sexta-feira, 29 de março, 2024
27.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Turismo movimenta quase R$ 1 bi

- Publicidade -

Dados da Secretaria Estadual de Turismo (Setur) mostram que o turismo movimentou cerca de R$ 985 milhões no Rio Grande do Norte em 2007, mas houve uma leve queda no fluxo total de turistas que vieram ao estado: -0,3%. A redução foi puxada pela queda de 14,4% no número de visitantes estrangeiros, que se sobrepôs sobre o tímido crescimento de 1,9% no volume de pessoas de outros estados do país. Para a representação potiguar da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH RN), apesar de refletirem a realidade, os números não podem ser considerados exatos. 

O titular da Setur, Fernando Fernandes, reiterou as avaliações sobre a queda na quantidade de estrangeiros, que passou de 299,1 mil em 2006 para 255,9 mil no ano passado. Ele destaca a desvalorização do dólar como um dos principais motivos. O secretário cita ainda a concorrência de outros países e exemplifica com a retomada da atividade de destinos asiáticos, após as tragédias com tsunamis: Fernandes exemplifica com as altas no fluxo de estrangeiros em 2004 e 2005, reflexos de uma “fuga” da Ásia, e a queda no ano seguinte, quando a região já havia se recomposto. Além disso, houve um incremento na opção por países como Jamaica, Cuba e República Dominicana. “Eles oferecem quase a mesma coisa que nós e são mais baratos”, diz Fernandes.

Baseada em informações da Infraero e da Polícia Rodoviária Federal, a pesquisa da Setur engloba visitantes que chegam ao estado por aviões, ônibus e veículos. Os dados dela mostram ainda que o gasto médio diário individual (GMDI) do estrangeiro ficou em torno de US$ 115 no ano passado, contra US$ 59,6 do turista brasileiro. Ainda em relação a dinheiro, o estudo mostra que, em dólares, houve aumento de 0,8% na quantia movimentada pelo turismo no ano passado: em cotações atuais, o segmento operou R$ 985 milhões em 2007. Contudo, se considerarmos a cotação do dólar no fim de 2006 e de 2007, os valores movimentados de US$ 578,7 milhões e de US$ 583,3 milhões, respectivamente, se transformaram em R$ 1,23 bilhão e R$ 1 bilhão – ou seja, queda de aproximadamente 16%.

Inexata

Para o presidente da ABIH RN, Enrico Fermi, os números da Setur não são exatos. “Não existe  pesquisa nenhuma que cheque quem realmente é turista”, afirma. Ele exemplifica que nas passagens do ônibus interestaduais, assim como nas de avião, não qualquer indicador se o passageiro é um visitante ou um morador local que regressa.

“É um dado ousado. Tamanha é a falta de informação que temos tem no ramo, que você se apega com qualquer número”. Ele diz que tem informações da operadora de turismo CVC, a principal do país, de que o RN vendeu mais pacotes, que o Ceará, por exemplo, mas o volume caiu em relação ao desempenho potiguar de 2006. 

Ele admite, porém, que as informações da Setur são importantes. “Esses dados ajudam a mostrar um pouco como está o cenário, especialmente em relação ao fluxo internacional”, pondera Fermi. Ele destaca que o segmento sentiu a queda dos turistas internacionais, e está ciente de que uma das causas é a queda do poder de compra do estrangeiro. “Mas um dos motivos foi que o estado se acomodou frente a outros destinos”.

Leitos

Outra informação apresentada pela Setur é em relação ao número de leitos de hospedagem, um dos itens do censo empresarial que o governo estadual e entidades parceiras estão realizando. Está contabilizado, por exemplo, que em Natal há 26.102 leitos. Esse quantitativo, medido com base em dados de 2006, não era apurado desde 2002. A expectativa, baseada em estimativas, era de que a cidade abrigasse 25 mil leitos, mas, como explica o secretário, houve mudanças que, se tivessem sido percebidas, poderiam ter aumentado esse número estimado, como o fator de alguns hotéis, como o Residence, terem passado a ser considerados flats e de que muitas pousadas na área de Capim Macio cederam seus lugares a prédios residenciais.

Fernandes não tinha dados de outras cidades em mãos, mas assegura que a capital potiguar tem mais leitos de hospedagem do que Recife (PE).

Fernando alerta para desafios

Tanto Fermi quanto Fernandes declaram que é preciso agir diante da queda no fluxo de turistas. Ambos afirmam que estão trabalhando para isto. Em relação ao turista estrangeiro, Fernandes diz que há dois desafios. O primeiro é fazer com que o RN volte a ser “moda” no turismo internacional. Ele explica que é preciso oferecer novos produtos para os visitantes de fora que já vieram ao estado. Para isso, seriam feitos investimentos nos pólos turísticos do Seridó e Costa Branca – junto com o pólo das Dunas, essas regiões serão beneficiadas entre 2009 e 2010 com cerca de US$ 150 milhões do Prodetur Nacional, misto de finaciamento internacional com verbas dos governos estadual e federal.

“Precisamos fortalecer também nossa área cultural, que deve ser divulgada junto com os roteiros de aventura e de sol e mar”. Outra meta, segundo Fernandes, é captar mais vôos internacionais.

Fermi destaca que, para trazer os turistas de volta, governo e empresários estão trabalhando em política de captação, tanto do visitante estrangeiro quanto do nacional. “Esse ano vai ser de muito trabalho para, no nacional, focar nas classes C, D e E e que antes não tinha acesso à viagem. Passamos 15 anos trabalhando com a classe media, que migrou para o internacional”. Segundo ele, o Nordeste não vai ter essa classe média como cliente enquanto o câmbio continuar em declínio.  “Agora tem que mudar toda uma linguagem, mudar os focos da divulgação. Vamos ter que ir para metrô e para a mídia de massa”. Para ele, o turismo de eventos é outro ponto a ser atacado.

Em relação aos demais estados do Nordeste, Fermi diz que o problema da queda de turistas é o mesmo que no RN. “Tivemos a maior queda”, assegura, “mas Nordeste brasileiro todo sofreu”.

Para o secretário de Turismo, 2007 teve um início muito tumultuado, saindo de uma crise aérea, que gerou problemas tanto durante o “apagão”, quanto depois, com o cancelamento de pacotes de clientes que desistiam de voar. Mas ele avalia que as ações de divulgação e o entendimento com o setor privado possibilitaram que os resultados não fossem tão graves. “2007 foi bom, mas poderia ter sido ótimo”, avalia, “este ano tem tudo para ser melhor”.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas