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Tribuna e Academia: Velha parceria – 3

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Thiago Gonzaga
Escritor

Na parte final do nosso artigo sobre a velha parceria da Tribuna do Norte, com a Academia Norte-rio-grandense de Letras, que vem desde a criação do jornal pelo escritor, também pertencente à tradicional instituição, Aluízio Alves, destacamos hoje alguns dos acadêmicos que trabalharam no periódico.

O fundador da Tribuna do Norte, Aluízio Alves (1921 -2006) é natural de Angicos (RN), advogado, sobretudo, político, jornalista e escritor, inclusive publicou vários livros, como por exemplo, “Angicos”, “A Verdade Que Não é Secreta”, “Sem Ódio e sem Medo”.  Tornou-se Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Maceió, voltou-se às atividades jornalísticas após a graduação: primeiro nos jornais A Razão e A República, ambos em Natal, tendo se dirigido em 1949 ao Rio de Janeiro onde foi redator-chefe da Tribuna da Imprensa, que pertencia a Carlos Lacerda. De volta ao Rio Grande do Norte, fundou e dirigiu a Tribuna do Norte. Aluízio Alves foi o  40.º Governador do Rio Grande do Norte, além de Deputado Federal, Ministro da Administração na Presidência de José Sarney e Ministro da Integração Regional na presidência de Itamar Franco.  Aluízio Alves ocupou a cadeira 17 da ANRL.

O jornalista, deputado estadual, senador, prefeito de Natal e Parnamirim, Agnelo Alves (1932-2015), teve uma carreira muito parecida com a do irmão Aluízio, no jornalismo, na política, e nas letras, sendo também eleito para a ANRL. Agnelo Alves possuiu uma coluna semanal aqui mesmo no jornal com o título, “Agnelo Alves, o repórter”. Agnelo marcou fase também com a coluna que se tornaria livro, “Carta ao Humano”.

O poeta e ficcionista Luís Carlos Guimarães (1934-2001) Juiz de Direito e professor de Ciência Política, da UFRN, ocupante da cadeira 37 da ANRL, atuou no jornal como copidesque, trabalho editorial que um redator ou revisor faz, corrigindo e aperfeiçoando o texto de outrem.

O jornalista, cronista e poeta Sanderson Negreiros, (1939-2017), considerado um dos mais importantes escritores do Rio Grande do Norte, foi redator e cronista da Tribuna do Norte e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras, ocupante da cadeira 40. Formou-se em Direito, atuou não apenas como jornalista, mas também como auditor do Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte e professor de “Cultura Brasileira”. Sanderson também foi presidente da Fundação José Augusto.

O novacruzense Cassiano Arruda Câmara (que voltou recentemente às páginas do jornal com sua tradicional coluna), além das suas crônicas, que durante anos foram diárias, passando por diversos periódicos, já escreveu os livros. “Um Repórter na Roda Viva: do Tipo Móvel ao Notebook”, lançado em 2002 para comemorar 30 anos de sua coluna “Roda Viva”; “Hotel de Trânsito”, publicado em 2009, para contar histórias da ditadura, quando o jornalista foi preso juntamente com o então prefeito de Natal, Agnelo Alves. Cassiano ocupa a cadeira 04  da ANRL.

Como já dissemos em artigo anterior, o Desembargador aposentado Manoel Onofre Jr., ocupante da cadeira 05 da ANRL, atuou, durante um ano (1967), quando ainda era estudante de Direito, como repórter da Tribuna do Norte, depois tornou-se colaborador, com várias séries de crônicas. Uma curiosidade, é que ele foi convidado a trabalhar no jornal, por Woden Madruga, à época, redator-chefe.  Onofre Jr. abandonou o jornalismo porque fez concurso para o cargo de Juiz de Direito, foi aprovado, e assumiu as funções de titular da Comarca de São Bento do Norte. Ele voltaria a escrever, como colaborador, assiduamente, na TN Revista, 1974, editada pelo dramaturgo, Racine Santos, (que está concorrendo atualmente a uma vaga na ANRL), e no Caderno de Domingo da TN, 1987-88.

O jornalista, escritor, poeta e crítico literário Nelson Patriota, ocupante da cadeira 08 da ANRL, trabalhou na Tribuna do Norte no período de 1988 a 1994, onde ocupou as funções de editor nacional/internacional, copidesque, editor do Segundo Caderno e subeditor, vindo a assumir a editoria geral, algumas vezes. O fato de editar o Segundo Caderno deu a ele oportunidade de trabalhar com jornalismo cultural e de se definir por essa editoria. Nessa época, criou uma coluna, intitulada “Sinopse”, que ocupava a metade inferior da página dois do Segundo Caderno. “Sinopse” era uma coluna de livros e assuntos afins. Isso lhe permitia divulgar lançamentos, mas também fazer crítica literária, experiência, aliás, que havia iniciado anos antes no jornal A República, através da editoria da página “Literatura” e, depois, “O Contexto”. Além disso, a capa do Segundo Caderno era um ótimo espaço para entrevistas com escritores, artistas e intelectuais.

Nelson Patriota seguiu uma trajetória coerente de jornalista cultural iniciada em A República, passando por outros órgãos, além da Tribuna do Norte: RN Econômico, Diário de Natal e O Galo, e prosseguindo, novamente, na Tribuna do Norte, através da coluna que assinou, a partir de janeiro de 2008, na página Quadrantes, aos domingos, que deixou, em 2015, para se dedicar integralmente à literatura.

Outros jornalistas, que vieram a integrar a ANRL, como João Batista Machado (cadeira 32), repórter e comentarista político; Dorian Jorge Freire (1933-2005), (cadeira 20), editor e colunista, também atuaram, como profissionais, na redação da Tribuna do Norte.  Uma curiosidade: o poeta e escritor, que também é membro da ANRL, Jarbas Martins, ainda na adolescência, antes de cursar a Faculdade de Direito, trabalhou neste jornal, na parte burocrática.

Como percebe-se, há uma relação muito próxima do jornal Tribuna do Norte, com a Academia Norte-rio-grandense de Letras, que se entrelaça justamente com a própria história do jornalismo cultural e da literatura produzida no Estado.

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