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Um bairro e suas histórias

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A Cidade da Esperança não é mais a mesma. As primeiras casas construídas no bairro hoje apresentam silhuetas mais modernas e convivem com os pontos comerciais que transformaram a cara da vizinhança. Lojas de roupa, drogarias, supermercados, escolas, trânsito complicado. As novas características lembram outros bairros densamente mais povoados, como o Alecrim, mas estamos falando do primeiro conjunto residencial da capital, que começou sua trajetória quando da construção de modestas 570 casas, no distante novembro de 1964.

Hoje o bairro abriga mais de 20 mil habitantes e já passou por diversas fases, indo de região marginalizada, passando por centro cultural e chegando ao que é atualmente, um lugar onde se encontra de tudo, da Rodoviária da cidade ao Detran, do principal posto de saúde da zona oeste à estação ferroviária.

No fim dos anos 50 e início dos 60, Natal era considerada uma cidade de pouso para muitos imigrantes que vinham do interior do Estado. A pressão demográfica aumentava ano após ano, o que gerava numerosas invasões de terrenos públicos e privados, segundo pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb). Nesse contexto, surgiu o bairro.

Para que ele saísse do papel, no entanto, foi necessária uma doação de 400 milhões de cruzeiros, feita ao Governo Estadual – na época administrado por Aluízio Alves – pelo programa Aliança para o Progresso. O projeto pertencia aos Estados Unidos e tinha o objetivo de promover o desenvolvimento econômico mediante a colaboração financeira e técnica em toda a América Latina e, ao mesmo tempo, conter o avanço comunista.

Dona Maria do Socorro, 64 anos, desconhece essa história. Para ela, o bairro, quando surgiu, era a oportunidade perfeita de se adquirir a casa própria. Não havia o que temer, nem mesmo os comunistas. Segundo a auxiliar de serviços gerais, pairava no ar uma expectativa por um novo modo de vida, mais tranquilo e simples. 39 anos depois, Dona Equinha, como é conhecida, está instalada na mesma casa, hoje muito mais ampla, onde cresceram as 3 filhas e onde hoje crescem as 3 netas. Na casa das 7 mulheres, situada em um rua tranquila, a ordem é trabalho e zelo pelas tarefas domésticas. “O bom é que encontro tudo muito fácil. O supermercado, a igreja e até a escola onde eu estudo, à noite”, conta Equinha, que há dois anos retomou os estudos em uma escola estadual próximo a sua casa.

Para suprir as necessidades do seu lar, todos os dias ela visita a Padaria Bom Jesus, um dos mais antigos comércios do bairro. À frente da pequena empresa, Dona Fátima da Silva, 55 anos. Ela conta que começou o negócio de uma maneira modesta, com a ajuda da família, contando com o movimento gerado por clientes que moravam próximo ao estabelecimento. Há alguns anos a padaria foi ampliada e o número de fregueses só fez aumentar, apesar dos altos e baixos da economia. “O bairro me deu tudo o que eu tenho hoje, por isso não tenho qualquer intenção de me mudar daqui”, conta Fátima, que financiou os estudos das duas filhas com a renda do seu comércio.

Segundo levantamento da Semurb, hoje o bairro conta com a sede de grandes empresas e instituições, como a Petrobras, o batalhão de Polícia de Trânsito, a sede da Polícia Federal e a ALE Combustíveis. A Cidade da Esperança possui uma área de 182,90 hectares, mais de 5 mil domicílios particulares permanentes e uma população de  aproximadamente 22 mil habitantes. A projeção inicial – segundo o governo em 1965 – era de 3.500 moradores.

Ainda assim, apesar do crescimento, o administrador de empresas Jean Carlos Medeiros, de 25 anos, afirma que gosta do bairro justamente por causa da tranquilidade. “Nos fins de semana, geralmente fico conversando com os meus amigos na calçada, até 2h da manhã. O bairro ainda é seguro”, conta. Outro fator que tem trazidos mudanças significativas para a o bairro é a verticalização, ainda que de forma tímida. Até 2014, pelo menos três grandes empreendimentos devem ficar prontos. “A construção de apartamentos já mostra uma valorização socioeconômica, talvez ainda não percebida pelos moradores”, comenta Jean.

 Para ele, os novos empreendimentos podem trazer uma mescla de classes sociais ao bairro, o que pode gerar a oferta de novos produtos e serviços. “Mexe com a nossa economia, também”, complementa. Assim segue a Cidade da Esperança, um misto de avanço e tradição, um bairro tocado com o empenho de gente simples e que tem no trabalho a sua fonte de renda e transformação de vida. O sentimento dos primeiros habitantes e dos novos moradores é o mesmo: Cidade da Esperança tem força para acolher a todos, basta saber se misturar.

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