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Uma assembleia alinhada com o Governo do Estado

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As primeiras legislaturas no Rio Grande do Norte guardam uma característica em comum, que é a divisão entre Conservadores e Liberais. O historiador Câmara Cascudo traça um retrato fiel do período. “Durante o Império o Governo jamais conseguiu as delícias de uma Assembleia unânime. No preamar liberal resistia a ilha dos conservadores, teimosa em opor-se à conformidade coletiva. Nas horas do domínio conservador a minoria liberal fazia quadrado sem render-se. Com a primeira Constituinte republicana o clima é o mesmo, embora todos tivessem vindo da mesma chapa e partido. O partido não tinha realmente nome, nem forma e reunia os adversários de Pedro Velho e de José Bernardo e os núcleos eleitorais provindos do Grupo da Botica (Conservadores), com José Gervásio, Antônio de Amorim Garcia, Amintas Barros, os liberais de Moreira Brandão e os amigos de Miguel Castro, também liberal e por cuja candidatura a deputado geral pelo segundo distrito, José Bernardo rompera com Amaro Bezerra na eleição furiosa de 31 de agosto de 1889, a última do regime monárquico”.

Depois de proclamada a República, o presidente da província Pedro Velho tinha apenas um grande adversário à sua altura, que era o doutor Amaro Cavalcanti. Para fugir desse domínio, Pedro Velho buscou apoio nos conservadores vencidos, nos liberais de Moreira Brandão e no “contingente eleitoral de maior vulto, situado no Seridó, sob a chefia de José Bernardo de Medeiros”.

O cenário da eleição de Deputados e Senadores para a Constituinte Federal e primeira legislatura nacional é descrito em pormenores por Cascudo. “Para senadores, José Bernardo, indiscutível senhor do eleitorado mais coeso; coronel José Pedro de Oliveira Galvão, amigo do marechal Deodoro, soldado forte e leal com influência partidária no Rio de Janeiro, cunhado de João Avelino Pereira de Vasconcelos. João Avelino, inteligente, enérgico, desinteressado, abolicionista e republicano histórico, fora o catequizador de Pedro Velho e quem fizera republicano e também o induzira a fundar o Partido Republicano a 27 de janeiro de 1889, emprestando-lhe a próprio Amaro Cavalcanti, jurista, já notável, já indispensável na política republicana que se formava, radicado ao Rio, orador, culto, decidido, tenaz. Deputados, Almino Álvares Afonso, o abolicionista típico, popular e querido onde estivesse, orador gênero declamatório, veementemente, arrebatado e generoso, tão querido que seria votado nas duas chapas, a de Pedro Velho e a segunda dos oposicionistas congregados; Pedro Velho, Miguel Joaquim de Almeida Castro que, ao lado de José Bernardo derrotara Amaro Bezerra no segundo distrito em agosto de 1889, e Antônio de Amorim Garcia, irmão de José Gervásio, cunhado de Amintas Barros, um dos meneurs do Grupo da Botica. A eleição de 15 de setembro de 1890 fê-los vitoriosos”. Cascudo gostava de usar termos franceses em seu estilo rebuscado, mas vamos ajudar aqui o leitor: Meneurs nada mais é que “Cabecilhas”, “Cabeças” do Grupo da Botica, que eram os conservadores da época.

Cascudo descreve também de forma admirável o período em que as forças estaduais se aglutinando em torno de suas lideranças. Impossível superar esse estilo narrativo: “Uma chapa para deputados à Constituinte Estadual, apresentada a 16 de fevereiro de 1891, juntava nomes simpáticos aos novos deputados e senadores. A 25 de fevereiro de 1891 houve, no Congresso Nacional, a eleição para Presidente da República. Pedro Velho e José Bernardo votaram em Prudente de Morais e todos os demais, o senador Oliveira Galvão e os deputados, em Deodoro da Fonseca. Ficara como Governador, nomeado pelo Governo Federal, o dr. Manuel do Nascimento Castro e Silva, pessoa amiga de Pedro Velho. Com o dissídio houve o rompimento de Pedro Velho e José Bernardo com Amintas, os Amorim Garcia, Miguel Castro, que passaram a ser prestigiados pelo marechal Deodoro. O ministro Henrique Pereira de Lucena, Barão de Lucena, último presidente do gabinete imperial da República, iniciou a reação imediata. Substituiu (28 de fevereiro de 1891, três dias depois da eleição de Deodoro) Nascimento Castro por Amintas Barros no governo do Rio Grande do Norte e não deixou oposicionista em canto sossegado. Para a eleição à Constituinte e primeira legislatura estadual a oposição (Pedro Velho) e Governo foram às urnas com chapas completas de vinte e quatro deputados. A 10 de março o Governo elegia todos os seus deputados. Pedro Velho não conseguiu um só.

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