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Um porto cultural

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Yuno SilvaEnviado a Recife

Catalisador de novas propostas para os setores de música, tecnologia e comunicação, o Porto Musical se configura em um ambiente fértil para debates e intercâmbio internacional entre artistas, produtores e jornalistas. Em cartaz desde segunda-feira, dia 20, o evento movimenta o bairro do Recife — área portuária da capital pernambucana, até hoje. Na programação: palestras sobre mercado e tendências mundiais, muitos contatos e shows.

Essa é segunda edição do Porto Musical, feira internacional de música e tecnologia vinculada a Womex — uma das maiores convenções do segmento na Europa —, que assina a realização ao lado ao lado da Astronave Iniciativas Culturais e do Porto Digital (maior incubadora tecnológica do Nordeste). A promoção é do Governo de Pernambuco, com patrocínio da Petrobrás, Chesf e Funcultura.

O encontro chamou atenção do ministro da Cultura, Gilberto Gil, que aproveitou a oportunidade para lançar oficialmente o programa Copa da Cultura. A intenção do Programa é promover um ‘repeteco’ do “Ano do Brasil na França”, só que dessa vez os artistas brasileiros irão à Alemanha durante a Copa do Mundo do Futebol – de 25 de maio a 9 de julho. Em 2007, o caminho será inverso: os alemães é que virão ao Brasil mostrar o que o país do chucrute também tem.

A conversa com os participantes do Porto Musical aconteceu no fim da tarde desta segunda-feira, no Teatro Apolo, onde todos aguardavam ansiosamente a presença do ministro-cantor. Um grupo organizado ainda ensaio uma espécie de ato público para questionar o padrão (ainda não definido) das TVs digitais, mas a opção foi fazer uma pressão pacífica e discreta.

Com seu jeito calmo e informal, Gil não dançou nem cantou, limitou-se a responder às perguntas do público sem nenhuma declaração que pudesse gerar polêmica. Na saída, o ministro Gilberto Gil ainda concedeu uma rápida entrevista coletiva à imprensa.

Copa da cultura

“A Copa da Cultura é outra ótima oportunidade para continuarmos mostrando nossa arte ao resto do mundo. O resultado do ‘Ano do Brasil na França’ foi extremamente bem sucedido, por isso temos que prosseguir com essas ações articuladas de exportação de produtos culturais. Queremos levar não só a música, mas todas as manifestações de vanguarda. A comissão encarregada de montar a programação irá buscar gente no teatro, dança, artes plásticas, literatura, cinema, etc etc, esse é o perfil da parceria que estamos construindo com a Popkomm (maior feira de música independente da Europa) e com a Casa das Culturas do Mundo, na Alemanha. Queremos cobrir os aspectos mais amplos da diversidade cultural brasileira. (O edital para artistas interessados em participar do programa já está no www.copadacultura.gov.br).”

Regionalização

“Quando me perguntaram porque estava vindo a Recife lançar o projeto, disse que o Estado é um pólo produtor e irradiador, bem como um centro de absorção e convergência. Pernanbuco é uma base importante. O MinC está interessado nesse trabalho de regionalização. As pessoas têm que perceber que regionalização é nacionalização, é um paradoxo. A proposta é trazer a cultura para o plano da exposição, da evidência. Isso é nacionalização. Poderia ter feito o lançamento em Brasília mesmo, mas o Ministério tem que ter essa capacidade presencial. Temos que trazer e levar coisas daqui.”

Músicos

“A Ordem dos Músicos é uma instituição bastante questionada, e há muitos anos. Nasceu no período da Ditadura Militar, ‘disseram’ que determinados grupos queriam ter um papel regulador sobre a música brasileira. Os músicos passaram a ser obrigados a ter a carteira, era um requisito fundamental para se evitar problemas. A instituição está obsoleta, tem perfil burocrático clássico, não tem mais lugar para esse formato hoje em dia. A iniciativa dos músicos no sentido de ‘arquivar’ a instituição, ou mesmo transformá-la em uma coisa mais dinâmica, é totalmente válida. Não vejo um retorno à altura, nenhuma prestação significativa de serviço. Se a OMB gostaria de se classificar como uma entidade representativa, então que apresente um modelo adequado às exigências atuais, ou então não resta outra alternativa senão a Ordem se resignar com sua extinção.”

Jabá

“A questão do ‘jabá’ tem sido amplamente discutida em todo o Brasil, é uma abordagem difícil. Aquilo que se convencionou a chamar de ‘jabá’ tem uma conotação negativa. Antes, esses favores, serviços ou remuneração em troca de espaço no rádio ou na televisão era por baixo do pano, hoje vieram à tona com a nomenclatura ‘acordo comercial’. Se deram o direito da exploração comercial da concessão, então esse ‘acordo’ é legítimo. É uma maluquice, uma distorção, um privilégio em detrimento ao acesso democrático. Mas é um modelo de negócio, por isso precisa de regulação. O Governo já está trabalhando em uma nova lei para a Comunicação Social no Brasil. Temos que regular tudo isso: televisão, rádio… tudo para que os interesses públicos sejam preservados. Assim como os interesses dos artistas, dos ouvintes, dos telespectadores. Da forma que está, é como se comparássemos uma rádio a um banco, uma indústria ou prestadores de serviços que cobram, são as relações capitalistas. A única alternativa é regular.”

TV digitais

“Recebi um panfleto aqui de pessoas querendo a TV Digital, querendo uma discussão democrática sobre o assunto. Aí eu digo: e nós queremos a contribuição de vocês. Há várias formas de entrar nesse tema, os Ministérios estão abertos para receber sugestões — Casa Civil, da Educação, das Comunicações, da Cultura, da Ciência e Tecnologia, do Desenvolvimento e Comércio Exterior. Mandem suas sugestões, apontem alternativas, estabeleçam suas próprias paisagens a partir de seminários locais e nos encaminhem. O Governo criou um conjunto interministerial para discutir essa questão, tanto do ponto de vista tecnológico como a horizontalização do acesso, o modelo de negócio e a modelo do serviço.”

Câmara setoriais

“Não creio que as Câmaras Setoriais estejam enfraquecidas. Pelo contrário, acho que estão ganhando fôlego. Hoje são chamadas cada vez mais para participar dos encontros, os encontros estão mais freqüentes”.

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