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Um musical meio bossa nova e rock and roll

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Ramon Ribeiro
Repórter

A trajetória cheia de poesia, bossa nova e rock ‘n roll do cantor e compositor Cazuza é uma das mais marcantes  da música brasileira. Já ganhou as telonas, e agora também os palcos  no espetáculo “Cazuza: Pro dia nascer feliz, o musical”, que será apresentado de sexta a domingo no Teatro Riachuelo. Sob a direção de João Fonseca, a peça é estrelada pelo ator e músico Emílio Dantas, e já foi vista por mais de 200 mil espectadores ao redor do Brasil. O formato será plateia.
Espetáculo teatral escrito por Aluísio de Abreu narra a trajetória do cantor e compositor Cazuza, costurado por muitas canções e histórias
O espetáculo tem duração de duas horas e meia, reunindo alguns dos maiores clássicos de Cazuza, em carreira solo ou no Barão Vermelho. Os fãs terão direito a todos os hits como “Pro dia nascer feliz”, “Codinome Beija-Flor”, “Bete Balanço”, “Ideologia”, “O tempo não para”, “Exagerado”, “Brasil”, “Preciso dizer que te amo” e “Faz parte do meu show”. Há também composições que ele nunca chegou a gravar, como “Malandragem”, “Poema” e “Mais feliz”.

Momentos
Com texto é de Aloísio de Abreu, o musical aborda vários momentos da vida de Cazuza, como a descoberta do teatro, o gosto pelo rock, o momento em que resolve cantar, montar uma banda, se profissionalizar, o estouro, as brigas, a mudança no estilo de sua obra, o estrelato solo, a descoberta da doença, a urgência poética no fim das forças.

Entre as personagens estão Lucinha e João Araújo, Ney Matogrosso, Bebel Gilberto, Frejat, Caetano Veloso entre outros que marcaram sua vida.

No espetáculo, a história é conduzida pela mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, interpretada pela atriz Stella Rodrigues, que também já deu voz e corpo a Emilinha Borba no espetáculo “Emilinha e Marlene — As Rainhas do Rádio”.

O encontro de Lucinha com a personagem de Stella não aconteceu antes do espetáculo, entrei no meio do processo. Tive que correr atrás de informações sobre ela. Ela é uma pessoa maravilhosa e foi muito importante pra mim conhecer a história dela. A caminho de Natal, ainda no aeroporto, a atriz conversou por telefone com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE.

Você interpreta a mãe do Cazuza, Lucinha Araújo. Como foi a preparação para a personagem?
Eu entrei no meio do processo. Tive que correr atrás de informações sobre ela. E estudei bastante para isso. Eu vi entrevistas que ela deu, o filme do Cazuza, claro, li o livro que ela escreveu. Ela é uma pessoa maravilhosa e foi muito importante pra mim conhecer a história dela.
No espetáculo, a história é conduzida pela mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, interpretada pela atriz Stella Rodrigues
Qual contato você teve  com Lucinha no processo de montagem?
Só cheguei a ter contato com ela depois de montado o espetáculo. Ela foi assistir a apresentação. É uma criatura impressionante, uma fortaleza, de uma dignidade incrível. Perguntei a ela se tinha alguma coisa na minha interpretação que não estava correto ou a incomodou. Ela falou para eu não me preocupar porque a personagem era minha.

Quais foram os maiores desafios para dar vida a esse papel?
Eu tenho muita similaridade com a personagem. Tenho dois filhos homens, um de 26 anos. O Cazuza faleceu com 32. Então eu consegui imaginar a perda de um filho, o único filho, que ao mesmo tempo foi um grande artista. É uma dor grande, uma dor de mãe. E ela transformou essa dor em força para criar um trabalho muito bacana, que é a Fundação Viva Cazuza.

Na tua opinião, era difícil ser mãe do Cazuza?

O Cazuza era muito cativante, mas tinha seus momentos que tornavam a convivência difícil. Eu acho que os dois eram bastante parecidos, tinham o temperamento muito forte. Eles se bicavam muito, mas tinham um amor gigante um pelo outro. Uma paixão violenta, com direito a chuvas e trovoadas.

O que te chama mais atenção na figura do Cazuza?
É um cantor, um poeta, que em oito anos de carreira fez história no país. Ele foi um vento rápido que passou na vida da mãe, e na vida da gente. E hoje, mesmo depois de tantos anos, você liga o rádio durante o dia e com certeza vai ouvir alguma canção sua a qualquer momento, como se ele ainda estivesse aqui. E sabe por que? Porque suas composições estão absolutamente vivas. O que me marca nele é a trajetória. E no espetáculo isso está bem claro. A formação dele é rock’n roll, é Janis Joplin, mas ele gostava de MPB, gostava de Cartola. Depois da ruptura com o Barão Vermelho ele buscou outros caminhos mais pessoais. A transgressão dele é algo fascinante.

Que músicas dele você mais gosta?

“Poema”, “Codinome Beija-flor” e “Brasil”. Cazuza é muito atual. “Minha piscina está cheia de ratos. Suas ideias não correspondem aos fatos”. É isso que a gente vê hoje no Rio de Janeiro e no Brasil. E o que ele diz disso? “Brasil mostra a tua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim”. São letras completamente atuais. Poderiam ter sido feitas ontem.

Como você indicaria o espetáculo?
É um musical muito bonito e emocionante. Somos todos atores-cantores-bailarinos, uma turma que se preparou bastante para contar essa história, que é muito rica musicalmente e humana demais. Aborda o drama familiar entre o Cazuza, a Lucinha e o João Araújo, seu pai. Eles tinham uma ligação muito forte. Apesar da maluquice do filho. E além do entretenimento, tem também a história do Cazuza com a Aids. Então é muito legal para os jovens verem o espetáculo, a Aids é uma doença que ainda está aí. O Cazuza a pegou justamente porque se deixou levar por toda loucura daquele tempo, pelas drogas, pela promiscuidade. O musical ganha também essa importância por informar sobre esse tema.

Serviço:
Cazuza: Pro dia nascer feliz, o musical.
Teatro Riachuelo, sexta e sábado às 21h, e domingo às 20h.
Entrada: R$50 (frisas), R$100 (balcão/camarotes), R$150 (plateia).

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