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Um Conto de Encontro XXIX

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Alex Medeiros 
Todas as tardes eu a via atravessando o largo, às vezes percebia sua estampa delgada por detrás da fumaça do meu charuto, que eu carburava do outro lado da rua, encastelado na branca varanda que me servia de casamata enquanto o coração enfrentava uma batalha lancinante de um desejo meio que proibido meio que perigoso. Até que numa noite, enquanto ensaiava atravessar a cidade para encarar o motivo dos anseios, ela deu boa noite e sentou do lado.
Em princípio, faríamos companhia um ao outro na saideira, posto que ela iria mergulhar no sono e eu iria se jogar no seja-o-que-deus-quiser diante daquela que há meses vinha revirando minhas vísceras, entrelaçando minhas veias e acelerando meu coração. Iniciamos a última gela nos apresentando, pondo na mesa relatos pessoais, rabiscando para o outro posturas e visões de mundo. Pouca coisa bateu, mas eu nunca tomei tantas saideiras numa mesma noite.
A madrugada avançava quando fui deixá-la em casa, e pressenti seu susto quando abri a mala do carro avisando que tinha um presente. Ela indagou se era algo ilegal, eu sorri e lhe dei uma camisa negra com uma sereia em verde.
Acordei pela manhã enviando um bom dia no whatsapp, ela respondeu perguntando se iríamos voltar a nos ver, respondi que isso era minha intenção naquele dia mesmo e então passamos a noite e madrugada numa reprise.
Percorremos a orla até o alto da ponte da Redinha, e estacionados no ponto mais alto ficamos contando estrelas através do teto solar que ali era teto luar. No escuro da face do abismo se movia o espírito da paixão na face do Potengi.
E foi o primeiro beijo, o segundo, muitos como as estrelas piscando para nós. Os encontros viraram namoro, a mesa da primeira noite virou como um altar no ritual etílico de tantas outras noites, e outros bares foram se incorporando aos nossos rolés enamorados, com a diferença etária gerando grude adolescente.
As madrugadas ficaram curtas, os bares fechados empurravam nosso fogo para os únicos pontos disponíveis enquanto não chegava o tempo certo de irmos para casa. E quando o Sol despertava, um mergulhava dentro do outro.
Próximo do carnaval, formamos uma grande roda de amigos para o aniversário dela, que foi um teste para medir meus batimentos cardíacos diante daquela folia proibida do dia do nosso encontro. Percebi que com ela, estava curado.
Nos passeios com ela, perdi também o medo da chuva, da beira-mar e da multidão, encarando o tsunami de foliões no barulho dos frevos e marchas. Quaisquer motivos me levavam a improvisar um mimo, um presente pra ela.
Difícil seria editar um álbum das nossas noites e tardes boêmias, ela fazia selfies em séries e eu jamais me vi tantas vezes em fotos. E sorrindo, o que é raridade. E eu produzi um sem número de versos, para ela e por causa dela.
Tudo compunha minha temperatura naqueles dias, o mercúrio nas linhas de Mário Ivo: “Era o fim de um amor e o começo de outros, embora naquele instante não houvesse nenhum, a não ser a vontade de se apaixonar de novo”.
No livro lançado no dia dos amantes, o registro e o histórico do curto e intenso encontro: “Quando nos envolvem / há pessoas que nos roubam / e há as que nos devolvem”, e “Nós por testemunhas / deixo meu amor / em tuas unhas”.
Depois os bodes naturais impuseram uma distância, e que ao final preservaram incólume o carinho mútuo. Mas foi tudo bonito, e como foi. Havia um bar, uma mesa, e a profecia poética: “estavas desprevenida e por acaso, eu também”.
Imunidade
Já passam de 60 mil as assinaturas de médicos e cientistas internacionais num documento que contesta a eficiência da quarentena e do lockdown no combate ao coronavírus. E reforçam o distanciamento somente dos grupos de risco.
Testes
Depois das complicações nos primeiros testes das vacinas do laboratório Johnson & Johnson’s e da Universidade de Oxford, agora foi uma empresa terapêutica dos EUA que também decidiu suspender os testes da sua vacina.
Pancada
Se já eram agressivas e debochadas as piadas nas redes sociais com o STF e com alguns ministros, principalmente agora Marco Aurélio, não foi nada humorística a fala de Caio Coppolla na CNN: “Narco Aurélio e Supremo Cartel”.
Ataque
Após o jornal O Globo publicar nas redes sociais a chamada “Em nove meses, Bolsonaro cometeu 299 ataques ao jornalismo, diz relatório”, o presidente da República foi ao Twitter e postou “Ataque nº 300: perderam a boquinha!”.
Livrarias
O “Projeto Retomada das Livrarias”, iniciado em junho para ajudar micro e pequenas livrarias do País afetadas pela quarentena, teve apoio de mais de 300 pessoas físicas e jurídicas e arrecadou mais de meio milhão de reais.
Chancela
A iniciativa de apoio às livrarias foi da Câmara Brasileira do Livro, da Associação Nacional das Livrarias e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. Assim como os cinemas, as pequenas livrarias tiveram muitos prejuízos.
Mulher-Maravilha
Calma no sentimento pacheco sobre uma aventura da DC com a heroína amazona na pele de uma índia brasileira. É só uma historieta de mundo paralelo, porque a real personagem segue forte e estreia filme em dezembro.
Sábado FC
Se liga na Europa hoje: Everton x Liverpool, Chelsea x Sounthampton, Manchester City x Arsenal, Newcastle x Manchester United, Real Madrid x Cádiz, Getafe x Barcelona, Inter x Milan, Napoli x Atalanta, Sporting x Porto. 
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