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Turismo potiguar resiste à crise

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TURISMO - Secretário diz que governo tem investido em divulgação do RN

Dólar desvalorizado, redução de vôos regulares e fretados e concorrência acirrada de outros destinos deixam o mercado turístico do Rio Grande do Norte – e de Natal, especialmente – contabilizando prejuízos. De novembro até agora, a ocupação média dos meios de hospedagem caiu entre 25% e 35%, segundo a ABIH. Todavia, a crise parece ainda não ter chegado ao ponto crítico de cortar empregos e, por enquanto, promoções e parcerias estão mantendo as empresas do setor, que contam hoje muito mais com o turismo regional do que com o internacional. É possível, inclusive, achar quem não se preocupe com a quantidade de hóspedes: há hotéis que já contabilizam 90% de quartos ocupados.

De acordo com o titular da Secretaria Estadual de Turismo (Setur), Fernando Fernandes, uma consulta simples que órgão fez junto a 16 hotéis de Natal sobre a ocupação de mês de julho – do qual são esperados bons resultados devido às férias – mostra que eles tiveram uma média de 70% dos quartos com hóspedes (entre 41% e 90%). A informação contraria a estimativa da representação estadual da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), segundo a qual o mês passado teve o insatisfatório resultado de 40%. Além disso, turistas estrangeiros, sempre mais dispostos a gastar, estão cada vez mais escassos. De acordo com a Infraero, o movimento de passageiros de vôos internacionais, que havia crescido 19,4% no ano passado, caiu 12,9% no primeiro semestre. Informações da Setur também mostram que a quantidade de vôos charters vindos da Europa caiu 12,5%, considerando o mês passado.

Para o presidente da ABIH, Enrico Fermi, essa baixa ocupação deverá se manter este mês, dando continuidade a uma fase difícil que se arrasta desde o ano passado. Ele, que não acredita em saídas a curto prazo, diz que o movimento de turistas regionais é a tábua de salvação na qual os hoteleiros estão se segurando. O presidente da Associação dos Hotéis de Ponta Negra, Heitor Pizzato, confirma a percepção da ABIH RN. Segundo Pizzato, a ocupação entre os associados está em 30%, marca considerada péssima e bem distante dos 60% ideais, que há pelo menos três anos não são atingidos. Os turistas têm preferido outros destinos, mais vantajosos quando se fala no peso da cotação do dólar. Pizzato não cita nomes, mas garante que já houve casos de corte de pessoal recentemente, para redução de custos. “Estamos trabalhando no prejuízo”, afirma.

Para Pizzato e outros hoteleiros, sobreviver em meio às adversidades atuais requer estratégias como promoções e foco na divulgação (leia mais na página 3), mas a tarefa governamental de manter o estado no foco das atenções dos turistas também precisa ser feita. Para ele, o montante investido até agora ainda não conseguiu compensar a ausência do RN na mídia de seus pólos emissores. “A manutenção da divulgação é essencial. Passamos muito tempo sem isso e o investimento atual ainda é pouco”, diz  o empresário.

A consultora e pesquisadora de turismo Adriana Cavalcante também considera “incipiente” a dedicação do poder público à promoção do RN e de Natal. Para ela, o que se está fazendo agora é tão pequeno que sequer é possível de se fazer uma análise sobre a compensação da falta de divulgação no passado. O secretário estadual de Turismo, Fernando Fernandes, não tem os valores investidos no primeiro semestre do ano passado. Estima que seja algo entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões. Mas garante que, este ano, no mesmo período, foram aplicados R$ 3,2 milhões, incluindo mídias alternativas e publicações especializadas. Para o secretário, a presença de turistas de outros estados no RN está diretamente ligada a este trabalho.

Sobrevivência depende de ajustes

O hoteleiro Heitor Pizzato reduziu suas tarifas em 20% nos últimos meses, para atrair mais hóspedes. Ele conta que esta e outras atitudes têm sido as alternativas encontradas pelos empresários para tentar minimizar os prejuízos. Para o presidente da ABIH RN, estratégias como esta são as responsáveis pelos casos pontuais de altas ocupações este mês. O hotel dele, o Natal Praia Hotel, está 90% ocupado, graças a uma parceria proposta pela operadora PNX (do grupo BRA), na qual pacotes eram vendidos na linha “pague um e leve dois”.

Para a consultora Adriana Cavalcante, o caminho é mesmo este, em um conjunto de medidas: “ações estratégicas de marketing, tarifas diferenciadas, participações em eventos, pacotes promocionais… Enfim, o que houver em instrumento disponível aproximar o RN do turista é válido” , diz ela.

