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UFRN inaugura Instituto Internacional de Física

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Carla França – Repórter

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte inaugura nesta-segunda-feira (24), às 9h, o Instituto Internacional de Física (IIF), um centro de pesquisa de caráter nacional que tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico do Brasil, mais especialmente das regiões Norte e Nordeste.

Criado em outubro de 2009, através de Resolução do Conselho Universitário (CONSUNI), o IFF dará continuidade ao programa de pós-doutorado iniciado no Centro Internacional de Física da Matéria Condensada da Universidade de Brasília (CIFMC-UnB),que se tornou  referência internacional em sua área de trabalho.

“Com o Instituto vamos criar condições para a atração de professores visitantes capazes de expandir a pesquisa acadêmica e fortalecer a formação de novos quadros científicos no Brasil”, explica o professor Álvaro Ferraz, que faz parte da coordenação do IIF.

Segundo Álvaro Ferraz, o Instituto atua numa área de grande destaque, Física Teoria, e  que é ferramenta básica para outras ciências.  Inicialmente serão cinco grupos de pesquisas coordenados por professores do  CIFMC-UnB e também de renome internacional. “Inicialmente as linhas de pesquisas que vamos trabalhar são: Sistemas Fortemente Correlacionados, Nanoestruturas Fora do Equilíbrio, Teoria de Campos Fenômenos Críticos, Materiais e Aplicações e Cálculos Ab Initio para Nanoestruturas e Sistemas Correlacionados. São temas difíceis de serem explicados para quem não é da área, mas são de extrema importância”, disse o professor.

Está prevista, a partir de 2011, está prevista uma aplicação das atividades do IIF para as demais áreas da Física Teórica: Partículas Elementares, Astrofísica e Cosmologia, Mecânica Estatística, Teoria de Campos e Teoria de Cordas. O IIF também vai atuar na organização de eventos científicos e de workshops de pesquisa de longa duração irá proporcionar contato permanente entre instituições de pesquisa em Física no Brasil e no resto do mundo, estimulando tanto o amadurecimento acadêmico de recém-doutores quanto o desenvolvimento de pesquisas interdisciplinares em áreas de fronteira da Física Teórica.

A inauguração da sede do IIF – que fica na avenida Odilon Gomes de Lima, em capim Macio, vai contar com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende e do cientista americano e Prêmio Nobel de Física em 2004, David Gross. O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professor Carlos Alberto Aragão Carvalho Filho.

Comitê

Logo após a inauguração terá início a Reunião do Comitê Científico do IIF, que será realizada durante dois. Nesse encontro serão discutidas as diretrizes de funcionamento do Instituto, as linhas de pesquisas, entre outros assuntos ligados ao IIF.

Reunião do Comitê Científico do Instituto será realizada durante dois dias, 24 e 25 de maio, no auditório da Reitoria. A abertura dos trabalhos será feita após a inauguração da sede do IIF, pelo reitor José Ivonildo do Rêgo. Falarão, na oportunidade, o ministro Sérgio Rezende e o professor Carlos Aragão, presidente do CNPq. Em seguida, haverá apresentação da agenda de trabalhos e discussão dos pontos levantados pelos convidados.

Bernadete Sousa, pro-Reitora de Pesquisa da UFRNEntrevista: Bernadete Sousa – Pro-Reitora de Pesquisa da UFRN

Nos últimos anos Universidade Federal do Rio Grande do Norte vem priorizando e incentivando o desenvolvimento de pesquisas. Hoje, 92% das pesquisas realizadas no Estado são desenvolvidas na UFRN. Graças a esse desempenho, a instituição também tem conseguido atrair pesquisadores de renome internacional. Um exemplo é o Instituto Internacional de Física – que vai contribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico do País, principalmente das suas regiões Norte e Nordeste. O IIF  será inaugurado na segunda-feira (24). Tem ainda o Instituto de Neurociências, comandado por Miguel Nicolelis, que fez o RN referência nessa área. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, a Pró-Reitora de Pesquisa da UFRN, Bernadete Sousa, falou sobre a atuação e os investimentos da instituição na área das pesquisas científicas.  

Tribuna do Norte: Qual o papel da Pró-Reitoria de Pesquisa da UFRN?
A UFRN tem atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, ou seja, graduação e pós-graduação. Hoje, a instituição tem de 30% a 35% das matrículas de nível superior do RN. E 92% das pesquisas realizadas no Estado são desenvolvidas na UFRN, ou seja, novas metodologias, novos processos, novos produtos estão sendo desenvolvidos e têm como referência a universidade. Para o aluno de graduação, a pesquisa é uma atividade complementar na formação. O programa de iniciação científica, que só existe no Brasil, foi criado para diminuir o tempo de formação do aluno na pós-graduação, além de deixá-lo mais qualificado para o mercado de trabalho. E é a Pró-Reitoria que faz o intermédio entre o desenvolvimento da pesquisa e a graduação. Além disso, a gente coordena todas as atividades de pesquisa da instituição, que são a base da pós-graduação.

Como está a UFRN no que diz respeito às pesquisas acadêmicas?
Os indicadores da UFRN no campo das pesquisas são ascendentes há um longo tempo, mas nos últimos anos com uma maior intensidade. É interessante destacar que o perfil desse crescimento se dá de maneira muito paralela em todas as áreas do conhecimento, mostrando que a UFRN segue uma política de apoio às grandes áreas do conhecimento: Exatas e Tecnológicas, Biológicas e Saúde e Humanas e Sociais. Hoje a UFRN tem em torno de 1.400 projetos de pesquisas sendo executados. Desses, nós podemos dizer que cerca de 70% são voltados para temáticas que dizem respeito a problemáticas do Rio Grande do Norte. O que demonstra um grande compromisso da instituição na sua inserção social, e na resolução dos problemas locais.

Então essas pesquisas possuem aplicabilidades práticas para a sociedade?
Exatamente. No começo da década de 80 a universidade estava instalando o seu primeiro curso de pós-graduação e trazia muitos professores do Sul do país para aplicar aqui algumas de suas pesquisas e a maioria delas não tinha ligação direta com o Estado. Mas hoje isso mudou. Temos nossos próprios cursos de pós-graduação, as nossas linhas de pesquisas se regionalizaram. Agora claro, que muitos temas locais rebatem problemáticas universais. As questões climáticas, a sustentabilidade ambiental, as pesquisas realizadas nas áreas da saúde, de administração, de gestão. Então, a gente tem hoje uma matriz de pesquisa muito voltada para a realidade local.

A senhora pode nos apontar algumas das principais pesquisas desenvolvidas na UFRN?
O campo que é mais observado pela população, no que diz respeito a aplicabilidade, é a área da saúde. Muitas dessas pesquisas  são realizadas dentro dos hospitais (Hospital Universitário Onofre Lopes, Maternidade Januário Cicco) e para responder, muita delas, problemas locais. Por exemplo, nós temos uma pesquisa de impacto muito grande, que é a saúde materno-infantil para diminuir o índice de mortalidade. Tem a área da nutrição, temos diferentes programas no interior do Estado. Na área das engenharias há uma grande interação universidade-empresa. São vários pesquisadores que trabalham para a Petrobras desenvolvendo novos materiais para a companhia,  na indústria de cerâmica do RN, setor moveleiro, turismos.  Temos também o Departamento de Educação da UFRN com grandes programas vinculados ao ensino, os setores da Psicologia, Departamento de Artes, Comunicação. Além da formação dos recursos humanos, porque a gente forma alunos.

A UFRN tem conseguido captar recursos financeiros para esses projetos?
Do ponto de vista da arrecadação de recursos financeiros, geralmente ocorre mais nas áreas exatas e tecnológicas. Nos últimos 11anos conseguimos captar  R$126 milhões só da Petrobras para a área tecnológica. Existem ainda programas de recursos humanos da empresa, onde os professores dos cursos de Engenharia, Química, por exemplo, recebem bolsas para alunos da graduação, mestrado e doutorado com o objetivo de formar mais pessoal para atuar na área do petróleo, que demanda muita mão de obra. A gente tem o grande apelo do Pré-Sal, o que certamente vai trazer uma ampliação do setor aqui do Estado. Estamos inclusive com uma reunião para discutir o impacto do Pré-Sal para o RN.

Existe previsão para expansão das pesquisas, quantidade de bolsas de estudo?
Hoje nós temos um total de duas mil bolsas de iniciação científica para um total de 25 mil alunos. Um número considerado baixo, mas essa quantidade de bolsa só foi alcançado porque houve uma expansão.  Recentemente tínhamos um número de apenas 700 cotas, aí entrou o Reuni, o próprio sistema de bolsas da UFRN expandiu, o CNPq e a Petrobras também aumentaram a oferta. E todas as agências estão trabalhando no sentido de alavancar o desenvolvimento do País. Até porque a gente vive hoje em uma sociedade do conhecimento, então se você detém o conhecimento, está criando mecanismos para mudar, quem sabe, o perfil de exportação do País que é de commodities, é de grãos. E a gente quer mudar para um perfil tecnológico onde se agregue mais valor ao produto exportado para dessa forma ter uma economia mais forte, maior riqueza, maior distribuição de renda.

Há alguns anos o Brasil apenas exportava cientistas e pesquisadores para outros países. Hoje esses profissionais estão escolhendo o Brasil para desenvolver seus estudos. A UFRN tem conseguido atrair esses pesquisadores?
Temos sim. Um exemplo é o professor Miguel Nicolelis do Instituto de Neurociências. Ele não se repatriou no Brasil, mas criou uma unidade de pesquisa, que tem  curso de pós-graduação em Neurociências, a partir da proposta de trazer professores brasileiros que estavam nos Estados Unidos. E hoje nós já trouxemos sete docentes. E no próximo mês de julho está vindo um professor da Carolina do Norte para atuar na área de neurociência. Hoje podemos nos considerar um dos polos de excelência nessa área graças a implantação do INN. Nós estamos voltados com o foco para o RN, mas não estão fechadas para isso, estamos buscando uma internacionalização, já que o mundo está cada vez mais globalizado.

A UFRN vem investindo na parte de infraestrutura (laboratórios, prédios, equipamentos) e recursos humanos?
Nós temos cerca de 30 construções na UFRN vinculada à estrutura para a pesquisa que está sendo ampliada.  Um exemplo é o Instituto Internacional de Física que será inaugurado na segunda-feira (24) que tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico do País, principalmente, das suas regiões Norte e Nordeste . O IIF vem criar condições para a atração de professores visitantes capazes de expandir a pesquisa acadêmica e fortalecer a formação de novos quadros científicos no Brasil. No que diz respeito a recursos humanos,  contratamos quase 600 professores (hoje a UFRN conta com mais de 1.600 docentes) nos últimos dois anos. E é importante lembrar que desses 1.600, 70% deles estão envolvidos com atividades de pesquisa da instituição. O nosso diferencial, com relação às universidades particulares é que  não priorizamos apenas o profissional, os professores se desdobram para oferecer uma formação acadêmica mais qualificada no nível de pós graduação. Porque para ter pós, é preciso ter pesquisa. E a UFRN vem exigindo essa qualidade desde os processos seletivos para contratação de professores, tendo em vista que a instituição exige professores com mestrado e doutorado. São 76 cursos de pós-graduação- 28 doutorados e 48 mestrados.

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