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Turismo nacional ainda é caminho

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Silvia Ribeiro Dantas – Reporter

Passando por sérias turbulências, ocasionadas em boa parte pela redução no número de turistas estrangeiros que chegam a Natal, órgãos norte-riograndenses ligados ao turismo têm apostado cada vez mais na captação de visitantes domésticos. Dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) apontam que  nos sete primeiros meses deste ano, mais de 990 mil passageiros desembarcaram no Aeroporto Internacional Augusto Severo, a partir de voos domésticos, configurando um aumento de mais de 100 mil pessoas, com relação ao mesmo período de 2008. Entre janeiro e julho do ano passado, pouco mais de 890 mil pessoas chegaram ao aeroporto da capital potiguar, em voos originados a partir de outras cidades brasileiras.
Mesmo durante a baixa estação é fácil encontrar uma grande quantidade de turistas curtindo o sol em Ponta Negra, a praia urbana mais famosa de Natal
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) no Rio Grande do Norte, Enrico Fermi, o setor passou a perder espaço junto aos mercados no exterior, principalmente desde meados de 2008, época em que a crise financeira internacional ficou mais forte. “O fluxo de estrangeiros para o Rio Grande do Norte diminuiu bastante, enquanto tivemos um acréscimo de 10% de turistas em Natal, por parte do público doméstico, este ano”, atesta Fermi.

Para atrair visitantes das mais diversas regiões do Brasil, a solução encontrada pela Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur) foi fortalecer ações voltadas para o turismo de eventos. O presidente da Emprotur, Cláudio Porpino, revela que iniciativas como participação em feiras voltadas para o setor já provocaram um crescimento de 25% na venda de viagens para Natal, em todo o país, durante o mês passado.

Porpino conta que, nos próximos meses, a Emprotur participará de iniciativas voltadas a apresentar o destino Natal em cidades de Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e, principalmente, São Paulo. “Por ser o maior pólo emissor de turistas do país, estamos concentrando boa parte dos nossos esforços neste estado. Em setembro, participaremos de um road show que passará por nove cidades do interior paulista e culminará em um grande evento, em Ribeirão Preto, com o apoio da Associação das Agências de Viagem de Ribeirão Preto e Região (AVIRRP)”, completa o presidente da Emprotur.

Além disso, o turismo de eventos vem sendo bastante incrementado no Rio Grande do Norte. “Prova disso é o apoio que a Emprotur tem dado a festivais, como o gastronômico e o literário que ocorrerão em Pipa durante setembro próximo, e o Mundial de Kite Surf, que mudou a cara de Barra de Cunhaú no final de semana passado”, exemplifica Cláudio Porpino.

O secretário municipal de turismo de Natal, Francisco Soares Júnior, confirma o fortalecimento das ações voltadas ao mercado doméstico, afirmando que até o final de 2009, a secretaria irá priorizar o turismo regional. “O nosso foco será mesmo voltado para os estados próximos, com a realização de eventos, como shows musicais, para atrair visitantes de João Pessoa, Campina Grande, Recife, que costumam passar o final de semana aqui no Rio Grande do Norte”, diz.

Ainda de acordo com Soares Júnior, haverá também iniciativas com o intuito de vender Natal nos mercados nacional e internacional, que deverão ser desenvolvidas em conjunto com a Emprotur. “Um dos motivos que faz com que o nosso investimento no turismo internacional seja pequeno, é o alto custo. Mas vamos acompanhar a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) em eventos que ocorrerão na Europa, durante os próximos meses”, revela o secretário de turismo de Natal.

Fluxo de turistas estrangeiros diminui

Entre os profissionais que trabalham no Aeroporto Internacional Augusto Severo, a percepção é de que houve uma leve queda no fluxo de turistas que chegam a Natal, desde o início de 2009.

No box de informações turísticas da Emprotur, que funciona ao lado do portão de desembarque nacional, a maior parte dos visitantes estrangeiros que buscam auxílio é formada por argentinos, norte americanos e franceses. Dentre os brasileiros, o público é constituído por paulistas, cariocas, mineiros, brasilienses e cearenses. “Eles vem aqui em busca de mapas e roteiros de ônibus para os hotéis de Ponta Negra ou da Via Costeira. Também procuram muito por pousadas em praias, como Pipa e, mais recentemente, chegam muitos perguntando por São Miguel do Gostoso”, revelam os estagiários Lorena Timbó e Thales Pinheiro.

A vendedora de uma loja de souvenires, Rosineide de Araújo, conta ter percebido uma redução na clientela da loja, que busca principalmente camisetas com o nome da capital potiguar e chinelos de dedo. “O preço médio dos produtos mais vendidos aqui é de R$ 35 a R$ 40. Bom mesmo é quando entram estrangeiros, como portugueses e holandeses, pois os brasileiros acham tudo caro e relutam em comprar”, queixa-se.

No guichê de uma empresa de locação de veículos, o supervisor Alessandro Soares revela que há cerca de dois anos a procura por parte de estrangeiros começou a diminuir e hoje, o número de locações para esse público é mínimo. “Quem mais procura os nossos serviços são os turistas de Curitiba e Brasília, sendo cerca de três a cinco aluguéis de veículos por dia”, conta.

Ambulante oferece biquínis e cangas a turistas italianasOrla da praia de Ponta Negra concentra turistas estrangeiros

Mesmo sendo considerado um período de baixa estação, atualmente é fácil encontrar turistas circulando pela orla de Ponta Negra, principalmente italianos.

De acordo com a vendedora Eliane Marreiro, a quantidade de estrangeiros que visita a praia urbana mais famosa de Natal é alta e ela não notou qualquer modificação na frequencia deste público. “Agora tem vindo muita gente da Espanha, Holanda e Portugal. Faz sete anos que trabalho com biquini aqui em Ponta Negra e não vejo diminuição no movimento de turistas estrangeiros”, atesta.

Já a recepcionista de uma agência de passeios de buggy e locação de veículos, Suerda Magda, é enfática ao dizer que o ano de 2009 está apresentando resultados bem abaixo dos esperados pelo setor. Para ela, fatores como a divulgação de pontos negativos das praias da capital, como prostituição e poluição, foram decisivos para essa queda. “Não dá para comparar a quantidade de turistas que chega aqui hoje, com o que víamos há uns dois ou três anos. Já tivemos demanda de 10 passeios por dia e agora são apenas uns três ou quatro”, lamenta Suerda.

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