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Um bebum no rastro do jornalista

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ZUENIR VENTURA - Comparando o jornalismo de ontem e hoje

O escritor e jornalista Zuenir Ventura esteve em Natal há duas semanas para falar sobre a relação da literatura com o jornalismo político, mas voltou para o Rio de Janeiro contando a história de um bêbado inconveniente doido para ganhar um prêmio sabe-se lá por qual motivo e que quase estragou a palestra de Antônio Cícero e Nelson Mota no segundo dia do evento. O causo se tornou público pouco tempo depois do ENE em artigo assinado pelo próprio Zuenir no site www.nominimo.com.br.

A história narrada pelo escritor e o bate-papo no ENE ao lado do jornalista Vilas Bôas-Corrêa ocorreu depois que o VIVER conversou com ele, no hall de entrada da tenda montada no largo da rua Chile. O curioso é que a entrevista também não passou despercebida de um outro bebum que circulava por ali e atravessou a curta conversa. Por alguns minutos, os dois travaram um diálogo de admiração. O bêbado era mais fã do escritor que qualquer outro tiete do evento. Sabia da vida e dos livros lançados pelo jornalista. “Mas como é que o senhor consegue ser essa pessoa tão importante para o jornalismo mundial?”, perguntou meio que atropelando as letras.

Zuenir disfarçou, tentou explicar meio sem graça e agradeceu as palavras para a completa satisfação do ressacado fã, que foi embora com um sorriso indiscreto na boca. Se não rendeu uma canção semelhante a de João Bosco e Aldir Blanc, o encontro entre o “O Bêbado e o Jornalista” pelo menos funcionou como mote da entrevista que você ler abaixo:

Tribuna do Norte: Esse tipo de elogio é comum?     

Zuenir Ventura: (risos) É muito bom esse carinho, esse contato que a gente tem com o público, até porque é para os leitores que a gente escreve. Fico muito feliz quando isso acontece.

Nos dias de hoje, com o jornalismo político restrito às declarações de políticos, dá para enxergar algum tipo de literatura nisso?

ZV: Acho que existem hoje alguns livros da área política que se aproximam desse jornalismo literário, acho que as duas coisas podem caminhar juntas sem problema…

Mas digo em relação ao jornalismo diário, principalmente o impresso…

ZV: Aí não, é impossível. Não há tempo para isso. O jornalismo cotidiano atual é muito corrido, o repórter não tem tempo nem de apurar uma matéria direito. Tem casos em que um repórter vem me entrevistar sobre um livro que estou lançando, mas ele não teve tempo ler e o que é pior: às vezes sou a terceira pauta que ele está cumprindo.

E o que mudou do tempo em que você era repórter para hoje?

ZV: O volume de informações é muito maior e a concorrência entre as mídias também cresceu. Hoje você tem a internet em tempo real, antes a gente tinha muito mais tempo para apurar uma reportagem. Para fazer aquela reportagem sobre Chico Mendes, que depois virou livro, pude ficar dois meses na Amazônia.

Mas você analisa o jornalismo praticado hoje de forma negativa?

 ZV: Não. Existem muito bons profissionais hoje, fazendo coisas boas. O que existe é essa coisa do acúmulo de informações, de falta de tempo. É mais difícil trabalhar com jornalismo hoje.

No futebol, há quem defenda que se a geração de 70 jogasse hoje daria show do mesmo jeito. Você acha que se a sua geração trabalhasse nas redações atuais seria reconhecida da mesma forma como é?

ZV: Sabe que eu nunca tinha pensado nisso, dessa forma, mas acho que eu não conseguiria trabalhar numa redação hoje. O ritmo é outro, a cobrança é outra. A gente tinha condição de fazer uma coisa com mais qualidade.

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