No resort D Beach, em Ponta Negra, o vôo semanal trazido da Itália pela operadora Dimensione, dona do hotel, garante a manutenção dos clientes, entre os quais também estão brasileiros e oriundos de outros países. “Estamos equilibrando com promoções”, diz o diretor operacional Márcio Luiz. Segundo ele, as tarifas foram reduzidas em torno de 30% este ano, mas isso não afetou o faturamento na mesma proporção. Tanto que o D Beach, onde são promovidas férias coletivas no mês de maio, contratou mais 10 pessoas este ano. “Não temos do que reclamar”, declara.

O secretário estadual de Turismo, Fernando Fernandes, diz que o trade também precisa se movimentar. “É preciso que as empresas também invistam, o governo não pode ser o único investidor”. Contudo, mesmo com um esforço conjunto, este ano não deverá ter um desempenho satisfatório. “Devido a uma conjuntura de fatores negativos, não acredito que vamos superar os resultados de 2006, especialmente no que diz respeito ao turista estrangeiro”.

Eventos melhoram baixa estação

Segundo o Secretário de Turismo de Natal, Fernando Bezerril a saída para reduzir as taxas de ocupação na baixa estação é o turismo de eventos. “Sou favorável que os empresários trabalhem na captação de eventos como forma de compensar as perdas de ocupação com fatores externos, como o apagão aéreo, a desvalorização cambial e outros”. Esse trabalho já vem sendo feito pela Secretaria de Turismo de Natal, Sindicato dos Hotéis, Convention Bureau, Coohotur e ABIH RN, com a conquista esta semana em Manaus durante congresso da Associação Brasileira de Bares, Restaurantes e Entretenimento de Lazer (Abrasel) que o próximo evento seja realizado em Natal, no próximo ano no mês de abril. “Fizemos um gol, vamos trazer 3 mil empresários do setor de restaurantes e entretenimento para Natal, em pleno período de baixa”, salienta Fernando Bezerril.

Referiu-se ainda o secretário sobre o trabalho de captação de eventos que a Cooperativa para o Desenvolvimento da Atividade Hoteleira e Turística (Coohotur) está fazendo  vem rendendo uma extensa pauta de realização de grandes eventos no equipamento. Em agosto, além da solenidade do Aniversário do Rio Grande do Norte ocorrida no último dia 7, a XII Feira Brasil Mostra Brasil durante esta semana e a Convenção Brasileira da Avon e o 10º Congresso de Odontologia do Rio Grande do Norte, além do outros eventos, como formaturas e bailes.

Para setembro, o diretor administrativo do Centro de Convenções, Nailson Dantas, já confirmou a realização do Natal Fashion Week, da Convenção Nacional do Comércio Lojista e da Convenção da Redemais. Em outubro está confirmado a 37ª Convenção das Unimed´s, o Seminário de Direito da UnP e o X Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem.

O Centro de Convenções de Natal, que é considerado um dos melhores equipamentos do Brasil e o terceiro maior do Nordeste, tem atraído historicamente 11 grandes feiras durante o ano e a meta da Coohotur é a de conseguir trazer grandes feiras regionais.

Dados sobre turismo ainda são insuficientes

O simples cruzamento de dados disponíveis sobre movimentação de passageiros é insuficiente para avaliar o peso da crise aérea. De acordo com dados da Infraero, o movimento de passageiros no Aeroporto Augusto Severo cresceu 11,5% no primeiro semestre. O incremento foi puxado pelo vai-e-vem doméstico, que aumentou 17,4%. Já a ida e vinda de pessoas em viagens internacionais, que tinha crescido 19,4% no ano passado, caiu 12,9%. Mas os números de embarques e desembarques da Infraero parecem não ser um bom indicador, uma vez que os hoteleiros e outros profissionais ligados à área afirmam que o caos aéreo foi um dos principais responsáveis por cancelamento de reservas e redução na procura.

Em geral, a disponibiliade de informações sobre o turismo no RN é inversamente proporcional à importância do setor no estado. O último censo, feito em 2002, apontava cerca de 27 mil leitos no estado – de acordo com a Setur, outro levantamento deste porte já está em andamento. A estimativa é que hoje este número ultrapasse os 45 mil. Quando se fala em ocupação, não há entidade ou órgão público que mantenha pesquisa periódica e confiável sobre o assunto, que acaba sendo tratado com base na experiência de quem trabalha com turismo, e, ao mesmo tempo, fica vulnerável à eventuais maquiagens. Outra fonte, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, dá mostras de que nem tudo está perdido no setor. O segmento de alojamento e alimentação, onde o turismo está incluso, representou, sozinho, 12,7% das novas vagas criadas no Rio Grande do Norte no primeiro semestre.

Contudo, embora ainda não seja suficiente, a Setur faz uma pesquisa periódica com dados que englobam movimento de passageiros e gastos por turista.

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