A luta pelo poder no futebol mundial ganha novas dimensões, pelo menos fora dos campos. Ontem, a Uefa (União Européia de Futebol) aprovou uma resolução entre suas 52 associações nacionais condenando o G-14, grupo dos clubes mais ricos da Europa. Os dirigentes das equipes entraram com um processo no início da semana em uma corte belga pedindo que federações nacionais indenizem os clubes por eventuais lesões em jogadores que sejam emprestados às seleções nacionais.
Para a Uefa, que ontem mesmo ganhou o apoio da Fifa contra os clubes, a justiça comum não deve ser usada para solucionar diferenças no esporte. Pela resolução da entidade, toda equipe tem a obrigação de liberar seus jogadores para os times nacionais. Para Lennart Johansson, o G-14 não passaria de um “grupo de clubes ricos que querem obter mais dinheiro e poder lucrando com o jogo, sem se preocupar com o futebol nem com os torcedores”, disse.
E acrescentou: “se o G-14 quer ter voz própria, ele pode. Mas fora da estrutura européia do futebol”. Há uma semana, o jornal inglês “The Guardian” publicou uma matéria indicando que o grupo já estaria pensando em formar uma liga separada na Europa, apenas com os grandes clubes, como Barcelona, Milan, Lyon e Inter. Nesta quinta-feira, em Bruxelas, o G-14 emitiu um comunicado respondendo as críticas da Uefa e garantindo que não pretende sair da entidade.
Para Thoman Kurth, o que o grupo quer é que as regras do futebol, calendários e estrutura não sejam elaboradas somente por federações, mas que os clubes sejam ouvidos. Ele ainda defende novos seguros para os jogadores e um esquema de compensação. “O G-14 perturba a família do futebol”, criticou Joseph Blatter, presidente da Fifa. Para ele, os ataques dos clubes são “injustos” e não têm a menor procedência.