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Tucanagem

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Vicente Serejo
Não foi à toa que a imprensa nacional cunhou, com inegável e certeira propriedade, o neologismo ‘tucanagem’ e flagrou, por analogia, a ambiguidade dos Tucanos quando ocupam, ao mesmo tempo, o muro e seus dois lados. Posições por ventura conflitantes dentro do partido são naturais, e até enriquecem a democracia e o exercício das opiniões, mas desde que essa prática não seja ardilosa, artifício cabreiro e intencional, escapismo para não tomar posição firme e clara. 
E é a repetição que consagra o estilo e engendra o vício. Fizeram assim quando da posição do partido no segundo turno da eleição para governador; fazem hoje, na discussão da reforma previdenciária; e farão de novo, quando os tucanos, liderados pelo deputado Gustavo Carvalho, propuserem a Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar se houve ilicitude da governadora Fátima Bezerra no Consórcio do Nordeste que engoliu cerca de R$ 5 milhões do erário estadual.  
Aquele jogo politiqueiro que uma parte dos tucanos viu na CPI e a outra não, para apurar denúncias de sobrepreço na Arena Das Dunas, se repete. Agora, com o dado insuspeito da posição do Ministério Público de Contas, órgão técnico do Tribunal de Contas do Estado, ao isentar o governo de má-fé. O deputado Carvalho anuncia que vai propor a CPI para investigar a ilicitude que acaba lastreada, claramente, por uma litigância que a outra banda dos tucanos desconhece.  
Claro está, até pelo acervo de onze votos de que dispõe a oposição, se medido pelos votos discordantes da proposta da reforma estadual da previdência, que não será difícil aprovar a CPI, até por ser um atributo natural da minoria quando não exige fórum especial. É uma tucanagem. Fruto da emulação que tem tudo para ser legitimada pelo plenário, e revela uma intolerância que fere o jogo democrático, ainda mais se jogado por um PSDB ambíguo e posto no alto do muro.  
A democracia há de ser, sobretudo, a busca do justo, mesmo que se revele algumas vezes difícil e até impossível atingir essa justeza. Não há como duvidar da boa-fé do secretário Cipriano Maia, muito menos a lisura dos seus atos nos cargos e funções que exerceu até hoje, assim como é injusto, por analogia e semelhança diretas, e em razão do mesmo parecer do corpo técnico do TCE, a suspeição em torno da honestidade da governadora Fátima Bezerra numa hora de horror.
A Assembleia corre o risco de virar um tribunal draconiano com seus parlamentares, os legisladores do Estado, a serem verdadeiros Torquemadas, modelos do terrível inquisidor Tomás de Torquemada que fez do próprio nome um adjetivo de perversão. Não é por ai que os Tucanos terão o respeito da sociedade que os colocou no plenário do Legislativo, a casa da convivência democrática. Nem cabe no estilo dos deputados tucanos serem prisioneiros de tão feio rancor.   

RISCO – Ao encostar na véspera da eleição, a Câmara passou do ponto para colocar em pauta a discussão do novo Plano Diretor. Agora, a avaliação não passa apenas pela pressão do Executivo. 
DESGASTE – A turbulência do tema, até dezembro, desgasta bem mais os atuais vereadores que buscam a reeleição do que a eleição de prefeito. E os edis correriam um risco hoje ainda maior. 
VULCÃO – Discutir o Plano Diretor agora é acordar o vulcão que fugirá do controle no confronto com as entidades da sociedade civil. É batata fumegante nas mãos do presidente Paulinho Freire.
POSSO – Pronta e aprovada a capa do livro de Paulo de Paula – ‘Eu Sou, Eu Posso’, e que sairá pela editora Gente, de S. Paulo, com organização de Iveraldo Guimarães. Pode ser um best-seller. 
GLÓRIA – Foi além da citação. Foi consagrador o elogio de Caetano Veloso, no programa de Pedro Bial, ao novo livro de Mércio Gomes, ‘O Brasil Inevitável’, erguendo sua visão inovadora. 
ALIÁS – Não foi à toa que esse seridoense abriu, este ano, o ciclo de conferências da Academia Brasileira de Letras. Ele demonstra que nossa miscigenação é o grande valor do povo brasileiro. 
FORÇA – O livro de Mércio, doutor em antropologia, tem a força de continuar Gilberto Freyre, Sérgio Buarque e Darcy Ribeiro. A visão de ‘O Brasil Inevitável’ agrada de Caetano a Bolsonaro.
OLHAR – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, ao ouvir de um velho vigia da graça feminina que elas gostam de comer caranguejos: ‘As mulheres bonitas abusam da beleza”.   

APURO – Não é por acaso a posição de liderança nas pesquisas de até agora do prefeito Álvaro Dias. Por isso mesmo, não vai derreter, como deseja o deputado Kelps Lima. É apenas a velha técnica de polarizar com o mais forte na busca natural de procurar alavancar a sua candidatura. 

ESMERO – Dias foi esmerado no cumprimento do maior dever do candidato: nunca subestimar a importância de quem possa contribuir para uma luta que é majoritária e precisa ser ungida pela maioria. Não cometeu o erro de construir a candidatura sozinho, acima da própria classe política.
TRILHA – Soube escolher o novo partido, PSDB, quando o MDB negou espaço, mas nem assim fechou as portas e, por isto, tem hoje o apoio emedebista preservando as raízes; buscou apoio do ex-prefeito Carlos Eduardo, do PDT; e foi bem avaliado no teste fatal da luta contra o Covid-19.       
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