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Um anjo em minha vida

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Alex Medeiros 
Foi numa tarde de final de março, sentados no chão entre as estantes de aço que eu ouvi a notícia que havia um menininho se formando, um segundo filho anunciado na interrupção do ciclo menstrual da namorada e logo confirmado num teste de gravidez. Nem precisou fazer cálculos sobre quando aconteceu, a folia amorosa ao som da Bandagália em fevereiro foi a preliminar da madrugada sem fim em que ele mandou três sinais de que decidira vir pra nós.
Não só escolheu os pais, mas também o ano de chegada, 1989, rico em grandes acontecimentos e instigante quanto à produção cultural, tanto no Brasil quanto no mundo. A liberdade abriu as asas sobre o Muro de Berlim no chão, desviou tanques comunistas numa praça de Pequim e soprou ventos de votos livres devolvendo ao povo brasileiro a eleição presidencial. E como que para deixar o ambiente em paz para sua chegada, decretaram o fim da Guerra Fria.
Importante negociação política daquele ano foi a dos pais, discutindo a escolha do seu nome, enquanto a Legião Urbana cantava “meu filho vai ter nome de santo / quero o nome mais bonito”. E ficou Rudá, o deus do amor tupi-guarani.
Na manhã de 8 de dezembro, eu fui trabalhar de bermuda e tênis, pois tinha planejado com amigos um happy hour no Kazarão ouvindo uma fita com hits de John Lennon, morto nove anos antes, e que me foi dada por Orione Barreto.
Já contei outras vezes que não cheguei a entrar na agência, pois na porta estavam as colegas de trabalho aos gritos me mandando ir para o Papi. Entrei às pressas no hospital e me plantei na escotilha da porta da sala de cirurgia.
Ele vinha, indiozinho cósmico preservado em pleno corpo físico, cavalgando no braço do médico Napoleão Veras, naquele instante um adequado poeta a me perguntar se eu era o pai do tourinho. A mãe, desmaiada, só disse: ele é lindo.
Cresceu belo, forte, disparado nas traquinagens de enlouquecer babás, avós e irmãos. Quem cunhou a expressão “macaco em loja de louça” precisava ter sido contemporâneo da infância dele para vê-lo sem freio no shopping center.
Quando começou a adolescer, se viu com inclinações musicais e descobriu os Beatles e outros clássicos do tempo dos pais. Nasceu na data da partida de Lennon e poucos meses depois do encantamento do maluco beleza Raulzito.
Aprendeu violão antes dos doze anos, desmoralizando o pai inútil com instrumentos, e antes dos quinze ganhou duas guitarras, uma da mãe e outra minha. E então montou uma banda de boys tocando rock como gente grande.
Tornou-se homem de talento múltiplo, sem os limites do pai, dominando bem a escrita, a música, a pintura e o intelecto. Tudo isso junto com o bom caráter e o layout masculino aprovado por dez entre dez olhares e paladares femininos.
Sou um incurável corujão com ele e os irmãos, e ao mesmo tempo honesto com meu leitor nos derrames de afeto por cada um deles. E faço isso a cada data de seus aniversários, porque não consigo sentir que o tempo passou.
Memorizei 31 anos atrás a oração tupi para o deus que lhe deu nome, um anjo cupido equivalente ao Eros dos gregos. É feita ao crepúsculo e o rezador deve permanecer com um braço apontado para o Sol que deve estar atrás de si.
“Rudá, Rudá, tu que amas o vento e mandas na chuva, faz com que minha amada veja todos os outros feios, faz com que ela lembre de mim amanhã quando o Sol for embora no poente”. O texto tem variações em alguns livros.
O tempo passou rápido, mas cada vez que beijo e abraço meu filho homem, me revejo dando o primeiro banho quando chegou em casa, naquele inesquecível 8 de dezembro de 1989. É apenas o anjinho gordo do meu amor.
É golpe
A semana iniciou ontem com um desfecho no gravíssimo caso de engabelação de 22 emendas parlamentares por parte do governo do estado, e que provocou um mandado de segurança do deputado José Dias, e acatado pela Justiça.
Ilegal
O parlamentar comemorou em nota oficial a decisão do desembargador Saraiva Sobrinho que considerou a ilegalidade do governo Fátima. “Quem ganha é a população, que não pode ser desassistida por questões ideológicas”.
Absurdo
Que vexame para a mais alta corte do país com cinco ministros votando contra a própria Constituição Federal que têm a obrigação de defender. Impedir a reeleição da reeleição nas presidências do Congresso foi uma vitória pírrica.
Coronavírus
Não foi bem assim, como dizem alguns. O prefeito Álvaro Dias não apenas apresentou seu plano e todos acataram. A mesma pressão que o MP faz nas demais cidades por maiores restrições, fez também na reunião da sexta-feira.
Aeroporto
Continua se arrastando a questão dos proprietários de 70% do terreno do aeroporto Aluízio Alves, que ainda não receberam a grana da venda. E pra piorar, a União agora está tirando o braço da seringa, deixando pro estado.
Extorsão
Com a decisão do governo socialista da Argentina em taxar fortunas, os poucos mais de 12 mil ricos que existem no país vizinho começam a transferir seus negócios para o Uruguai, o Chile e o Brasil, assim mesmo nesta ordem.
Gonzagão 
Os 108 anos de nascimento de Luiz Gonzaga, no próximo dia 13, serão comemorados pela Fundação Joaquim Nabuco com um show de Alcimar Monteiro e um bate-papo com o pesquisador e escritor Renato Phaelante. 
Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.

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