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Um homem de ouro

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Diógenes da Cunha Lima  
Escritor, advogado e presidente da ANL
Oriano de Almeida (1921-2004) é música. Oriano significa ouro e Almeida, glorioso. Ele cumpriu o destino que lhe indicara o seu nome. Trouxe glória ao Brasil e legítimo orgulho aos potiguares e paraenses. Pianista por excelência, compositor e escritor. Um homem bonito, elegante nos gestos, na palavra, na música.
Em Varsóvia, representando o Brasil, ganhou o Prêmio de Interpretação de Chopin concorrendo com oitenta participantes de vinte e três países. Além da Polônia, deu concertos em Paris, Roma, capitais espanholas. Na Suíça, apresentou a obra completa de Chopin, repetindo o êxito que tivera na Rádio MEC. Apresentou-se em mais de vinte cidades norte-americanas. Foi aplaudido também na Argentina, Chile e Uruguai.
Todos os louvores e aclamações não lhe tiraram a simplicidade nata. Percorreu o Brasil inteiro para estimular a boa música e os jovens vocacionados. Convidado pelo prefeito de Natal, Silvio Pedrosa, com o piano em cima do caminhão da Prefeitura, tocou para o povo música erudita e popular na periferia da cidade.
Oriano privilegiava os amigos, fazendo-os participarem de sua obra. Assim, fez parceria com Veríssimo de Melo. Pediu-me para colocar letras em velhas composições. Escrevi “Tempos Idos” e “Lilian”. Contou-me que estava respondendo ao programa de TV “O Céu é o Limite”, em São Paulo, na ocasião do nascimento de sua filha no Rio de Janeiro. Terminada a apresentação, compôs “Lilian”, e vinte anos depois, adotou e publicou com a letra que eu fizera. 
Na inauguração da Casa Grande do Engenho o Guaporé, restaurada, em Ceará-Mirim, impressionou-me o discurso de Nilo Pereira e dediquei-lhe um longo poema. Oriano emocionou-se e transformou-o em suíte musical, que foi publicado em CD´s por duas vezes pela Fundação Joaquim Nabuco. Compôs ainda valsas em homenagem às minhas filhas Leila e Cristine, as quais, Nilda Cunha Lima gravou-as para mim. A Escola de Música da UFRN editou trinta e um long-plays no Projeto Memória, dentre os quais três com a sua música interpretada por artistas potiguares.
Oriano nasceu em Belém do Pará. Filho e neto de artistas, começou a tocar piano aos cinco anos. Aos oito, a família mudou-se para Natal. Aqui, ele começou os estudos sérios com seu tio, o maestro Valdemar de Almeida. Aos doze anos, foi diplomado pela Associação de Música do Rio Grande do Norte, tendo Câmara Cascudo como professor de História da Música.
Por dez anos, participou como “imortal” da Academia Norte- rio-grandense de Letras. Teve convívio cordial e produtivo, ocupou a Cadeira número 13, sucedendo Câmara Cascudo. Também foi um escritor primoroso, como atestam os seus livros: “Um Pianista Fala de Música”; “Nos Tempos de Debussy”; “Madalena, Dona Madalena”; entre outros.
Muitas definições fazem justiça a Oriano na sua fortuna crítica. O professor Germano Machado distingue-o como artista, um homem de personalidade, um brasileiro de zênite. Para mim, ninguém o qualificou melhor, mais completamente, do que sua aluna a pianista Luiza Maria Dantas Cavalcanti, que afirmou ser Oriano música, arte que é vida, amor.
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