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Um assalto ocorre a cada 30 minutos na Grande Natal

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Luiz Henrique Gomes
Repórter

Um assalto ou furto acontece na região metropolitana de Natal a cada 30 minutos. Entre janeiro e setembro deste ano foram 14,3 mil crimes desse tipo registrados nas delegacias da área, segundo as estatísticas da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesed).  Os números consideram roubos e furtos contra pessoas, bancos, carros-fortes, comércio e veículos. A maior parte são ações rápidas, realizadas em menos de um minuto, e podem acontecer a qualquer hora do dia, em qualquer lugar da cidade.

A maior parte dos registros em Boletim de Ocorrência são ações rápidas, realizadas em menos de um minuto, e podem acontecer a qualquer hora do dia


A maior parte dos registros em Boletim de Ocorrência são ações
rápidas, realizadas em menos de um minuto, e podem acontecer a qualquer
hora do dia

#SAIBAMAIS#Comparado com o ano passado, as estatísticas desses crimes diminuíram 21,2% (18,1 mil entre janeiro e setembro de 2018 e  14,3 mil no mesmo período de 2019). É o segundo ano seguido com diminuição. Entre 2017 e 2018, a queda foi nacional, como destaca o Anuário Brasileiro de Segurança Pública deste ano – somente cinco estados registraram aumento.

Paulo* é uma das vítimas desse tipo de crime. Na última quarta-feira, por volta das 23h30, quando realizava entregas no bairro do Planalto, um homem pulou diante da sua moto e anunciou o assalto. Até esse momento, a noite era como outra qualquer na rotina dele. “É um lugar que eu passo todos os dias faz mais de um ano porque sempre realizo entregas na região e nunca tinha tido problema”, conta.

Como estava de moto, Paulo não conseguiu desviar e colidiu com o assaltante. Os dois caíram no chão e começaram a lutar. O criminoso conseguiu tomar o celular e a carteira, e logo depois tentou levar a moto – o que não ocorreu devido a uma trava de segurança. “Nesse momento, ele começou a me chutar e eu achei que ele ia puxar alguma coisa para acabar com a minha vida, mas saiu correndo para umas ruas próximas”, relembra a vítima.

 No mesmo dia, a Polícia Militar foi acionada e um homem foi identificado como suspeito, mas não estava com os pertences de Paulo. Depois disso, ele não espera recuperar ou que o verdadeiro responsável seja encontrado e preso. “É muito difícil, né? Eu vou voltar ao trabalho porque é uma necessidade, mas mudar de rota e de horário, com certeza”, diz.

A descrença de Paulo tem fundamento. Faltam estatísticas relacionadas ao Rio Grande do Norte, mas se estima que apenas 4% dos crimes de roubos e furtos no Brasil são solucionados – esse percentual é dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Uma das consequências dessa baixa elucidação é o aumento de casos que não são registrados.

O especialista em segurança Guaracy Mingardi, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), defende em um artigo do Anuário de Segurança Pública que a redução da criminalidade se relaciona com mais de uma causa e possibilidade, difíceis de estimar. Olhando para a redução em 2018, a teoria mais forte para o analista é de que a política de segurança “se agudiza nos anos eleitorais”.

Mingardi descarta que a redução tenha sido influenciada por fatores socioeconômicos, investimentos e por facções criminosas. O especialista argumenta que o Brasil não teve melhorias sociais de um ano para o outro, diminuiu o investimento na área e Estados sem disputas entre facções entre 2017 – apontadas como principal fator para os altos índices de criminalidade daquele ano – também reduziram o índice em 2018.

No panorama geral, entretanto, os crimes contra patrimônio aumentaram na última década. Ainda segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, esse tipo de crime teve um crescimento de 66% no Brasil, entre 2010 e 2016. As causas, aponta um relatório do Programa de Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é o crescimento urbano rápido e desordenado.

Para o PNUD, as grandes cidades – o que inclui as capitais – não foram eficientes em absorver os aumentos populacionais. “O problema não é o tamanho da cidade, mas a capacidade institucional para incluir grupos que estão em condições marginalizadas”, destaca.

Segundo o especialista César Barreira, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), a busca por soluções passa por uma ação nacional. “Um projeto voltado para intervir no controle dessas questões envolve pacto federativo entre União, estados e municípios, visando uma política nacional de segurança pública, definindo deveres e direitos, limites e possibilidades”, defende em um artigo escrito para o jornal O Globo.

*Os nomes utilizados nessa reportagem são fictícios para preservar a identidade das vítimas

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