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Trinta anos aquela noite

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Alex Medeiros 
O espaço da piscina do Novotel Ladeira do Sol se encharcou de gente no começo da noite daquela quinta-feira, 4 de abril de 1991. Agora faz 30 anos do do meu primeiro livro de poesia, reunindo versos que eu espalhava pela casa e que foram unidos na arte-final de Carlos Soares, envoltos na bela capa de Osvaldo Oliveira. A gráfica do Sindicato dos Bancários imprimiu. O prefácio anunciava o conteúdo do miolo com as vísceras da alma do autor.
Livro do Amor Anunciado
Por Vicente Serejo
Morro Branco, Quaresma de 1991
Não ser poeta e escrever sobre a poesia é talvez o mais terrível de todos os perigos. Tanto mais perigoso pode ser se essa poesia é feita de discurso amoroso e de todas as armadilhas do exercício de amar e de anunciar esse amor. Quando nada, o prefaciador corre o risco de ser o teórico do amor dos outros ou um patético analista da técnica poética de contar esse amor em cada verso. Este livro de um só poema, repartido em estações, este livro é todo de amor. 
Nada acrescentaria saber que o amor é um dos quatro gigantes da alma, ao lado da ira, do medo e do dever, como quer Mira Y Lopez. Também seria inútil lembrar que um dia  Roland Barthes estudou os fragmentos do discurso amoroso e que descobriu ser o exercício da mais extrema solidão. O que importa, talvez, lendo tantas vezes esse belíssimo poema, é perceber que o redator de textos publicitários e o poeta se tocam ao longo de todos esses versos que são anúncios. 
É como se Alex Medeiros, sem reprimir a formação profissional de publicitário, buscasse em cada verso a técnica do anúncio, molhando o texto dessa paixão que ele anuncia. Não que os seus versos sejam slogans ou apelos de marketing, nem os seus poemas textos com o destino da persuasão. Nada disso, pois nada Alex Medeiros quer provar. Ele só anuncia. 
E por desejar anunciar seu amor é que se torna, ele mesmo, a figura central do poema e suas estações, embora todos os anúncios tenham o mesmo destino que é Rossana, título, verbo e substantivo do livro. E é esse eu, o eu de Alex Medeiros, que aparece por inteiro porque ele tem a coragem de assumir o destino de amar, abrindo a janela e jogando o seu eu na calçada.
A sua unidade não é apenas temática, como não é Rossana, único destino, o viés desse discurso amoroso e poético. A unidade é o amor universal, misturado ao cotidiano, encontrado sobre a cadeira do quarto, a cama, o chão da cozinha, a poltrona da sala.
É no amor, entre as armadilhas de ser e de precisar ser, que Alex procura o seu lugar. E é nessa procura que deixa as marcas de sua passagem. E por isso o leitor encontra um poema no buraco da fechadura, na pia do banheiro, na roupa engomada.
E se amanhã, por acaso, esse amor não mais existir, restará este livro. Talvez liberto dos nomes próprios, mas certamente tão consciente quanto agora. E se de tudo restar o livro, restará o mesmo amor nesses anúncios de lirismo contido, magro como o seu autor e sua magreza poética, livre das gorduras do romantismo sem fim.
Até porque, a verdade poética deste livro é não garantir que é amado, mas anunciar que ama. No limite do perigo, no fio da lâmina, correndo o risco de amanhã, como qualquer um dos seus leitores, se descobrir repetindo os versos daquele velho samba-canção: “mentira / foi tudo mentira / você não me amou”. (VS)
Eficácia
Finalmente uma vacina atinge os 100% de eficácia, pelo menos em relação a uma faixa etária especifica. A fórmula da Pfizer/BioNtech em sua fase 3 protegeu totalmente os 1.131 voluntários entre 12 e 15 anos nos EUA.
150 anos
A Academia Norte-Rio-Grandense de Letras marcou para 13 de junho a sessão solene em homenagem ao sesquicentenário de nascimento do músico Tonheca Dantas, que se tornou patrono da ANL sem precisar de um livro.
Abertura
O governo de Portugal anunciou pela Secretaria do Patrimônio Cultural que a partir da segunda-feira, 5, começam na internet as vendas de ingressos para acesso aos museus, monumentos históricos e culturais e palácios nacionais.
O Oscar
O mundo do cinema fora dos EUA está preocupado com a decisão dos organizadores da festa do Oscar pelo formato presencial. Foram taxativos que quem for premiado só receberá a estatueta se for ao evento de Los Angeles.
Black Superman
Enquanto o mundo ainda assiste o Superman da Liga de Zack Snyder e também o Superman da série do canal CW, a DC e Warner anunciam um novo filme do personagem que será interpretado pelo ator negro Michael B. Jordan.
Feras
O filme terá direção de Sophia Coppola e na produção coletiva nomes como  Martin Scorsese, J. J. Abrams e Bradley Cooper. No elenco estrelas como Denzel Washington, Vanessa Morgan, Loretta Devine e Seth Rogen.
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