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U2, eficiência e catarse

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CARISMA - Bono Vox fez seu discurso político, falou de amor e comprovou a força de sua imagemPor Jotabê Medeiros e Lauro Lisboa Garcia

Às 21h43, o Estádio do Morumbi tremeu. Aos primeiros acordes de City of Blinding Lights, a multidão, cerca de 70 mil pessoas emitiram um assovio muito longo. Quando surgiram no telão o gorro de The Edge, o cabelo gomalinado de Larry, a indiferença cool de Adam e os óculos de mosca varejeira de Bono, começou a ficar claro por que o U2 é conhecido pela precisão tecnológica: som impecável, luzes de eficiência extraordinária e imagens formando-se no telão em cenas de psicodelismo digital juntavam-se para reafirmar essa lenda.

O repertório repetiu o que eles já vinham fazendo em toda turnê Vertigo. Vertigo, Elevation (primeiro grande grito de guerra da platéia, todos juntos na pista em coro no refrão) e Until The End of the World foram as primeiras canções.

Palhaços planetários, os irlandeses do U2 sabem como agradar todos os tipos de platéias. Há alguns dias, disseram que o México era o país do futuro. Agora, em São Paulo, apelam para o futebol. “Copa do Mundo. Prontos para o hexa?”, disse Bono. Em seguida, agradeceu a presença das pessoas de diversos estados do Brasil, citando Amapá, Santa Catarina, Brasília. “Bem-vindo a todo o Brasil”.

As primeiras catarses foram quando surgiram as músicas mais célebres como New Year’s Day, I Still Haven’t Found What I am Looking for e Beautiful Day. A multidão cantava junto cada verso. “Oi galera. Agora é a nossa vez”, disse Bono. O U2 é uma banda que soube se adequar à era moderna. Seu telão sozinho, com suas abstrações digitais criadas por Willy Williams, é um espetáculo lisérgico.

Às vezes, cria só imagens novas; em outras, como no momento em que Bono e sua banda cantavam Until the End of the World, o telão mostrava um filme noir, enquanto a melancolia de um passado remoto escapava da guitarra de The Edge.

“Vim ver especialmente Bono Vox, pelo engajamento dele na luta pela erradicação da pobreza no mundo”, disse o senador Eduardo Suplicy, logo antes do telão exibir os primeiros seis artigos da Declaração dos Direitos dos Homens e a banda começar a interpretar In The Name of Love. “O sonho não é apenas dos americanos, mas também dos irlandeses, do Peru, do Chile, do México, da Argentina, do Brasil”, disse Bono, para reação mista do público, que vaiou quando a Argentina foi citada e berrou quando o Brasil encerrou a lista.

Às 23h57, o baterista Larry, sozinho no palco, encerrou o espetáculo. O U2 saía no seu segundo bis. A platéia parecia satisfeita. Bono fez de tudo. Além do discurso político, presente antes da execução da canção One More, ele também falou com doçura do amor, como na canção Misterious Way. Nessa música, ele içou uma moça de cabelos muito longos da platéia e cantou abraçado com ela. Emprestou o seu quepe à garota enquanto cantava With or Without You e terminou com um selinho na felizarda. “Nunca esqueceremos isso. Obrigado.” A platéia vaiou quando, antes da execução da canção Zoo Station, surgiram no telão, em lados opostos, o presidente Lula e a bandeira brasileira e o presidente George W. Bush e a bandeira americana. Difícil dizer para quem foram dirigidas as vaias mais estridentes.

“Nós amamos o Brasil. Amamos o Carnaval”, disse Bono, salientando que o carnaval une “ricos e pobres, velhos e jovens, esquerda e direita e isso é bom”. Enquanto discursava, aparecia no telão um logotipo da sua ONG Global Call To Action Against Poverty. Em seguida, fez um dos grandes números da noite, a canção One.

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