terça-feira, 16 de abril, 2024
25.1 C
Natal
terça-feira, 16 de abril, 2024

Um ficcionista em cada esquina

- Publicidade -

Maria Betânia Monteiro – Repórter

Os obreiros dos versos, da métrica e da rima não são os únicos no Estado a constituir suas obras a partir da palavra escrita. Contrariando a quadra popular, que diz: “Rio Grande do Norte/ Capital Natal/ Em cada esquina um poeta/ Em cada beco um jornal”, o escritor, membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras e desembargador aposentado, Manoel Onofre Junior lança uma nova edição do livro “Ficcionistas Potiguares”, “revista e muito ampliada, quase como um novo livro”, disse Manoel Onofre. A segunda edição de Ficcionistas Potiguares será lançada na próxima segunda-feira, das 18 às 21hs, na Sede social da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

Dos velhos ficcionistas, como Polycarpo Feitosa, Alex Nascimento e Carlos de Souza, livro de Manoel Onofre Jr. traça panorama crítico de obras potiguaresO livro inicialmente publicado em 1995, pelo Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN é um ensaio sobre o que se tem feito aqui na área de ficção literária. Desde os velhos ficcionistas, como Polycarpo Feitosa, Aurélio Pinheiro, Martins de Vasconcelos, Afonso Bezerra, José Gomes; até os contemporâneos como Eulício Farias de Lacerda, Francisco Sobreira, Jaime Hipólito Dantas, Luiz Rabelo, Umberto Peregrino, Alex Nascimento e tantos outros estão contemplados na obra. Onofre relaciona 38 autores, sendo Moacyr de Góes e Bartolomeu Correia de Melo dois estreantes nesta edição de Ficcionistas Potiguares.

A primeira edição do livro, apesar de ter o selo prestigioso do CCHLA, já não atendia a totalidade das obras escritas, nem todos os autores, já que o livro foi lançado em 1995. “Tratei de fazer na nova edição, a atualização das notas críticas e biográficas”, disse Onofre. Na edição atual houve um acréscimo de obras relacionadas. Nei Leandro de Castro foi um dos autores que ganhou novas páginas nesta segunda edição de Ficcionistas, já que foram adicionadas mais duas de suas obras.

Edição ampliada

A ampliação desta segunda edição do livro está relacionada ao aumento de obras publicadas no Brasil e conseqüentemente no Rio Grande do Norte. “Não sei o que contribuiu para o aumento dos escritores, se foi o computador, mas acho isso positivo, sempre a quantidade acaba resultando em qualidade”, disse ele.

Segundo o autor, de 1995 para cá houve um desenvolvimento grande na ficção no RN. “Desde o fim do século passado cada vez mais surgem ficcionistas, principalmente contistas e romancistas. Os que já tinham tido experiência no gênero estão ampliando suas atividades”, disse.

E se aumenta o número de livros publicados é porque o número de leitores acompanha este crescimento na oferta de novos volumes. Em pesquisa encomendada pela CBL e pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros; a Fipe verificou o aumento no índice de leitura no Brasil de 150% nos últimos dez anos, passando de 1,8 livro por ano em média, para 4,7. A pesquisa foi divulgada no início desta semana.

Apesar do resultado, Manoel Onofre lamenta o fato de os leitores do estado ainda terem certa prevenção com relação aos autores da terra. “Escrevi este livro, tentando provar que nós temos realmente bons ficcionistas”, pontuou Manoel lembrando  que é preciso separar o joio do trigo. “Aqui tem muita mediocridade também. Tem muita coisa que merece um lixo. Não há nada pior que um poema mal escrito”.

Inicialmente o livro foi elaborado, colocando os autores em ordem alfabética. “Não queria que fizessem com a minha obra, o mesmo que fizeram com a de Cascudo”, disse Manoel, que na segunda edição preferiu organizar os autores em ordem cronológica, de acordo com suas primeiras publicações e a interferência no cenário literário local. “Para não ficar parecido com um dicionário”.

De cada autor, ele elaborou uma pequena biografia e uma apreciação de suas obras literárias. Para ilustrar, ainda foram transcritos trechos das obras citadas, com o objetivo de ressaltar algumas das características mais significativas. Por este trabalho minucioso de levantar as obras ficcionais dos autores potiguares e ainda posicionar-se criticamente em relação a elas, é que o livro de Manoel Onofre se caracteriza como um ensaio literário e não como uma antologia.

Além disso, só o fato de o autor ter estabelecido um critério particular na escolha dos autores, já é o suficiente para que “Ficcionistas Potiguares” não seja uma apresentação topicalizada de tudo o que foi escrito neste gênero. “Apesar da transcrição de alguns textos, não se trata de uma antologia. Aqui eu assumo uma postura crítica”, esclarece.

Já que os ficcionistas vêm aumentando , Manoel Onofre anuncia que haverá uma futura edição, prevista para 2011, onde deverão ser comentadas a vida e a obra dos autores Afrânio Pires Lemos, Caio Flávio Fernandes, Carlos Newton Júnior, Clotilde Tavares, Dorian Gray, Emanoel Barreto, Nelson Patriota, Carlos Fialho, Pablo Capistrano, Patrício Júnior, Thiago de Góis.

Serviço

Lançamento do livro Ficcionistas Potiguares. Dia 16, na Sede da ANL – rua Mipibu, 443, das 18 às 21hs. Preço: R$ 30,00.

Nísia Floresta também é destaque na ANL

Considerada uma pioneira do feminismo no Brasil, Nísia Floresta foi provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços públicos e privados. Ela escreveu textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Nísia também dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos. Em comemoração ao bicentenário de Nísia Floresta e às mulheres potiguares, a Academia Norte-rio-grandense de Letras está promovendo palestra, debate e lançamento de livro na segunda-feira, às 20h30, no Salão Nobre da Academia. “Nísia Floresta faz parte da pré-história do feminismo mundial. Este evento é muito importante”, disse Diógenes da Cunha Lima.

O evento em comemoração à Nísia Floresta, que é a patronesse da Academia Norte-rio-grandense de Letras começa com a palestra da Professora-Doutora da Universidade Federal de Minas Gerais, Constância Lima Duarte. Com doutorado em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo, a professora Constância aborda principalmente a literatura de autoria feminina, a crítica literária feminista, a literatura do Rio Grande do Norte e de Minas Gerais. Delas são as obras “Nísia Floresta – Vida e Obra” (1995) e “Literatura Feminina do Rio Grande do Norte: de Nísia Floresta a Zila Mamede” (2001).

Em seguida acontece a apreciação literária do acadêmico Ernani Rosado e da escritora Diva Cunha. Em seguida será lançado o livro “Inéditos e Dispersos de Nísia Floresta”, editado pela UFRN e o Núcleo Câmara Cascudo. A organização da obra é de Constância de Lima Duarte.

Serviço

Construção da memória do
Bicentenário de Nísia Floresta
Data: Segunda-feira (16)
Hora: 20h30
Local: Salão Nobre da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras
Informações: 3221-1143

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas