sábado, 20 de abril, 2024
24.1 C
Natal
sábado, 20 de abril, 2024

tsunami varre a costa leste do japão

- Publicidade -

Tóquio (AE) – Um tsunami, gerado por um dos mais violentos terremoto já registrados, atingiu a costa leste do Japão ontem (às 14h46 pelo horário local; 2h46 da madrugada na hora de Brasília), matando pelo menos 310 pessoas, virando barcos e atingindo casas e automóveis, além de provocar incêndios fora de controle. Foram emitidos alertas de tsunami para todo o Pacífico, até na América do Sul, no Canadá, Alasca e em toda a Costa Oeste dos Estados Unidos. Pelos dados preliminares esse pode ser o sétimo terremoto mais violento da história do mundo, de acordo com um levantamento do Serviço de Pesquisa Geológica dos EUA (USGS, na sigla em inglês). O terremoto no Japão atingiu a magnitude 8,9 e foi seguido por mais de 20 tremores secundários durante horas, a maioria deles com magnitude acima de 6,0. Segundo o USGS, o terremoto mais violento já registrado ocorreu no Chile, em 1960.

Ondas gigantes provocaram grandes destruições em KesennumaA polícia informou que foram encontrados entre 200 e 300 corpos na cidade costeira de Sendai, no nordeste do país. Sendai tem 1 milhão de habitantes e fica na costa leste de Honshu, a maior das ilhas que fazem parte do Japão. Foram confirmadas 384 mortes e pelo menos 741 desaparecidos. Pelo menos 798 pessoas foram feridas. O número de mortos deve continuar a subir, pela escala do desastre.

Quatro trens de passageiros que trafegavam nas prefeituras (correspondentes a Estados no Brasil) de Miyagi, Iwate e Chiba, as mais atingidas e todas em Honshu, simplesmente desapareceram sob as águas. O website da agência de notícias Kyodo informou que a cidade de Rikuzentakata foi praticamente destruída pelo maremoto, com uma onda de 10 metros. O tsunami alagou o porto de Tomakomai, na ilha de Hokkaido, a mais setentrional do Japão. O terremoto teve epicentro 380 quilômetros ao nordeste de Tóquio, a 125 quilômetros da costa oriental japonesa, a uma profundidade de 10 quilômetros. O principal terremoto foi seguido por vários outros, um dos quais de 6,1 graus.

Logo após o terremoto, uma onda gigante de 10 metros atingiu partes da costa nordeste do país, atingindo cidades como Sendai, Kesennuma, Onahara, Yamamoto e Asahi. Muitas dessas cidades ficaram com bairros inteiros submersos. Apenas na cidade de Minami-soma, 1.800 casas foram destruídas, disse uma porta-voz do Ministério da Defesa.

O sistema de trens e metrô que serve a capital, Tóquio, ficou paralisado ontem. Serviços de telefonia funcionaram com irregularidade. As montadoras de automóveis Honda, Toyota e Nissan suspenderam a produção nas fábricas das províncias afetadas.  “O terremoto causou importantes danos em áreas amplas no norte do Japão”, disse o primeiro-ministro Naoto Kan em entrevista coletiva. O Japão emitiu um alerta de emergência para uma usina nuclear, cujo sistema de refrigeração estava com uma falha mecânica. Problemas foram registrados em outras duas usinas mas não há informações sobre vazamentos radioativos. Pessoas receberam ordens para deixar suas casas em Onahama, porque a usina nuclear da região não estava conseguindo refrigerar o reator adequadamente. O reator não estava, porém, tendo um vazamento.

O secretário chefe do gabinete, Yukio Edano, disse que a medida tomada na usina de Fukushima era uma precaução mas o local não corria risco imediato. Mesmo para um país acostumado a terremotos, esse foi de enormes proporções, também por causa do tsunami que atingiu vários quilômetros de terra ao longo da costa. Grandes barcos pesqueiros e outras embarcações se desprenderam e invadiram cidades, linhas de transmissão de energia foram cortadas e veículos ficaram parcialmente submersos. Alguns navios se chocaram uns contra os outros em portos do país. Quatro milhões de prédios estavam sem energia em Tóquio.

