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TV Tupi há 70 anos

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Alex Medeiros
Não há exagero na afirmação de que o Brasil civilizado começou naquele 18 de setembro, como hoje, no ano de 1950, quando o visionário paraibano Assis Chateaubriand inaugurou a primeira emissora de televisão do País e de toda a América do Sul, a TV Tupi, instalada no prédio onde já operava a Rádio Tupi, no bairro Sumaré, em São Paulo. Com a antena de transmissão encravada no alto da torre do Banco do Estado de SP, o canal 3 entrou no ar depois das 21h.
Setenta anos atrás, o Brasil vivia sob o nacionalismo getulista, com a industrialização urbana dando os primeiros passos e o sistema de comunicação dominado por rádios e jornais. O analfabetismo imperava e poucos eram os brasileiros com bom costume de leitura. Além de jornais e revistas serem consumo das elites, os livros minguavam, com o número de editoras não chegando a 150 em todo o País. O povão só curtia o rádio, AM.
Mesmo assim, em termos nacionais, a rede de comunicação por rádio entre 1940 e 1950 ainda era incipiente, pois mais de 90% das emissoras se concentravam no Sudeste e Sul, grande parte disso entre o Rio e São Paulo.
Tal realidade levou Assis Chateaubriand a comprar dezenas de aparelhos de TV e espalhar em locais estratégicos da capital paulista, a ele não seria suficiente apenas a elite assistir a festa que a Tupi preparou para a estreia.
Televisores foram ligados na Praça da República e no Jockey Club, além de outros pontos bem frequentados naquele tempo. Na sede do Sumaré, os convidados foram chegando nas primeiras horas da tarde, depois do almoço.
Às 16h, o bispo de São Paulo, dom Paulo Rolim Loureiro abençoou os estúdios e as enormes câmeras. O fundador dos Diários Associados discursou e foi seguido pela poetisa Rosalina Coelho Lisboa, escolhida madrinha da emissora.
A cerimônia acabou às 18h e foi anunciado um grande show de inauguração chamado TV na Taba, mas ocorreu uma falha técnica e uma das três câmeras não funcionou, tendo um técnico norte-americano sugerido o adiamento.
Mas, nada faria Chateaubriand desistir do seu espetáculo, e os técnicos brasileiros deram um jeitinho para que o diretor artístico Dermival Costa Lima tocasse o script, com ajuda de um jovem chamado Cassiano Gabus Mendes.
E então, a primeira imagem entrou no ar; a atriz Yara Lins deu boa noite e anunciou o prefixo PRF-3 TV Tupi-Difusora. E surgiu a menina Sônia Maria Dorce, de 5 anos, vestida de índia e dizendo: “está no ar a televisão do Brasil”.
O detalhe histórico dessa estreia é que a imagem da garotinha (ela depois seria atriz) passou a se popularizar como uma das marcas da emissora, mas com a nação inteira sempre se referindo a “o indiozinho da Tupi”, um menino.
Apesar de Hebe Camargo ter se tornado a Rainha da TV brasileira, ela faltou naquele dia e então Lolita Rodrigues a substituiu para cantar o Hino Nacional. Nos dias posteriores, a Tupi entrava no ar às 18h e operava só até às 23h.
Eu devo grande parte da minha aprendizagem cognitiva aos anos que fiquei plantado diante da programação da TV Tupi, cujo sinal chegava em Natal via Recife, assim como ocorria também com Record e Excelsior nos anos 1960. 
Inesquecíveis os programas Clube do Capitão Aza (Comandante-chefe das forças armadas infantis deste Brasil), foi lá que vi Roberto Carlos pela primeira vez; Flávio Cavalcanti, Jota Silvestre, Sílvio Santos e Chacrinha. E as novelas.
Eu era assíduo nas casas da vizinhança com aparelhos de TV, e se não tinha filmes ou seriados, via as novelas, como Beto Rockefeller, A Pequena Orfã, As Bruxas, Revolta dos Anjos, Mulheres de Areia, Barba Azul, Os Inocentes…
Nada me marcou mais na Tupi do que a Copa 70, a transmissão abrindo com a trilha do Canal 100 e a voz de Doalcei Camargo: “Senhoras e senhores, falamos desde o estádio Azteca, abertura sensacional da Copa México 1970”.
O Brasil deve muito ao pioneirismo da TV Tupi e seu visionário fundador. Obrigado, Seu Assis!
Às armas
Cresceu a procura por armas durante a pandemia, com a PF registrando 105.603 novas armas entre janeiro e agosto, o que significa mais do dobro do mesmo período em 2019 e bem superior ao número de todo o ano passado.

Poluição
Alô, Coronéis Alarico e Araújo, não está na hora de orientar a tropa na coibição dos canos de escape rasgados em motos e carros de candidatos a playboys? O barulho tanto acorda idosos de dia como levanta crianças na madrugada.
Chegando
Já é visível a síndrome do jornal El Monitor Universal atingindo alguns na aldeia de Cascudo. O ritmo marcha ré que foi usado em Paris com o imperador sendo usado em direção ao capitão. O velho morde e assopra dos valentes.
Músicas
A lista das 50 maiores canções latinas publicada pela Billboard está gerando críticas por causa de algumas ausências, principalmente clássicos imortais. A questão é que o critério de escolha é mercadológico, por vendas e execução.
Hinos
Eis alguns clássicos que se tornaram hinos: A Media Luz (Carlos Gardel), Volver a Los 17 (Violeta Parra), El Reloj (Roberto Cantoral), Malena (Roberto Goyeneche), Cambalache (Carlos Gardel) e Perfídia (Alberto Dominguez).
Hinos II
Mais: Cielito Lindo (Quirino Mendoza), Contigo en la Distancia (César Portillo), Águas de Março (Tom Jobim), Libertango (Astor Piazzolla), El Choclo (Casimiro Alcorta), Chega de Saudade (João Gilberto), Caminemos (Los Panchos).
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