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Uma base naval americana em Natal

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Gomes de Melo
Professor e Pesquisador

Antes da 2ª Guerra Mundial, na década de 1930, a cidade do Natal passou a ser visitada por hidroaviões, de várias nacionalidades; e, aqui, os   aviões montaram suas estações de passageiros, a saber: A “Pan American”, americana; depois sua subsidiária, ao mesmo tempo “Panair do Brasil; ” a alemã “Lufthansa, ” que deu origem à sua subsidiária brasileira. “Sindicato Condor”, a francesa” Aeropostale,” posteriormente, a “Air France”, e, todas ocupando no Rio Potengi, uma faixa que ia da Praia da Limpa, do (17º GAC;) até o Réfoles na Base Naval de Natal.

Uma rampa de concreto e madeira, onde os hidroaviões, depois de amerissarem no Rio Potengi, eram levados para terra, para desembarque de sua tripulação e passageiros, já construída no início de 1930. A rampa francesa é talvez dos anos de 1928 ou 29, a alemã é depois de 1930, nela eram feitos a manutenção e o conserto das máquinas e equipamentos. Vale salientar que a construção do prédio da “Rampa, ” era padronizada, obedecendo aos mesmos critérios das outras bases da “Pan American” em várias partes do mundo, na “arquitetura de arcos”. Na época da sua construção, informou Luizinho G.M. Bezerra, que trabalhou na obra, foi utilizado um contingente muito grande de operários brasileiros em interação com os visitantes.

A “Rampa” foi tombada em 1990, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Norte. Por intermédio da “Fundação Rampa, ” em 28 de janeiro de cada ano, comemora-se a “Conferência do Potengi”, o encontro entre os Presidentes do Brasil, Getúlio Dorneles Vargas e o Presidente americano, Franklin Delano Roosevelt. Nessa reunião foi selada a participação da Força Expedicionária Brasileira, na 2ª Guerra Mundial. Esse fato histórico é rememorado com um desfile, que sai da “Rampa”, e percorre várias ruas de Natal, utilizando-se um jipe da época, bem como os “covers” de Roosevelt, Getúlio, Alm. Ingram, e o motorista do jipe. Para dar mais ênfase a nossa história, a “Fundação Rampa”, também, todo ano participa do Desfile Cívico Militar do dia 7 de Setembro, data comemorativa da Independência do Brasil enaltecendo a nossa história para as gerações de brasileiros.

A “Base de Hidroaviões da Marinha Americana,” na “Rampa”, servia para abastecer os hidroaviões que faziam o patrulhamento da costa brasileira, com os seus bombardeiros em missão de localizar os submarinos do eixo, principalmente os alemães, os quais vinham colocando a pique os navios da Marinha Mercante brasileira, entres eles: “Baependi”, “Araraquara”, “Aníbal Benévolo” e ”Itagiba”, todos eles atacados no mês de agosto de 1942. A “Base de hidroaviões da Marinha Americana “ funcionou na Rampa até 1945.

Para não perder parte de nossa História, em 2001, foi iniciada a “Fundação Rampa”, uma entidade com o propósito de resguardar as edificações e o acervo deixados pelos americanos, na antiga base de hidroaviões, na década de 40. Como se sabe, lá também funcionou uma estação de passageiros da “Pan Am”. Esses prédios foram conhecidos como “Rampa”, era um cartão postal para quem visitava Natal, utilizando-se de hidroaviões, que amerissavam no Rio Potengi.

A “Rampa” inicialmente, funcionou num antigo prédio, onde foi montado um Museu da Aviação, com autorização da Força Aérea Brasileira. Contudo, já nos anos   de 2005, a responsabilidade da área passou para o controle da Marinha do Brasil. Nesse ínterim o museu foi desativado, o que proporcionou também a desativação da “Fundação Rampa”. Já no ano de 2008, a Fundação voltou a funcionar, com uma nova diretoria, organizando nova instituição cultural, voltada para pesquisa e difusão de um rico material, coletado com várias testemunhas orais da nossa História, como uma maneira de preservar um pouco do nosso passado.

O tempo passou e a nossa velha “Rampa” está caindo aos pedaços, sem que os nossos governantes deem a mínima atenção para aquele monumento, mesmo que para isso seja cobrado, pela direção da “Fundação Rampa”. Recentemente através de um novo projeto começaram à reconstrução daquela importante obra que abrigará, o “Museu da Rampa” e o Memorial do Aviador, uma obra com certeza que vai trazer para Natal uma divulgação muito grande, principalmente para os turistas que nos visitam, o que será também mais uma fonte de receita para as finanças de nosso Estado.

A atenção governamental é sempre esperada e isto se comprova com o fato ocorrido no dia 02/02/2017, que mereceu a visita do Ministro do Turismo, Max Beltrão, às obras da “Rampa”. Ele nos assegurou que todos os recursos estão disponíveis, e só aguardavam o término das obras, em dezembro, para vir fazer a inauguração do empreendimento. Assim esperamos!

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