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Transporte a UTI leva quase 10 horas

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Com oito ambulâncias disponíveis para o transporte sanitário no Rio Grande do Norte, um paciente com Covid-19 em estado grave espera em média 9 horas e 44 minutos para ser transportado a um leito público de UTI. O tempo se soma à espera que o mesmo paciente tem para encontrar um leito, que leva em média 30 horas, segundo o sistema Regula RN, criado pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais) em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap). Ou seja, na rede pública de saúde, um paciente em estado grave espera 39 horas, mais de um dia e meio, para estar em um leito adequado.
Segundo informação da Secretaria de Saúde do RN, as outras duas ambulâncias que ajudarão na redução do tempo de transporte estão sendo providenciadas
Neste sábado, 4, 30 pacientes estavam na fila de espera por leito crítico, de UTI ou com respirador. Contraditoriamente, havia 18 leitos vagos e prontos para funcionar no mesmo momento. Essa espera pode custar vida. Segundo o Regula RN, 251 pessoas que estiveram nessa mesma fila de espera faleceram antes de serem transferidas para um leito crítico.
O número de ambulâncias adequadas para realizar o transporte de um paciente com covid-19 em estado grave é crítico, avaliou o coordenador do Lais e membro do comitê técnico da Sesap, Ricardo Valentim. “Com a chegada da pandemia no Rio Grande do Norte, o Samu passou a ter uma sobrecarga de serviços. Além das demandas cotidianamente (pacientes infartados, pacientes com traumas, e demais causas) atendidas, estão sendo executados também o transporte de pacientes críticos covid-19”, declarou.
Um estudo elaborado pela equipe do Lais no dia 31 de maio afirma que entre o primeiro caso identificado do novo coronavírus no Rio Grande do Norte, em março, e a data de publicação do estudo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) possuía o mesmo número de veículos para transporte de paciente que precisa de UTI. “O novo coronavírus desnudou um problema que sempre esteve presente em nossa sociedade, porém pouco era percebido”, escreveu Ricardo Valentim e a pesquisadora Lyane Ramalho, também do Lais, em um artigo para a TRIBUNA DO NORTE.
O secretário-adjunto de Saúde do Estado, Petrônio Spinelli, reconheceu publicamente o problema do transporte na última terça-feira, 30, durante a coletiva de imprensa diária da Sesap e anunciou a contratação de uma empresa privada para aumentar a frota de ambulâncias UTI. Duas novas ambulâncias serão somadas à frota. “É um problema que também enfrentamos. Através dessa contratação vamos conseguir operar melhor com uma frota maior de transporte”, disse.
Esse aumento na frota é suficiente para reduzir o tempo de transferência de um paciente de 9 horas e 44 minutos para 2 horas e 30 minutos, segundo conclui o estudo elaborado pelo Lais. Até este sábado, no entanto, as novas ambulâncias não estavam operando e o tempo de espera continuava superior às nove horas e meia.
Aumento de leitos
Ricardo Valentim e Lyane Ramalho também chamam atenção para o aumento no tempo de transporte à medida em que os leitos são ampliados e o número de ambulâncias permanece o mesmo. “Quanto maior for a disponibilidade de leitos, maior será a necessidade de transporte”, afirmam.
A preocupação é com o processo de retomada gradual, que iniciou no dia 1º deste mês. A abertura foi reivindicada pelos setores empresariais do Rio Grande do Norte. “É necessário considerar que isso poderá causar impacto nos indicadores epidemiológicos de todo o estado”. “Seria mais que um dever ou obrigação que esses setores financiassem pelo menos mais dois transportes com suporte avançado de vida”, sugerem os pesquisadores. 
Números – Transporte Sanitário Covid-19
8 ambulâncias são responsáveis pelo transporte sanitário de pessoas em estado grave com Covid-19 e outras comorbidades para leitos de UTI
9h44 é o tempo médio de espera de um paciente com covid-19 em estado grave entre encontrar um leito e chegar nele
30h07 é o tempo médio de espera que um paciente com covid-19 leva para encontrar um leito disponível na rede pública de saúde
Leitos e fila de espera
30 pacientes em estado grave aguardavam um leito crítico na rede pública de saúde
18 leitos críticos estavam disponíveis no mesmo instante, às 11h deste sábado
Dados epidemiológicos
33291 casos de coronavírus estão confirmados no RN
1143 mortes foram confirmadas decorrentes de covid-19
Fontes: Sesap e Regula RN
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