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Tradicional reforma sai da lista de prioridades

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A renovação das cores das paredes, melhorias em revestimentos e pisos, ou mesmo pequenas obras para troca nas instalações elétrica e hidráulica passaram a ser  consideradas  gasto supérfluo dentro do orçamento de algumas famílias.

Diferente de anos anteriores, o motorista Jadilson Padilha, de 50 anos, não fez a chamada “limpeza da casa” no final do ano passado. Com a disparada nos preços de mercadorias, Jadilson conta que teve que eleger prioridades e apenas os reparos necessários tiveram vez.  “Está tudo mais caro. Então, a gente vê o que é realmente urgente pra fazer. O que pode esperar, fica pra depois”, disse.

#SAIBAMAIS#O funcionário público José Josimar Xavier, de 52 anos, adiou a pintura da casa e pequenas reformas. O projeto de construir um imóvel no interior do estado também precisou ser reavaliado e postergado por tempo indeterminado. “Com essa crise econômica não foi possível, está tudo mais caro e inseguro. O jeito é voltar a pesquisar e se programar para o meio do ano em diante”, diz ele.

Pesquisa

A autônoma Maria da Glória da Silva Lima, que também estava em uma loja de material de construção no Alecrim, conta que a ida ao comércio se restringia a pesquisar preço. Com caneta e caderneta em punho, ela registrava os preços para comparação antes de adquirir os produtos. “É uma questão de necessidade esta compra, porque preciso reformar o banheiro e a cozinha. Mesmo assim, tem que pesquisar”, sentencia.

O economista e professor  do departamento de economia da UFRN, William Eufrásio Nunes Pereira, autor de livro sobre orçamento familiar, lembra que quando o assunto é reformar ou construir não há muito espaço para economia. “O mais indicado talvez seja aguardar e esperar que o mercado reaja. As reformas e melhorias devem continuar sofrendo adiamento neste primeiro semestre”, afirma.

Para 2016, os investimentos em programas como o Minha Casa, Minha Vida poderão reaquecer as vendas e impactar nos preços. “O comércio de material de construção, que sofreu queda significativa em 2015 poderá, caso os investimentos retornem, reaquecer o mercado imobiliário mas talvez para o segundo semestre”, observa.

Para quem não tem como esperar, além da pesquisa pelo menor preço, fazer opção por reciclar materiais pode ser uma alternativa para adequar a obra à renda da família. Muitas lojas e prestadoras de serviços trabalham como o chamado resto de construção, bastante empregado em decoração. Portas, janelas e mesmo paletes usados para transportar mercadorias podem ser usados na hora de reformar. “São objetos em bom estado fruto de outras reformas ou mesmo demolição de prédio que tem custo menor. Além disso, avaliar o que realmente precisa ser feito na obra”, afirma Pereira.

O economista pondera que o valor da fatura depende ainda do tipo de imóvel. Em casas é possível optar por materiais alternativos e ter mais liberdade nas escolhas.  Já  nos apartamentos, é preciso verificar as normas de construção a partir da estrutura do prédio e política do condomínio.

Bate-papo: Walter Cover / presidente da Abramat

Como o setor fechou o ano de 2015?
O faturamento real da indústria de materiais recuou 12,5% em 2015 comparado com 2014. As vendas da indústria para as lojas de materiais, que representam 50% do total caiu 8% em função do desemprego, da queda na renda das famílias e das dificuldades de credito. Com isso as famílias adiaram as reformas. Já a venda para as construtoras, os outros 50% caiu 15%, com a falta de confiança na economia das famílias na compra da casa própria e dos empresários na construção de shopping centers, hotéis, bem como em função da Lava Jato, que afetou as obras de infraestrutura.
 
No Rio Grande do Norte também foi de queda?

O Rio Grande do Norte está no mesmo ritmo que o país, embora com uma queda mais intensa no mercados das construtoras, superior a 15%.
 
O brasileiro não gastou o décimo terceiro  salário para “arrumar” a casa no fim de ano, como era de costume?

As famílias estão muito receosas em realizar reformas ou comprar a casa própria em função das razões mencionadas. Mesmo com o décimo terceiro as vendas no final do ano não se recuperaram.
 
O setor abriu vagas de trabalho no final do ano ou, à exemplo de outros segmentos, demitiu?

A indústria demitiu cerca de 8% da força de trabalho em 2015, enquanto que o RN demitiu 12%. Como mencionado, o RN sofreu mais que a media do país na atividade das construtoras –edificações imobiliárias e obras de infraestrutura. O setor da construção civil teve uma redução de 500 mil empregos no Brasil como um todo. O Rio Grande do Norte perdeu 7 mil empregos na construção civil e cerca de 1 mil empregos na indústria de materiais em 2015.
 
É possível distinguir, no movimento de vendas, o comportamento do particular e as construtoras?

A queda foi uniforme entre pequenos e grandes clientes.
 
E os resultados em janeiro manteve a queda ou foi de recuperação?

A indústria teve  uma queda superior a 15% em janeiro. Além da crise econômica, janeiro foi um mês com chuvas excepcionalmente altas em várias regiões do país.
 
Quais as projeções para 2016, o mercado deve reagir?

A atual projeção da ABRAMAT é de uma queda de 4,5% no faturamento real em 2016. Haverá substituição das importações de materiais, uma atividade maior no Minha Casa, Minha Vida e das obras de infraestrutura.

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