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Tropa do Exército que vai para o Haiti treina em Natal

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Cerca de 250 homens do Exército Brasileiro começaram a realizar um treinamento na capital potiguar durante esta semana. A tropa permanecerá um mês no Rio Grande do Norte antes do embarque para o Haiti, onde integrarão a atuação das forças de paz do Brasil no país. Durante o período no RN, os militares realizarão atividades com a finalidade de ter o primeiro contato com o ambiente operacional e com os trabalhos que serão desenvolvidos no país da América Central. O Brasil participa da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) desde o ano de 2004, e atualmente conta três unidades distintas.

#ALBUM-3231#A companhia é composta por 256 militares, oriundos de 85 unidades de engenharia do Exército. A maior parte do efetivo é composta por militares de Brasília, Rio de Janeiro, Natal e Pindamonhangaba/SP. Do total do contingente existem 40 potiguares, sendo quatro deles natalenses. A tropa chegou ao RN  desde o dia 16 de janeiro passado e permanecerá até meados de fevereiro. O embarque para o Haiti está previsto para começar em 26 de março. Até 18 de abril, toda a tropa já estará em solo haitiano.

De acordo com informações do comandante da companhia, tenente coronel Antônio Carlos Dutra, o treinamento será dividido em dois. “Nas primeiras duas semanas, o foco será o pacote de instrução da ONU para atuação no Haiti. É algo que diz respeito ao tratamento da população, à imparcialidade da atuação e do cumprimento à legislação”, esclareceu o tenente coronel Dutra. A outra parte do treinamento será algo mais prático. “Como se trata de uma tropa voltada para a engenharia, serão realizados trabalhos de reconstrução”, disse.

Atividades como construção de escolas, perfuração de poços, recapeamento de vias e desobstrução de avenidas serão desenvolvidas. Os treinamentos tiveram início ainda quando os homens estavam em seus batalhões de origem.

Para o comandante da tropa, mais do que reconstruir o país, é missão dos militares ensinar a população a “andar com as próprias pernas”. “Incorporamos nativos no trabalho de reforma e construção no país. Essa integração está crescendo cada vez mais e é fundamental para o país poder passar a andar com as próprias pernas”. Segundo ele, a população local tem se identificado e colaborado com o trabalho desenvolvido pelas forças brasileiras.

Apesar do entusiamo, o tenente coronel confirma que o ambiente no país é de destruição. “Estive lá para em uma missão de reconhecimento e o cenário é de destruição. Não é algo bonito de ver. Há muitos escombros, pobreza e desorganização social. Não há saneamento e cerca de 50 mil pessoas sobrevivem reunidas em campos de assistência. A situação não é nada fácil”, relatou.

Em meio à tropa, poucos são os que já conhecem a realidade local. Dentre eles está o tenente Vinícius Cobra, que retornará ao Haiti após quatro anos da última missão em que participou. “Estive em 2008, portanto antes do terremoto. Já na oportunidade, notávamos muita pobreza e o grande caos formado”. Para ele, a sensação é de alegria em poder retornar e ajudar a população. “Talvez daqui a um tempo possamos notar a melhora na qualidade de vida daquele povo e dizer: eu participei disso, dei meu suor para a situação melhorar”, declarou o tenente.

TN acompanhou missão de paz no Haiti

Para mostrar como funciona a Minustah e retratar a atual situação local, a TRIBUNA DO NORTE foi ao Haiti durante o mês de novembro passado e presenciou como nossos homens e mulheres – muitos deles potiguares – ajudam na reconstrução do país. Durante uma semana, foi retratado a realidade local transmitida in loco.

Pobre e sem perspectivas de melhorias, o povo haitiano sofre com índices sociais e econômicos entre os piores do mundo. A população local vive, em média, pouco mais de 60 anos. De cada mil partos, cerca de 50 bebês morrem. Mais da metade da população é analfabeta. Eles vivem – ou sobrevivem – com menos de 1.300 dólares anuais. Esses números refletem no IDH do Haiti: 0,454 – um dos mai’s baixos entre todas as nações.

Não bastassem esses péssimos índices, o Haiti foi palco em 2010 de uma das maiores tragédias da humanidade: um terremoto de magnitude 7 na escala Richter e epicentro a 22 quilômetros de Porto Príncipe devastou boa parte do país. O prejuízo da catástrofe ainda não foi todo contabilizado – se isso for possível.

Mais de 200 mil pessoas morreram, quase 90% das edificações na capital foram destruídas ou ficaram seriamente danificadas. Para piorar, o país passa por crises cíclicas de doenças. Atualmente, o Haiti é atingido por uma epidemia de cólera. No período de um ano, cerca de 7 mil pessoas já morreram vítimas da doença.

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