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Turismo está otimista com feriados de 2006

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EXPECTATIVA - O turismo é o setor que mais está otimista com os feriados prolongados A quantidade de feriados prolongados este ano promete esquentar a economia do Estado, cuja mola propulsora tem sido bem representada pelo Turismo. O ano será atípico, com dez feriadões. E embora se pressuponha que o comércio fique em prejuízo, pela evacuação das pessoas da cidade, não há quase ninguém insatisfeito com a condição tipicamente brasileira. Principalmente em uma cidade turística, como Natal, onde os períodos de baixa estação podem até ser recompensados através dos feriados. Desde que existam boas estratégias de vendas e divulgação.

Para se ter uma idéia, exceto no carnaval (28 de fevereiro), que cai em uma terça-feira, todos os outros serão em uma segunda, sexta ou quinta-feira. Por essa última, sabe-se que a cultura se vale da tradicional ‘emenda’, também conhecida como ‘enforca’, pela qual o ‘jeitinho brasileiro’ acaba anulando o dia útil que permanece isolado no meio dos outros três de folga – nesse caso, a sexta-feira.

A notícia da quantidade de feriados prolongados traz otimismo no segmento turístico. O diretor executivo do Pólo Turístico Via Costeira, Murilo Felinto de Carvalho, mostra que a expectativa é das melhores, uma vez que já existe um planejamento de divulgação junto às outras cidades do país. Segundo ele, a estratégia para este ano será investir no turismo regional e nacional, intensificando o trabalho junto aos principais focos emissores de turistas, como São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Brasília, Recife e João Pessoa.

“Natal tem a melhor rede hoteleira do nordeste. O que precisamos é dizer isso”, ressalta o hoteleiro, informando que ao terminar a alta estação (fevereiro) e tendo em vista a quantidade de feriados, os onze hotéis da Via Costeira se concentrarão em feiras e eventos para divulgação do destino turístico Natal. “Nós participaremos de encontros com jornalistas e agentes de viagens mostrando o que nossos hotéis têm a oferecer”, conta ele, explicando o que se denomina a Familiarização Turística (Famtur), estratégia promovida pelas prefeituras das cidades durante todo o ano.

Na análise de Murilo Felinto, os hotéis não são os únicos a ganhar com os feriados prolongados, mas toda a economia do Rio Grande do Norte. “Se começarmos desde já trabalhando o turismo durante esses períodos, haverá bastante movimentação financeira no RN. É um dinheiro novo, que entra de forma pulverizada, ou seja, é direcionado a vários setores econômicos”, afirma ele, ressaltando que 56 áreas da economia são movimentadas com a estada dos visitantes.

Para se ter uma breve noção do que isso significa em números, só os hotéis da Via Costeira gastam em média R$ 100 mil por mês com ovos. Já com leite, os gastos ficam na faixa dos 20 mil litros mensais. E ressalte-se: todo o produto é adquirido no próprio Estado, movimentando a avicultura e pecuária locais, que antes dependiam basicamente da exportação. “Para gerenciar essa quantidade exorbitante de consumo, nós tivemos que criar uma Central de Compras, pois não dávamos mais conta da demanda de serviço”, frisa.

Os shoppings também são beneficiados com os feriadões. “O turista que chega à cidade sempre gasta. Ele quer comprar. O comércio também sai ganhando diretamente com isso”, atenta o diretor do pólo, que pensando nessa questão, disponibilizou o ‘freebus’ (ônibus gratuito) em toda a Via Costeira para levar os turistas a todos os shoppings de Natal. “Nos shoppings não existe mais baixa estação. Há uma compensação gerada com esses feriados, que no final das contas acabam sendo ótimos para todo mundo”, constata.

A empresária Decca Bolonha, proprietária de uma agência de receptivo, trabalha no segmento há 30 anos e concorda com Felinto. Para ela, todo e qualquer feriado só vem a acrescentar o fluxo de turistas, que chega a alcançar um aumento de até 20% no percentual de visitantes. De acordo com ela, caso o feriado seja próximo às datas de recebimento de salário, o fluxo pode crescer ainda mais.

Isso fortalece o comércio. “Feriado em cidades turísticas só fazem crescer a economia em todos os segmentos. Todo turista que vem a uma cidade passear, espera encontrar o comércio aberto – shoppings, casas de artesanato, restaurantes, locação de carros. Enfim, é só uma questão de participar do contexto.”

Datas são estimuladoras do setor

“Os feriados são os grandes estimuladores do turismo regional.” É com essa declaração, que o secretário municipal de Turismo, Fernando Bezerril, revela estar otimista para 2006. Segundo ele, Recife é o maior pólo emissor de turistas da região nordeste para Natal, ficando abaixo apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no sudeste. “Com a recuperação da BR 101, com certeza esses feriados aquecerão a economia do Rio Grande do Norte este ano”, espera.

A partir do mês de março, a Secretaria Municipal de Turismo (Sectur) implementará uma série de projetos de workshops e Familiarização Turística (Famtur) para divulgação do destino nas cidades vizinhas, levando em consideração a quantidade de feriadões do ano de 2006.

“A Famtur é uma troca de ‘figurinha’. Nós promovemos o encontro de jornalistas de outras cidades com hoteleiros nossos aqui, para divulgar o destino. E nós mandamos os nossos jornalistas para lá, no mesmo procedimento. É uma ótima estratégia para fazer propaganda turística e movimentar o foco regional”, explica o secretário, informando que no dia 9 de março, jornalistas de todo o nordeste virão a Natal para dar início ao programa de 2006.

Uma semana após a Famtur, serão realizados workshops. Bezerril esclarece que se trata do encontro entre hoteleiros e agentes de viagem. “É para quem compra e para quem vende. Depois de divulgar, fazemos o negócio.”

Para o secretário, todas essas estratégias, somadas ao serviço de qualidade dos hotéis, traz uma boa expectativa para o setor este ano. “Os feriados compensam a baixa estação, equilibrando e minimizando os prejuízos com a pouca movimentação turística”, garante.

Lojistas divergem sobre lucro

A superintendência da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), também não parece preocupada com a quantidade de feriados prolongados que, supostamente, acabariam prejudicando o comércio da capital.

“Não existe mais a cultura do feriado. Em tempos remotos, a quantidade de feriados era muito maior, e de fato, atrapalhava as vendas. Hoje, além de ter diminuído, o próprio comércio se adaptou aos temas das datas comemorativas. E geralmente continua funcionando normalmente. O único dia no qual para-se tudo, obrigatoriamente, é o Dia do Trabalho, e isso, graças a um acordo preestabelecido com os sindicatos”, justifica o superintendente da CDL, Adelmo Freire.

Para ele, isso só aconteceu porque atualmente existe mais abertura com os sindicatos que estão mais aptos a negociações. “Não há crise”, diz ele, comemorando o fato de que há maior consciência do mercado em relação à não paralisação obrigatória durante os feriados. “Não há mais o clima de feriado. O ambiente da população é outro”, ressalta.

A preocupação maior do comércio este ano será em relação à Copa do Mundo, que começa em junho e vai até julho, exatamente no horário comercial, durante o expediente vespertino. “Precisaremos nos reunir para decidir como funcionará o comércio na Copa, pois a atenção do consumidor fica focada no evento.”

A gerente de papelaria, Dilma Souza, discorda da posição da CDL. “Os feriados prolongados prejudicam. E muito. Principalmente para quem trabalha no centro da cidade (se refere ao centro comercial de Natal, bairro de Cidade Alta). O comércio geralmente vende bem no sábado pela manhã, mas as pessoas aproveitam para sair da cidade nessas ocasiões”, afirma ela, revelando que o movimento de pessoas chega a cair em torno de 80% nos feriados.

“Natal é uma cidade de funcionários públicos. A maioria deles enforcam os dias e aproveitam para viajar”, conta ela, mostrando que eles fazem parte de uma boa parte dos consumidores. Para ela, os feriados podem beneficiar o Turismo, mas não todos os segmentos comerciais, principalmente o setor no qual trabalha.

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