem pela McKinsey, uma das maiores firmas de consultoria do mundo, e a co-autoria do best seller The Persue of Excellence (traduzido como Vencendo a Crise), que escreveu com Robert H. Waterman Jr. Confira os principais trechos da entrevista:
Tom Peters: Os times que são espertos contratam jogadores que também são bons indivíduos. E que acabam virando grandes membros do time.
O que é excelência para você?

Em primeiro lugar, ela está nos olhos de quem vê. Não é algo que você possa medir em termos de lucro ou prejuízo. Ou mesmo um placar de futebol. Se você pensar em coisas como esportes ou artes, a excelência está no modo como o jogo é jogado, e não nos resultados. E quando um time perde, é isso que é enfatizado. O modo como você executa em oposição ao produto final.

Há algum tipo de estratégia que as empresas podem usar para tentar melhorar esse desempenho e buscar essa excelência?

Dizendo o óbvio, que sempre precisa ser dito. Porque não se trata de empresas grandes ou pequenas. Trata-se das pessoas com quem você trabalha ou as pessoas que trabalham para você, se você for o chefe. Você deve criar um lugar onde as pessoas são reconhecidas, onde recebem confiança, onde têm a oportunidade de experimentar coisas, onde elas têm um produto ou serviço sobre os quais podem gabar-se para o ônjuge e os filhos. Esse é um grande passo nesse caminho. Acho que ouvimos demais esse negócio de “essa é nossa estratégia, olhem essas tabelas, olhem esses quadros.” Mais uma vez: é como futebol ou ópera. Se os jogadores do time não forem de primeira qualidade, ou se os membros da sinfonia são forem de primeira qualidade, não importa quem está no comando ou qual é a estratégia, você não vai conseguir executá-la. Soa tão óbvio. Todos falam em “pessoas em primeiro lugar”, mas não fazem o que dizem. Provavelmente, esportes, artes, talvez universidades façam muito melhor que outros lugares. Mas a maioria das empresas realmente não o fazem. Podemos tentar chegar ao lucro. Mas como chegamos lá? Sempre chegamos lá através das pessoas. 

Em sua palestra, na quarta-feira, você vai falar sobre Excelência numa era de desordem. Que era da desordem é essa?

Como você bem sabe aqui no Brasil, o que está acontecendo na Europa Ocidental e nos Estados Unidos respinga no Brasil, respinga na China, e todos os países emergentes do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) acabam respondendo ao que está acontecendo. Porque os maiores mercados obviamente ainda são o mercado americano, o mercado japonês e o mercado europeu. Se esses mercados pararem de comprar, isso não será bom particularmente para China e Índia, e também para o Brasil. Os preços das matérias-primas caem. O preço do petróleo caiu recentemente. Não porque está mais difícil de extraí-lo. Mas porque as pessoas vêem o grande calote como uma possibilidade real, e eles vêem a possibilidade de uma recaída da recessão americana. Eles perdem confiança. Logo, vão dirigir menos (risos). Assim a demanda por petróleo cai. Então, não importa se você está produzindo commodities, ou se você é uma empresa coreana produzindo peças eletrônicas de alta tecnologia.    

Você poderia listar três desafios que as empresas podem enfrentar em tempos de crise?

Em primeiro lugar, não estou falando, de forma alguma, sobre as dificuldades associadas com indivíduos desempregados, e assim por diante. O modo como eu gosto de descrevê-las é: não há generais de tempos de paz nos livros de história. Sua vida, minha vida, a vida do gestor vai estar diretamente ligada ao modo como você responderá à sua crise. E a crise poderia ser uma mãe de 51 anos com Alzheimer. Ou poderia ser baixa demanda em um negócio. Os melhores treinadores esportivos dizem que eles contratam pelo caráter. Contratam pelo temperamento. Tanto quanto eles contratam pelas habilidades. Então, em termos de resposta a sua crise, em algum ponto, acaba sendo a mesma coisa. Que tipo de pessoas você contratou? Por que as contratou? Você as contratou porque elas têm excelentes habilidades físicas? Ou ótimas habilidades matemáticas? Você as contratou pelo tipo de pessoas que elas são? Algumas pessoas tendem a chegar ao topo durante uma crise. Algumas pessoas tendem a entrar em colapso e correr para tentar se esconder em um armário. Tenho um amigo que foi um famoso treinador de futebol americano. Ele disse que um time que está com problemas, tem suas cabeças direcionadas por grandes estatísticas. Os times que são espertos contratam jogadores que também são bons indivíduos. E que acabam virando grandes membros do time. Vemos isso o tempo todo. O jogador superstar que é irritado, individualista, desorienta os outros jogadores. Ele pode ter uma excelente temporada, mas seu time não.

Assisti a um vídeo que você publicou no YouTube em que você diz que excelência pode acontecer em todo lugar. Não é algo exclusivo para grandes empresas como Google.

A verdadeira realidade é que a economia dos Estados Unidos não é o Google. Ela é 30, 40, 50 milhões de negócios. Dos quais 48,5 milhões são pequenos negócios. Tenho cometido este erro por anos e anos. E as pessoas que fazem o que eu faço cometem esse erro ano após ano. É fingir que o mundo consiste da fortuna de cem companhias. Bem, não é assim. Consiste, principalmente, de negócios de duas pessoas, de vinte pessoas, de cinqüenta pessoas que ninguém nunca ouviu falar. Quando alguém me pergunta qual a companhia mais excelente, minha resposta é sempre a mesma: Não faço idéia!

Em poucas palavras, o que você pode nos dizer sobre sua palestra?

Não há segredos. Não há mágica vinda da Harvard Business School, ou outro lugar parecido. É sobre coisas bem simples. É energizar as pessoas agradecendo a elas quando  fizerem um bom trabalho. E é totalmente insano para mim, com meus 68 anos, viajar de Vermont, nos Estados Unidos, até Natal para dizer às pessoas que quando alguém fizer algo bem feito, deve-se dizer “obrigado.” Que é exatamente onde estragamos tudo. Como eu disse, nós sempre arruinamos tudo no campo das conexões pessoais. É tudo sobre o básico. Então temos o básico e toda essa mudança tecnológica. As mídias sociais permitem traduzir o básico das pessoas de muitas formas diferentes das formas do passado.

O Fórum

O Fórum Internacional de Gestão, Estratégia e Inovação será aberto amanhã com palestra do headhunter (caçador de talentos) e autor do best-seller “O sucesso está no equilíbrio”, Robert Wong – chinês radicado no Brasil. Em sua palestra, ele irá mostrar “Como identificar e reter talentos de alta performance”.  Tom Peters entra em cena no mesmo dia com a palestra “Reimagine! Excelência nos negócios numa era de desordem”. O segundo dia do evento – na quinta-feira – conta com a participação da ex-CEO da Google para Espanha e Portugal, incluída no top 50 dos executivos mais influentes do mundo pela revista Fortune, Isabel Aguilera (Espanha). Ela abordará o tema “Liderança de equipes em ambientes complexos”. A última palestrante, Ingrid Betancourt (Colômbia), é conhecida por sua história de superação após passar seis anos sequestrada pelas Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc). Durante a palestra “Gestão das Adversidades”, a ex-deputada e ex-senadora fará uma reflexão sobre liberdade, poder e capacidade humana de enfrentar seus piores desafios. O professor, escritor e executivo Carlos Júlio, organizador de conteúdo do Fórum,  será também o âncora do evento, que está este ano na segunda edição.  As credenciais para ter acesso ao evento serão entregues até hoje, na livraria Siciliano do Midway Mall.  Para pegar a credencial é preciso levar documento com foto e o comprovante de inscrição. As palestras começam às 14h e vão até as 18h. A partir das 18h15, os conferencistas participam de sessão de autógrafos na Livraria Siciliano.

SERVIÇO:

Para mais informações:

(84) 3206.6842 ou 3231.0267

www.foruminternacionaldenatal.com.br

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