Número de mortos deve passar de mil

O ministério da Defesa do Japão admitiu ontem que o número de mortos pelo tsunami pode passar de mil nas próximas horas, apesar de o sistema de alarme ter funcionado a contento. Segundo a agência Kyodo, a cidade de Sendai, com 1 milhão de habitantes, foi a mais afetada pelo tremor, sentido em diversos pontos do país. Apenas na cidade de Minamisoma, no distrito de Fukushima, 1.800 casas foram destruídas. Balanço da Defesa Civil contabilizava na manhã deste sábado (horário do Japão; noite de sexta-feira no Brasil) 384 mortos e mais de 700 desaparecidos. Em Sendai, ao menos duzentos mortos foram encontrados afogados após o tsunami.

Operário da empresa Nexco East Japan inspeciona estrada destruída pelo terremoto em IbarakiO governo japonês declarou estado de emergência na usina nuclear de Fukushima e outras três centrais atômicas foram fechadas. Ao menos 2 mil pessoas foram retiradas de áreas próximas após as autoridades não terem conseguido resfriar o combustível nuclear. Segundo os oficiais responsáveis, no entanto, não há vazamento radioativo, e a situação estava sob controle.

Fábricas e refinarias foram fechadas e milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica. O terremoto provocou cerca de 80 incêndios, disse a polícia.  O aeroporto de Narita, o maior do país, chegou a ser fechado, mas foi reaberto. O tremor também paralisou em todo o país os serviços do “shinkansen”, o trem-bala japonês, segundo a companhia ferroviária JR East. Um trem com passageiros desapareceu na área afetada pelo tremor.

Apesar de ter ocorrido a quase 400 quilômetros de distância de Tóquio, o tremor também foi sentido na capital, onde 4 milhões de casas e prédios ficaram sem energia elétrica. O serviço telefônico foi cortado em boa parte do país. Um dique se rompeu em Fukushima e o volume e a força da água devastaram as construções da região, segundo a imprensa japonesa. Correspondentes estrangeiros foram obrigados a trabalhar usando a internet, inclusive para serviços de transmissão de voz e imagens, como foi o caso do repórter Roberto Kovalik, da Rede Globo de Televisão.

O primeiro-ministro Naoto Kan fez um apelo à classe política: “Precisamos salvar o país porque o  terremoto causou diversos danos em vastas áreas do norte do Japão”, afirmou. Cerca de 8 mil militares foram enviados pelo governo à região afetada. O governo japonês pediu ajuda aos Estados Unidos para manter sob controle a usina nuclear ameaçada.

Em Washington, o presidente  Barack Obama afirmou que os EUA enviarão um segundo porta-aviões ao Japão, como parte do auxílio à Tóquio, após o mega-terremoto. Obama descreveu o desastre como “totalmente desolador”. Ele disse que os EUA oferecem ao Japão “qualquer ajuda” que for necessária.

“As imagens de destruição e inundações que vieram do Japão são totalmente desoladoras”, disse o mandatário americano, após ter conversado por telefone com o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan. “Nós já enviamos um porta-aviões ao Japão e outro está a caminho”, disse Obama. Segundo ele, outro navio militar dos EUA estava seguindo para o território norte-americano das Ilhas Marianas, para “prestar a assistência que for necessária” a população.

Sistema de alerta funcionou na capital japonesa

Tóquio (AE) – Moradores de Tóquio foram avisados que um grande terremoto iria atingir o Japão antes que eles pudessem sentir a terra tremer. Quando o terremoto de 8,9 graus atingiu a costa japonesa, o primeiro sistema de alerta de terremotos – desenvolvido pela agência de meteorologia do país – detectou a onda de choque se propagando a partir do epicentro e enviou uma mensagem de alerta, a qual foi imediatamente veiculada na rede nacional de rádio e televisão, bem como nas mensagens para os telefones celulares.

Em Tóquio, por causa da relativa distância da capital do norte do Japão, a mensagem de alerta chegou às pessoas realmente antes do choque ser sentido na cidade, informa o Wall Street Journal.

Quando o terremoto aconteceu, os sismômetros perto do epicentro detectaram a primeira onda de choque, a qual frequentemente é amena e pouco destruidora. Essa onda de choque é seguida por outra, que viaja mais devagar mas é muito mais forte e potencialmente destrutiva. O sistema de computadores da agência analisou os dados da primeira onda e rapidamente estimou o quanto poderosa a segunda onda seria; se o potencial da segunda onda realmente for muito forte, o sistema imediatamente emite uma mensagem de alerta. O Japão é o único país do mundo a possuir um sistema de alerta de terremotos.

Nível de radiação nuclear preocupa

Tóquio (AE) – Substâncias radioativas podem já ter vazado de um dos seis reatores nucleares da usina atômica de Fukushima Daiichi, advertiu a Tokyo Electric Power, operadora da instalação, citada pela agência local de notícias Kyodo News.  O nível de radiação estava oito vezes acima do normal em um posto de monitoramento perto do portão de entrada da usina, informou a Agência de Segurança Industrial e Nuclear do Japão, subordinada ao Ministério da Indústria. Na sala de controle da usina, prosseguiu a entidade, o nível de radiação estava mil vezes acima do normal.

Refinaria de petróleo da cidade de Chiba pega fogo minutos depois de ter sido atingida pelo tsunami que se seguiu ao terremotoJogadores que atuam no Japão vem relatando a situação do país, como é o caso de Jorge Wagner, ex-São Paulo. Em sua página pessoal no Twitter, o jogador do Kashiwa Reysol revelou que estava dentro de um trem no momento dos tremores. “Estávamos indo para Osaka. Pegamos um terremoto muito forte. Está uma correria e um trânsito muito grande aqui’,  disse.

A jogadora de vôlei, Fernanda Garay, que hoje atua no NEC, também aproveitou a internet para tranquilizar os familiares e fãs. “Jogos cancelados. A coisa foi feia, mas graças a Deus estamos bem”, disse a ponteira em sua página no Facebook.

Técnico do Kashima Antlers desde 2007, Oswaldo de Oliveira soube do terremoto e tsunami enquanto estava viajando para o próximo jogo da equipe, contra o Shimizu S-Pulse, pela segunda rodada do campeonato nacional. “Estávamos na estrada, rumo à estação de Tóquio para pegar o trem para Shimizu, onde iríamos jogar no sábado. De repente, alguém no ônibus recebeu o recado do que havia acontecido e nós, que estávamos vendo um filme, trocamos para a televisão local e vimos as imagens do terremoto e do tsunami”, relatou o treinador que, com o cancelamento da rodada, retornou para Kashima, onde os abalos sísmicos também foram sentidos. “Em Kashima houve muitos danos nas casas, ruas, lojas… Nosso centro de treinamento também sofreu o impacto. Desnivelou o campo, o teto do looby do clube cedeu, houve danos nos escritório… O Kashima Antlers ainda não sabe se haverá o jogo com o Sydney FC, da Austrália, nesta quarta-feira, pela Copa dos Campeões da Ásia. No momento a partida está em formato de espera.”

Natalense usa twitter para descrever o que viu em Chiba

O natalense Carlos Kawamura, que mora no Japão há sete anos, relatou no twitter o drama vivido durante o forte tremor de terra. O terremoto, que atingiu a costa nordeste, castigando a província de Miyagi, cerca de 400 quilômetros da capital Tóquio, provocou um tsunami que deixou um cenário de destruição em diversas cidades.

Em declarações postadas no twitter, Carlos revelou ter vivido momentos “apavorantes”. Ele, que reside na província de Chiba,  afirmou que apesar de não haver “destruição aparente” em sua cidade, os tremores foram intensos. “Aparentemente minha cidade saiu ilesa, mas estou bem assustado. Foi muito forte”, escreveu.

