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Torres em quadrinhos

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Alex Medeiros 
Foi o poeta Falves Silva, no longínquo ano de 1976 – aquele em que meu coração se hospedou no hit “Hotel Califórnia”, da banda Eagles – quem me apresentou o ranger Tex Willer nas revistinhas da Editora Vecchi. Era uma coleção armazenada num longo móvel com várias portinholas, em sua casa da Candelária, vários quarteirões distantes da minha. Prestes a fazer os 17 anos da canção de Violeta Parra, eu cultuava os amigos do meu irmão, tipo Falves.
Depois daquela apresentação, decidi que incorporaria revistinhas do Tex ao lado das de super-heróis DC e Marvel, minhas preferidas a infância. Passei a comprar as edições novas e catar as antigas nos poucos sebos do Centro e nas barracas da Feira do Alecrim. Então conheci um outro amigo do mano Graco, chamado Jairo Torres, e que tinha um tio, Jaime, dono de uma cigarreira em frente ao antigo Cinema São Luiz, no Alecrim. E que vendia HQs.
Eu já conhecia o bazar a céu aberto do velho cinema, seu troca-troca e vendas de revistas e figurinhas, que era similar ao do meu Cine São José, nas Quintas. E foi numa garimpada pelo Alecrim que vi pela primeira vez a banca do Jaime.
Um sobrinho dele, garotão da minha geração, me atendeu gentilmente e eu saí de lá com alguns exemplares do Tex e ainda de Os Justiceiros e Turma Titã, da Editora Ebal. Seu nome, Jácio Torres, que herdaria o tino do tio até hoje.
Foi também na cigarreira dos Torres que eu adquiria alguns LPs de rock e da chamada MPB nordestina com Fagner, Alceu, Belchior, Vital Farias, Zé Ramalho, Ednardo, sem falar dos longevos e tradicionais baianos tropicalistas.
O acúmulo de produtos na banca fez o jovem Jácio armazenar os excessos na casa materna, na Rua Borborema, quase em frente ao colégio Padre Miguelinho. Por algumas vezes fui até lá buscar quadrinhos que ele guardava.
Foi no começo dos anos 80, perto das eleições de 1982, que liguei e recebi uma bela notícia: tinha aparecido lá a revistinha número 1 do Tex, que completaria a coleção que eu tinha acumulado até aqueles dias, umas cem.
O tempo passou, a vida mudou, as páginas das minhas revistas amarelaram e continuei cliente e amigo de Jácio e toda sua extensão, a partir da sua companheira inseparável e inquebrantável, Vera, esta comadre das gentes.
Seu sebo Cata Livros virou grife underground da cidade, uma casamata da cultura, amostra grátis de academia alternativa de poetas e intelectuais que por lá transitam, numa relação que vai muito além dos aspectos loja e comércio.
Alecrim, Centro, Petrópolis, Morro Branco, Lagoa Nova, a marca Cata Livros espalhou seus serviços de resistência, como a representação do mundo analógico impondo seu espaço no universo digital que bombardeia o papel.
Devo a Jácio e Vera uma boa parte da papelada que cultuo em casa, do resgate de edições que perdi na infância. Também devo a emoção do rock na vitrola e da decoração retrô na sala, além da primeira máquina de datilografia.
Apesar de incansáveis na labuta e no sonho a dois, Jácio e Vera agora podem até ensaiar uns cansaços. O filho Ramón decidiu pegar o bastão nessa bela corrida de trabalho e dedicação, abrindo um Cata Livros aonde o pai começou.
Trinta e três anos depois da cigarreira na Avenida 2, o rapaz está abrindo na mesma avenida a parte que lhe cabe na história. Parabenizo o garoto e ofereço aos pais essa crônica como um beijo. E já anotei o novo endereço dos Torres.
Mau sinal 
Aumentam pelo País o número de caixas eletrônicos disponibilizando apenas cédulas de R$ 200 para saques. O fato só prejudica trabalhadores e gente humilde que só podem sacar pequenas quantias diária ou semanalmente. 
Faz mal 
Duas grandes notícias nesta semana desmitificando farsas: os tais cigarros eletrônicos são mais ameaças à saúde do que os tradicionais, dizem estudos. E os refrigerantes tipo zero prejudicam sistema de desintoxicação do fígado.
Fraude 
Tinha que haver uma explicação plausível para tamanho exagero. O tal fenômeno de uma música da cantora Anitta em primeiro lugar no Spotify não passou de um cambalacho tecnológico engendrado por seus fãs militantes.
Exorcista 
Meu argumento para a atriz Valeria Schoneveld, surpresa em sugerir seu nome no papel que foi de Linda Blair: “basta ver o sapateado de Linda no filme de 1977 e comparar com o seu bailado sensual de patins que estão na web.
Exorcista II 
E Aluízio Dutra passa mensagem para dizer que fez uma viagem no tempo com o artigo sobre os filmes de 1973 e 1977. Diz que se assustou quando Linda Blair girou o pescoço, e que entrou no Rio Grande pelo muro do vizinho.
Ceará 
Em apenas quatro dias, o time do Ceará venceu com todos os méritos o maior vencedor da história da Libertadores, o argentino Independiente, e também o atual campeão da taça continental, o Palmeiras, tido hoje como um supertime.
Figuraça 
Uma figurinha de Messi, publicada num álbum da Copa de 2014, bateu todos os recordes do setor e alcançou cifra inimaginável. Um site de leilão nos EUA teve o cromo arrebatado por US$ 522 mil, mais de meio milhão de dólares.
Quadrinhos 
Uma revista do Capitão América, edição número 1 de 1941, foi vendida por mais de US$ 3 milhões num leilão da famosa casa Heritage Autctions, fundada em Dallas no ano de 1970. É o quarto maior valor numa revista em quadrinhos.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.
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