Trancados em casa

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Destaco trechos da reportagem quando se refere a Cortez:

– “Fique em casa! ” A frase imperativa – que vinha não só do noticiário, mas principalmente de suas três filhas – levou a memória do editor de livros José Xavier Cortez ao início da década de 1940. Ele não ouvia ordens semelhantes desde então. ‘Comecei a ficar impaciente, e essa impaciência me fez lembrar de quando eu era criança lá no sertão do Rio Grande do Norte, quando minha mãe me deixou de castigo”.

– A nova “punição”, desta vez, foi causada pela pandemia de Covid-19. Aos 83 anos e no grupo de risco, Cortez teve de interromper os exercícios físicos, que fazia no Parque da Água Branca, as idas à editora Cortez, que fundou há 40 anos, e os encontros com os netos.

– Mas um novo desafio tomou lugar na impaciência inicial. Depois de publicar, como editor, mais de 1,3 mil títulos, Cortez decidiu escrever seu primeiro livro: “Tempos de isolamento”, que mistura memórias e reflexões sobre a vida em pandemia.

– Além das reflexões sobre a vida em quarentena. Cortez revisitou memórias das mais de oito décadas de vida. Do sertão do Rio Grande do Norte, passou por Pernambuco, onde se tornou marinheiro, pelo Rio de Janeiro, onde foi expulso da Marinha por questões políticas após o golpe militar, até chegar a São Paulo.

– Na capital paulista, seu primeiro emprego foi como lavador de carros. Em seguida, já cursado economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC), passou a comprar e revender livros, até abrir sua própria editora.

– Hoje viúvo, Cortez mora sozinho em um apartamento em Perdizes. A escrita do livro ocupou seu tempo por cinco meses. E com o lançamento em outubro, a agenda continua cheia, agora com telefonemas, e-mails e lives na internet. ”

A Livraria Cortez (que surgiu antes da editora) marcou época em Natal. Sua filial, localizada na Cidade Alta (rua Felipe Camarão, entre a Ulisses Caldas e a Coronel Cascudo), era ponto de encontro dos intelectuais e artistas da aldeia. Sanderson Negreiros comprava baús de livros.

Com editor também publicou trabalhos de alguns escritores locais. Entre essas publicações destaco o “Dicionário da Imprensa no Rio Grande do Norte – 1909-1987”, de Manoel Rodrigues de Melo, com prefácio de Raimundo Nonato da Silva.  Edição em parceria com a Fundação José Augusto (Governo Geraldo Melo).

Livro

Daladier Pessoa Cunha Lima está com livro novo na praça: “Honras à Vida”.  Reúne crônicas (são 80) publicadas nesta Tribuna do Norte, período de junho de 2004 a setembro de 2020.  Entre elas uma que fala sobre a vida e obra da grande escritora Clarice Lispector, cujo centenário de nascimento foi celebrado dia 10, quinta-feira passada.

Crônica

Gustavo Sobral presenteia seus leitores com um novo livro de crônicas: “Cenas Natalenses”, que sai com o selo da 8 Editora / Offset. Em suas páginas uma leve caminhada por vários cantos da aldeia onde nasceu e viveu Luís da Câmara Cascudo. O olhar do autor-guia aparece também através do “traço torto dos seus desenhos”.

Das minhas boas leituras da temporada destaco o livro-álbum o “Centenário de Elza Pedroza Magalhães Alves”, organizado pelo seu filho Antônio Carlos Magalhães Alves, com o adjutório do pai, Graco Magalhães Alves. Ela nasceu no dia 19 de novembro de 1922, filha do empresário Fernando Pedroza, irmã do ex-governador Silvio Pedroza. Das mais ilustres famílias potiguares.

Ao texto de Toninho se juntam 80 fotos tiradas do álbum da família. Um belo e precioso acervo que enriquece a história potiguar. Instantes desde a fazenda São Joaquim, nos sertões do Cabugi aos salões elegantes de Natal com passagens também pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Europa.

Um encantamento ver e rever Natal dos anos 30, 40, 50.

Prêmio

A escritora carioca Claude Lage é a vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2020, na categoria “Melhor Romance de Ficção”. Ganhou com o “O Corpo Interminável”, publicado pela editora Record.

Na categoria “Melhor Romance de Estreia” o vencedor é o escritor e poeta catarinense Marcelo Labes, com “Paraízo-Paraguay”, publicado pela editora Caiaponte. O prêmio é de R$ 200 mil reais.

Na Academia

Terça-feira que vem, 15, a partir das 17 horas, na sede da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, teremos o lançamento do livro “Abraços” (Correspondência de Oswaldo Lamartine com Helio Galvão).  Cartas, bilhetes, telegramas reunidos por Dácio Galvão. Fotografias. Bela edição.

Helio e Oswaldo foram imortais da Academia. Continuam. Continuarão para sempre.

Santa Luzia

Hoje,13, é o dia de Santa Luzia, que tem significado muito especial na alma do sertanejo nordestino. Confira o que Oswaldo Lamartine de Faria escreveu em seu “Profetas de Inverno”:

“O dia de Santa Luzia, 13 de dezembro, oferece melhor profecia: seis pedrinhas de sal – que representam os seis primeiros meses do ano – são expostas ao sereno da noite, na manhã seguinte o maior ou menor grau de umidade de cada uma diz da intensidade de chuvas de cada mês”.

Hoje, em Queimadas de Baixo, olhando para a Serra de Joana Gomes, saberei se as pedrinhas de sal colocadas no sereno de ontem, véspera de Santa Luzia, amanheceram úmidas (molhadas). Se amanheceram, certeza de chuvas em janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho do ano que vem. Inverno!