O natalense é funcionário de uma fábrica e mora no 8º pavimento de um prédio de nove andares. Apesar de o edifício não ter apresentado qualquer sinal de abalo, ele decidiu deixar o local. Confira abaixo alguns dos tweets de Carlos Nakamura:

“E quem consegue dormir depois de tudo o que esta acontecendo aqui?!? Noite longa! Mas a salvo!” “Parei de ver TV para não me assustar mais! O silêncio domina as ruas num pânico silencioso! Arrepia!”

“Estou agora no carro indo para outra cidade, para casa de amigos. Estou com medo do meu prédio. Moro no 8º andar.” “Assustadora a cena do tsunami varrendo uma cidade do nordeste do Japão…e um aeroporto sendo invadido pelas águas lá em Sendai.”

“Aparentemente não há destruição aqui na minha cidade. Mas está tremendo bem!” “Muita gente voltando para casa a pé por falta de trens. Avenidas com o trânsito parado.” “O Japão esta todo tremendo hoje com terremotos fortíssimos! Estou fora de casa, pois meu prédio pareceu que ia cair!”

depoimento

“Fiquei paralisada olhando tudo cair”

A brasileira Joyce Davini Nishiyama, 31 anos, estava no 12º andar de um prédio na região central de Tóquio quando aconteceu o primeiro tremor, por volta das 14h46 locais (2h46 em Brasília). Foi uma experiência aterrorizadora. “Estava almoçando sozinha e começou a tremer tudo. Achei que ia parar, mas como continuou, saí correndo”, contou à BBC Brasil. “Quando abri a porta do escritório, um armário caiu na minha frente. Fiquei paralisada, olhando tudo cair a minha volta.” O medo de Joyce era de que o edifício ruísse. “Fiquei com muito medo mesmo do prédio todo cair”, fala.Há 11 anos no Japão, Joyce diz que pegou as coisas e desceu pelas escadas. “As paredes estavam rachadas em vários andares”, lembra. Assustada, ela voltou à pé para casa.“Demorei duas horas e meia para chegar em casa”, conta ela, que foi registrando com seu celular as cenas de destruição pelas ruas. “Na hora do terremoto não consegui fazer e nem pensar em nada, só fiquei rezando e pedindo para parar”.

Sonhos e planos interrompidos pelo cataclisma

Há pouco mais de um ano, o terremoto que colocou por terra a cidade de Porto Príncipe, onde estava uma missão de militares brasileiros, interrompeu o sonho, os planos e o futuro de um casal. Ele, subtenente do Exército; ela natalense que passava férias em sua cidade Natal.  Assim a TN, noticiou a tragédia.

“De férias em Natal, a mulher do subtenente Raniel Batista de Camargos, do 37º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em Lins-SP, um dos mortos na tragédia, não quis dar qualquer declaração à imprensa. Ela, que é potiguar, aguardava em casa de familiares a chegada do marido que estava saindo de Porto Príncipe, agora em janeiro. A morte interrompeu o encontro. O subtenente deixa uma filha de seis anos de idade, que está com a mãe.”

“O comando do Exército informou que em Porto Príncipe, os deslocamentos motorizados, até o momento, estão praticamente inviabilizados em razão da grande quantidade de escombros nas ruas de Porto Príncipe. Além disso, a escuridão, a falta de energia elétrica e de iluminação pública tem prejudicado os levantamentos mais pormenorizados, bem como a avaliação da real extensão dos danos. A população civil tem se deslocado em massa em direção à base do Comando do Batalhão Brasileiro (BRABATT), menos atingida pelos abalos, em busca de socorro e de auxílio no resgate dos feridos.”

“Desde o início dos abalos sísmicos, o BRABATT, usando todos os meios disponíveis, está empenhado em atender as vítimas da tragédia. No terremoto também morreu o colega dele, 2º sargento Davi Ramos de Lima, de 37 anos, que voltaria ao Brasil, em definitivo, no próximo sábado. Natural de Garanhuns (PE), era casado e tinha dois filhos menores e uma enteada.”

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas